Ideflor realiza traduções de narrativas indígenas Tembé
A gerência de Sociobiodiversidade do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) realizou, no período de 29 de março a 07 de abril, o trabalho de transcrição em língua indígena Tembé e tradução em língua portuguesa de narrativas que retratam a diversidade de espécies da fauna e flora da Terra Indígena Alto Rio Guamá, contadas por indígenas na língua materna (tupi).
As transcrições e traduções foram realizadas pelos indígenas Emídio Tembé, Célia Tembé e Manoel Moreira Tembé e pelo linguista Sérgio Meira, que está conduzindo, juntamente com a equipe da Gerência de Sociobiodiversidade, a metodologia para a tradução e transcrição das narrativas.
O material foi registrado por meio de instrumentos audiovisuais em 2014, por ocasião da execução das atividades de Etnozoneamento daquela Terra Indígena feitas por meio do programa Pará Rural, realizado pela então gestora da Unidade de Conservação, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), em parceria técnica com o Departamento de Linguística do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Técnicos da antiga Gerência de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da Semas e o linguista Sergio Meira do MPEG foram os responsáveis pela coleta do material, que será reunido no livro “Narrativas Tembé sobre a Biodiversidade”, a compor o II Volume da Série Conhecimento Indígena, com previsão para edição e publicação até o final de 2015.
O primeiro volume foi o “Narrativas Waiwai Sobre a Biodiversidade”, lançado no ano passado. “O livro será utilizado como um recurso educativo, uma ferramenta paradidática a ser usada como forma de fomentar a educação ambiental nas escolas indígenas da região, visando auxiliar a conservação do patrimônio cultural e biológico do povo indígena Tembé”, explica Cláudia Kahwage, gerente de Sociobiodiversidade do Ideflor-Bio. O livro, que será lançado pelo Instituto também possibilitará o apoio no processo de revitalização da língua materna Tembé, que já possui pouca quantidade de falantes. Atualmente tem-se em média cerca de 50 indígenas que falam fluentemente.
Segundo Cláudia, a língua é um veiculo considerado vital na conservação do conhecimento tradicional associado à biodiversidade, pois através dela é que os povos indígenas obtém o conhecimento e as práticas sobre os diversos ecossistemas, categorizações, classificações de espécies da fauna e da flora e das formas de manejo utilizados pela população indígena em questão.