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Tratamentos oferecidos pela rede pública de saúde livram paraenses do vício do fumo

Por Redação - Agência PA (SECOM)
31/05/2015 11h53

Um dia, uma carteira e meia. Uma carteira e meia, 30 cigarros. Em um mês, eram 900. No bolso, menos R$ 300,00. Em média 7,30 minutos para cada fumo, que faziam o aposentado de 66 anos, Sérgio Campos, dedicar mais de três horas do seu dia ao tabagismo. “Eu estava entrando no shopping, aí vi o meu reflexo em um espelho na entrada. A minha fisionomia era ridícula. Estava pálido, cansado. Hoje, dois anos e dois meses sem cigarro, tenho certeza que rejuvenesci 15 anos”, comentou.

Foi assim que Sérgio se convenceu de que era hora de parar. Fumante desde os 16 anos, deixou de fumar aos 64. “Fui determinado e Deus me ajudou. Já tinha parado de beber por dois anos e para mim o cigarro e a bebida andam juntos, achei que ia acabar voltando a beber de novo se não largasse o cigarro. Então fui a uma URE [Unidade de Referência Especializada] e me informei sobre o tratamento. Usei bastante o adesivo de reposição de nicotina, até que senti que não precisava mais. Nunca mais fumei e me sinto muito bem”, relata.

Já o tatuador George Tadeu Costa, 31 anos, passou 13 anos fumando, em média, 30 cigarros por dia. A dependência gerou nele um enfisema pulmonar. “Descobri o enfisema e minha filha nasceu, percebi que precisava parar. Também sou funcionário público e pelo Iasep [Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Pará] descobri que havia um tratamento a laser. Eu fiz, umas cinco ou seis sessões e desde lá nunca mais fumei. Parei em 2013, hoje respiro melhor, não canso como cansava antes, sinto meu corpo mais leve, eu sentia muita dor de cabeça e fumava para parar, hoje não tenho mais isso”, garantiu.

A administradora Renata Costa parou há três anos, depois de várias tentativas. Ela acredita que desse vez não haverá recaídas. “Já tinha parado por alguns meses, por dois anos e até por oito anos, mas da última vez voltei por problemas emocionais, aliás eu usava sempre por esse motivo, era uma dependência emocional. Por isso não pude usar os adesivos, o meu nível de nicotina não era alto, então larguei mesmo nas terapias. Hoje acredito que não volto mais a fumar porque dessa vez eu me incomodo até com o cheiro, nas outras vezes que parei eu era mais tolerante a isso”, comenta.

Os depoimentos daqueles que se livraram do vício são inspiradores e razão ainda mais forte para se comemorar o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado todos os ano em 31 de maio. Mas ainda são mais de 900 mil paraenses dependentes da nicotina, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). No Brasil, esse número chega a aproximadamente 30 milhões de dependentes de cigarro.

A Sespa oferece um tratamento gratuito à pessoa que quer parar de fumar, atendendo cerca de 150 dependentes por mês. “Após os exames que vão identificar o quadro clínico e de tabagismo do paciente ele é admitido em um grupo com outros dependentes para uma abordagem cognitiva comportamental, que busca entender o porque de ele se tornar fumante e os motivos pelos quais ele quer parar”, revela a assistente social Raquel dos Anjos, que atua no Programa de Controle do Tabagismo da Sespa.

Avaliados os níveis de dependência, eles podem ser tratados com medicamentos receitados ou com o TRN, a Terapia de Reposição de Nicotina. “A nicotina, nesse momento, é menos prejudicial e é reposta em doses decrescentes enquanto o paciente está se libertando. Desde 2003, quando ofertamos o tratamento, mais de 5 mil pessoas foram atendidas”, afirma.

O programa funciona em 80 municípios do Pará com profissionais habilitados para conduzir o tratamento. “A gente está ampliando a divulgação para atingir mais pessoas. Nossa meta é atender 500 pacientes mensalmente”, diz Raquel.

Somente entre os 100 mil segurados do Iasep, 40% são fumantes. “Hoje ofertamos o tratamento a laser com pontos de acupuntura, que não usa as agulhas. O tratamento completo requer uma equipe multiprofissional, que conta ainda com o atendimento psicoterapêutico e dura em torno de cinco meses. Hoje estamos trabalhando para informar nossos segurados e aumentar a procura espontânea”, explica a diretora de Assistência aos Servidores do Iasep, Lúcia Souza.

Complicações

No Dia Mundial Sem Tabaco, a mensagem vai também para evitar as complicações patológicas do uso do cigarro e, consequentemente, o número de mortes relacionadas ao consumo do tabaco. No Pará, até o final de 2015, podem surgir 320 casos novos de câncer de pulmão, 160 somente na capital, segundo o Instituto Nacional do Câncer. Destes, 260 no sexo masculino, com uma prevalência de 6,5% para cada 100 mil homens. No sexo feminino podem surgir 160 casos, com incidência de 4,2% para cada 100 mil mulheres.

O Oncologista do Hospital Ophir Loyola, Antenor Madeira, afirma que mais de 50 doenças estão relacionadas ao tabagismo, como o câncer e doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas. “O fumo está associado à mortalidade por diversos tipos de câncer como, por exemplo, 90% das mortes por câncer de pulmão. Se as pessoas deixassem de fumar, 30% dos cânceres não mais existiriam”, alertou Madeira.

Serviço:
Mais Informações sobre os tratamentos oferecidos pelo Iasep, na Central de Segurados, no endereço av. Gentil Bittencourt, 2175, ou pelos telefones 3269-5252, 3249-3800 e 3249-3772. Pela Sespa, na URE da avenida Presidente Vargas, 512 ou pelos telefones 3230-5111, 3223-4468 ou 3222-0891.