Pará tem o primeiro curso de especialização em Educação Prisional
Desde janeiro deste ano, 40 professores e técnicos da Secretaria de Educação (Seduc), Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa) e da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) participam do Curso de Especialização em Educação de Jovens e Adultos Privados de Liberdade, organizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Como parte deste que é o primeiro curso de especialização em Educação Prisional ofertado em universidades federais do País, os alunos promoveram nesta quinta-feira, 11, o I Seminário de Educação Ambiental Prisional (EAP), em que foram debatidos aspectos da educação ambiental nas unidades prisionais do Estado.
O evento ocorreu no auditório da Escola de Governança, reunindo gestores públicos e especialistas no tema, para o debate acerca de ações preventivas à criminalidade e facilitadoras da integração do egresso à sociedade. Para a pedagoga Twiggy Portilho, da Coordenadoria de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) da Seduc, “o curso é fundamental para os profissionais que atuam na Educação Prisional, porque contribui para aprofundar os estudos sobre o tema ao provocar discussões sobre aspectos teóricos e práticos do processo de ensino-aprendizagem nas unidades prisionais”. Vinte e cinco professores vinculados à Secretaria de Educação participam do curso.
"O indivíduo não pode ficar no ócio permanente durante o encarceramento. É nosso papel oferecer condições para diminuir a vulnerabilidade da pessoa encarcerada e ofertar oportunidades que ela não teve, como educação e trabalho. A capacitação de profissionais para dar continuidade a esse trabalho é de extrema importância. A educação prisional é uma de nossas prioridades, para a melhoria do sistema carcerário paraense", afirmou o superintendente da Susipe, coronel André Cunha. Hoje , 27 das 41 unidades prisionais contam com salas de aulas - duas delas com aulas nos períodos da manhã, tarde e noite. Ao todo, mais de 1.200 presos estão envolvidos em alguma atividade educacional.
As atividades do curso encerrarão em fevereiro de 2016, quando ocorrerá a entrega dos certificados. O coordenador do curso, professor Orlando Souza, da UFPA, informou que também participam da especialização alunos externos, ou seja, interessados na temática em foco.
Rede
"O curso abrange três etapas, uma sobre Direito, outra sobre Educação e uma terceira, referente às monografias. Os alunos recebem conteúdos sobre Direitos Humanos, história das prisões, legislação prisional, currículo escolar, planejamento pedagógico e educação ambiental.
Durante os trabalhos do seminário, o superintendente do Sistema Penitenciário do Pará, André Cunha, o professor Orlando Souza, e a professora de Educação Ambiental no curso, Maria Ludetana Araújo, além de gestores da Seduc, formalizaram a proposta de construir, a partir da experiência dessa especialização, uma Rede de Apoio Interinstitucional à Educação Prisional do Estado do Pará. Os 40 alunos da especialização irão atuar no projeto EcoCelpa (de educação ambiental) nas unidades prisionais do Estado.
André Cunha chamou a atenção dos participantes ao destacar que em duas décadas o número de unidades prisionais no Pará saltou de sete para 41; as vagas no sistema penitenciário subiram de 712 para 8.102, e a quantidade de presos subiu de 1.153 para 12.634. Quinze novas unidades prisionais estão sendo construídas no Estado. “Ações como essa são estratégicas, mas não vão resolver o problema. Para vencer esse desafio temos que agir de forma integrada, e nesse contexto a educação é fundamental para que o homem não tenha que ser punido com a privação da liberdade em razão da falta de oportunidades”, concluiu.