Detran vai intensificar fiscalização do uso do cinto de segurança
O Departamento de Trânsito do Estado (Detran) vai intensificar em julho a fiscalização do uso do cinto de segurança no banco de trás dos veículos. Em 2014, o órgão registrou no Pará 11.839 infrações pela falta do uso de cinto de segurança (por motoristas ou passageiros). Deste total, 1.057 das infrações ocorreram em Belém.
Há três meses, a enfermeira Emille Silva, 27, sofreu um acidente em Belém quando o motorista, que estava sob o efeito de bebida alcoólica, perdeu o controle do carro e bateu na Avenida Bernardo Sayão. Ela estava sentada no banco de trás sem o cinto de segurança. “Fraturei o fêmur e o osso da bacia, pois como estava sem cinto, a minha perna foi pressionada contra o banco da frente na hora do impacto. Passei por uma cirurgia e fisioterapia. Mesmo com uma recuperação rápida, foram dois meses sem sair da cama até que pudesse começar a andar de muletas. O cinto não só evita uma lesão mais grave, mas pode salvar a nossa vida”, diz.
O uso do cinto de segurança já faz parte de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que elegeu o item como um dos cinco fatores para a redução da mortalidade no trânsito, e estes conceitos estão sendo aplicados no Departamentos de Trânsito do Estado.
“O Detran do Pará tem pautado no sentido de cada vez mais sensibilizar a população de que o uso do cinto de segurança não é para evitar a multa, a infração de trânsito, mas é para reduzir no caso de um acidente, no caso das consequências de lesões, seja para o condutor ou para demais passageiros do veículo. As pessoas não têm a compreensão da complexidade que é o trânsito. Quando você está dentro de um veículo, levamos em consideramos a Lei da Inércia, quem está dentro do veículo está na mesma velocidade do veículo. Se o carro estiver a 80 quilômetros por hora, a pessoa que estiver neste veículo também estará e será projetada na mesma velocidade do veículo”, explica o coordenador de planejamento do Detran, Carlos Valente.
Ainda de acordo com o Detran, a fiscalização se intensificará ainda mais no verão, tanto na cidade quanto nos principais balneários a exemplo do que ocorreu na operação Verão 2015. “Muitos motoristas e passageiros deixam de usar o cinto porque estão na praia ou estão molhados. A praia é uma via pública e a Lei também se aplica lá. Muitos acidentes ocorrem pequenos trechos, devido a pressa e o desleixo do condutor. Vamos fazer um trabalho educativo para conscientizar e punir caso seja necessário”, diz Carlos Valente.
A Sociedade Brasileira de Traumatologia e Ortopedia tem verificado que o uso do cinto de segurança, seja no banco da frente e principalmente no banco traseiro, contribui para a redução dos riscos do aumento de lesões em mais de 75%. As vítimas dos acidentes de trânsito ocupam atualmente 45% do Hospital Regional Metropolitano, em Ananindeua. Na maioria motociclistas e motoristas que estavam embriagados, pedestres vítimas de atropelamento e passageiros de veículos que não estavam usando o cinto de segurança.
“A maioria dos casos ocorre pela imprudência dos condutores. No caso dos motoqueiros há sempre lesões graves, pois a moto expõe o corpo ao choque direto, isso sem contar com os danos permanentes. No caso dos motoristas e passageiros sem cinto, eles podem ser esmagados dentro do próprio carro ou projetados para fora. Pela inércia, o impacto de uma pessoa no banco de trás pode chegar a mais de 300 quilos e automaticamente, quem está no banco da frente pode morrer na hora com o impacto”, explica o médico José Guataçara, coordenador da emergência do Hospital Metropolitano.
O hospital tem em média 30 leitos ocupados com vítimas de acidentes de trânsito. Cada leito custa R$ 2 mil ao Estado, e ao fim do mês, esse custo pode chegar a R$ 1,8 milhão. “Além do custo que um paciente gera ao Estado existe também o prejuízo pessoal. Um paciente que fica tetraplégico, por exemplo, vai precisar que a família mude toda a sua rotina para cuidar dele. Perda de emprego, problemas na renda familiar e depressão são comuns nesses casos. São muitos problemas que às vezes se tornam tão ruins ou piores do que as sequelas físicas”, diz o médico.