Workshop debate a empregabilidade de pessoas com deficiência
Breno Anderson do Carmo, cadeirante, conseguiu o primeiro emprego aos 27 anos. Em janeiro, ele começou a trabalhar no call center de um hospital privado, em Belém. “Eu jogava basquete, mas queria trabalhar com carteira assinada. O problema é que não são todas as empresas que aceitam a pessoa com deficiência, ainda mais o cadeirante, que precisa de espaço. Aqui tenho isso e ainda estou estudando. Entrei na faculdade de engenharia mecânica”, conta ele, que alcançou o objetivo graças a uma carta de recomendação enviada pelo Sistema Nacional do Emprego (Sine).
Para muitos portadores de deficiência, não é tão difícil entrar no mercado de trabalho, mas é preciso se qualificar e investir nos estudos. “Não foi difícil achar um emprego. É só se informar. Já passei por cinco empresas, e hoje trabalho em duas. Para chegar a esse call center eu fui ao Sine e, na semana seguinte, me chamaram”, conta Claudio Esperante, 40 anos, que se locomove com o auxilio de muletas desde os 7 anos.
No Pará, de mais de um milhão de pessoas portadoras de deficiência, menos de dez mil são estatutárias ou trabalham com carteira assinada. “Os setores que mais absorvem esse público são o comércio e o serviço e parte da indústria. Sabemos que o nível de ocupação da pessoa com deficiência é na verdade bem maior, o que significa que há muita gente na informalidade”, explica o economista Roberto Sena, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Roberto Sena apresentou a prévia de um mapa que localiza a pessoa com deficiência no mercado de trabalho paraense, durante workshop do Núcleo de Articulação da Cidadania (NAC), nesta quarta-feira (8), no auditório do Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (Ciic). “Estamos renovando o comitê gestor do Plano Existir, plano integrado de ações de governo, lançado em 2012. Ele representa o chamamento dos órgãos para reunir todas as políticas que possam atender essas pessoas de forma integral. Queremos que as ações passem a compor o Plano Plurianual (PPA), que prevê quatro anos de ações e projetos”, disse a coordenador do plano, Meive Piacesi.
Atualmente, quase 25% da população paraense são pessoas com deficiência e todas precisam de algum tipo auxílio, o que pode envolver mais três pessoas. “Alguém que cuide, que busque, alguma ajuda. Isso significa um envolvimento de 75% da população, algo tão significativo que não podemos deixar passar desapercebido”, concluiu a coordenadora.
Para o titular da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Renda e Assistência Social (Seaster), Heitor Pinheiro, o debate sobre empregabilidade é fundamental para avançar com medidas mais eficazes. “Quando falamos de empregabilidade para pessoas com deficiência, precisamos chamar mais pessoas para a temática. Além do governo, chamamos para o workshop a Comissão Estadual de Emprego, o Fórum de Empresários e a própria sociedade civil. Isso para que possamos juntos ver como colocar em prática o estatuto da pessoa com deficiência, aprovado recentemente, mas que já vem com o desafio da regulamentação”, disse.