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JORNADA CIENTÍFICA

Hospital da Mulher do Pará promove Jornada Científica sobre direitos humanos e atenção integral à saúde feminina

Evento reúne especialistas de diversas áreas para debater violência, direitos reprodutivos, identidade de gênero e fortalecimento da rede de proteção às mulheres

Por Helen Alves (HMPA)
16/12/2025 23h54

 

Para promover o debate sobre a cobertura integral à saúde feminina sob a perspectiva dos direitos humanos, o Hospital da Mulher do Pará (HMPA) reuniu especialistas das áreas da saúde, educação, jurídica e acadêmica na I Jornada Científica “Direitos Humanos e Saúde da Mulher: construindo caminhos para a atenção integral em saúde, dignidade e justiça”. A programação teve início nesta terça-feira (16) e segue até quarta-feira (17), no auditório da unidade, em Belém.

Com formato dinâmico e interativo, a jornada conta com palestras, mesas-redondas e workshops, reunindo representantes da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), Secretaria de Estado das Mulheres (Semu), Conselho Regional de Medicina (CRM), Defensoria Pública do Estado, profissionais do HMPA e acadêmicos de universidades  locais.

No primeiro dia, os debates abordaram temas como o enfrentamento à violência contra a mulher, o fortalecimento da rede de proteção, os direitos reprodutivos, a identidade de gênero e as linhas terapêuticas para o tratamento da dor crônica em mulheres.

Para a diretora-geral do Hospital da Mulher do Pará, a médica intensivista Nelma Machado, a jornada representa um marco nas ações desenvolvidas pela unidade. “Estamos trabalhando a questão do combate à violência contra a mulher em várias atividades junto aos profissionais, às pacientes que frequentam o nosso hospital e à sociedade em geral, discutindo e orientando sobre os direitos das mulheres, culminando nesta jornada como o nosso ponto alto. Quisemos associar as nossas linhas de cuidado aos direitos da mulher, com a proposta de reunir todos os entes da rede que já atuam na proteção e assistência. A partir disso, pretendemos construir um documento com proposições que contribuam para a capacitação contínua dessa rede”, destacou a gestora.

A diretora de Articulação de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado das Mulheres (Semu), Márcia Jorge, ressaltou a importância da transversalidade das políticas públicas. “Buscamos trazer experiências que vão além do campo da saúde, reforçando a intersetorialidade. Este hospital atua de forma integrada com a educação, a assistência social e o sistema de justiça. É um momento de formação, socialização e fortalecimento do hospital dentro da rede, especialmente no atendimento às mulheres em situação de violência, que é o perfil desse equipamento de referência e porta aberta para os casos de violência sexual e doméstica”, afirmou.

A Defensoria Pública do Estado também integra essa rede de proteção. “O acolhimento integrado significa um atendimento em toda a perspectiva dos direitos humanos. A criação deste hospital é extremamente relevante por oferecer um serviço específico para mulheres atravessadas por diversos marcadores sociais. É fundamental garantir não apenas o direito à saúde, mas todos os direitos humanos, desde a chegada dessa mulher à Defensoria, à delegacia, ao Ministério Público ou à porta do hospital”, pontuou a defensora pública Júlia Rezende.

No debate sobre direitos reprodutivos, a técnica da Coordenadoria Estadual de Saúde da Sespa, Thaís Uchôa, destacou a importância da autonomia feminina. “O planejamento reprodutivo deve ser sempre uma escolha esclarecida, construída na troca entre o profissional e a usuária, garantindo que a mulher compreenda o método mais adequado às suas necessidades contraceptivas”, explicou a profissional.

A educadora e coordenadora do Centro de Referência de Inclusão do Municipal de Belém, Nilma Machado, reforçou o papel da informação na garantia de direitos. “Quando falamos em educação sexual e direitos reprodutivos, precisamos ter um olhar atento para o acesso ao conhecimento. Uma mulher bem informada, esclarecida em todos os âmbitos da sua vida, consegue fazer escolhas conscientes e seguras”, afirmou. Nilma também destacou a necessidade de ampliar esse debate para pessoas trans. “É fundamental que a educação em direitos humanos inclua o respeito às identidades de gênero e aos direitos das pessoas trans”, completou.

Para o médico, conselheiro do Conselho Regional de Medicina (CRM/PA) e doutor em bioética, José Antônio Cordero, os direitos humanos e saúde da mulher passa pela vivência humana e a  defesa da sua dignidade. “O que nós procuramos nesse momento é educar o olhar, porque muitas vezes você vive ao lado, mas você não educa o seu olhar para ter sentimentos, criar formas de diálogo, ter o pertencimento que nós podemos buscar soluções conjuntas, trabalhadas e construídas. Os direitos humanos da mulher, ele é constante, mas é fundamental que a sociedade pare, olhe e procure refletir e criar meios de melhorar a vida das mulheres, com respeito, com dignidade, com cuidar, humanizado”, frisou.

Entre os participantes, o acadêmico de medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), Lucas Dias, de 24 anos, ressaltou a relevância da iniciativa para a formação profissional. “São temas que não vemos com tanta profundidade na faculdade, mas que fazem parte do nosso cotidiano nos atendimentos. É importante saber para onde encaminhar mulheres vítimas de violência e conhecer as instituições que compõem esse atendimento integrado. Levar esse conhecimento para os jovens e para as escolas é um caminho para reduzir índices como o feminicídio e a gravidez indesejada, por exemplo”, avaliou.

No segundo dia do evento, um dos destaques da programação é a discussão sobre uma das linhas de cuidado exclusivas do Hospital da Mulher do Pará, a  gigantomastia, a cirurgia plástica de mamas e sua relação com a autoimagem feminina.

Ao longo desses dois dias, a jornada científica reúne gestores em saúde, médicos, psicólogos, assistentes sociais, operadores do direito, pesquisadores em saúde coletiva e estudantes de cursos como medicina, direito e enfermagem.