Produtos com Indicação Geográfica, como guaraná da Terra indígena Andirá-Marau e farinha de Bragança, são temas de apresentações no Sigema
A programação encerra às 18h desta sexta-feira. O público ainda pode conferir os diferentes produtos tradicionais considerados únicos em seus territórios que estão sendo comercializados no Parque da Bioeconomia
Primeira Indicação Geográfica (IG) do Brasil a ter o registro de Denominação de Origem (DO) dado a um povo indígena (os Sateré-Mawé), o guaraná (ou waraná) produzido na terra Andirá-Marau, localizada entre os Estados do Pará e do Amazonas, está entre os produtos que ainda podem ser conferidos pelo público até está sexta-feira (12), durante a realização do III Seminário Internacional de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas (Sigema). A programação ocorre no Porto Futuro, no Armazém 5, até às 18h.
Durante toda a manhã, representantes de produtos que já obtiveram a IG, como é o caso da farinha de Bragança e do guaraná, e dos produtos em potencial que já estão com demanda, como é o caso do mel de São João de Pirabas e do açaí do Pará, participaram de uma conversa com o público, onde foram apresentadas as características e a importância da IG para preservar essas tradições.
O guaraná nativo de alta qualidade recebeu a IG do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) no ano de 2020. O órgão é o responsável pelo reconhecimento das Indicações Geográficas e suas modalidades (Indicação de Procedência e Denominação de Origem).
O presidente do Conselho Geral da Terra Indígena Sateré-Mawé, Obadias Batista Garcia, que fez a apresentação do produto, disse que a planta guaraná foi descoberta pelos seus ancestrais e que hoje é reconhecida em todo o mundo. “Nós somos 18 mil em 117 aldeias, o guaraná não existiria sem o povo Sateré-Mawé ou vice-versa; mitologicamente, nascemos do guaraná; ele significa o princípio do conhecimento em nossa língua”, disse.
É através do guaraná que os Sateré-Mawé conseguem sobreviver, como informou Israelita Garcia, que também apresentou um pouco do produto IG durante a programação do Sigema. Ela disse que a comunidade trabalha com 15 produtos, entre eles, além do guaraná, própolis, cumaru, andiroba, unha de gato e copaíba. “Muita gente aqui ainda não conhece o nosso guaraná e nós trouxemos aqui para apresentar. Esse é o verdadeiro guaraná que está na nossa tradição, na nossa cultura. Ele é o nosso deus. Significa muito para nós”.
Farinha e mel- A farinha de Bragança também ganhou espaço durante a programação da manhã. O representante da IG, José Lima, deu um panorama sobre a produção e como a Indicação Geográfica está impactando no produto, cuja embalagem já apresenta o distintivo da IG.
A Universidade do Estado do Pará (Uepa) também participou da programação com uma apresentação das atividades desempenhadas pela instituição para promover e trabalhar com os produtos IG.
A programação, contou, ainda, com a participação dos representantes do mel de São João de Pirabas e do cacau do assentamento Tuerê, no município de Novo Repartimento, que estão entre os produtos trabalhados no Estado para o reconhecimento da IG, assim como o açaí do Pará.
