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Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil reforça detecção precoce

No Hospital Octávio Lobo, oncologistas orientam sobre sinais e sintomas em crianças e adolescentes que merecem atenção de pais e responsáveis

Por Governo do Pará (SECOM)
23/11/2025 13h08

O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil, celebrado neste domingo (23), reforça a necessidade de ampliar a conscientização sobre os sinais e sintomas da doença e fortalecer as redes de cuidado voltadas para crianças e adolescentes em todo o Brasil. No Pará, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), principal referência na região amazônica, destaca a importância do diagnóstico precoce e do atendimento especializado para o enfrentamento ao câncer.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer infantojuvenil representa a primeira causa de morte por doença na faixa etária entre 1 e 19 anos no Brasil. Apesar de raro, uma vez que corresponde a cerca de 3% do total de casos, o câncer pediátrico pode apresentar-se mais agressivo, com rápida progressão para metástase. Logo, a detecção precoce da doença aumenta consideravelmente as chances de cura, cerca de 80%.

Ainda de acordo com o Inca, 7.930 novos casos de câncer pediátrico por ano são estimados para o triênio 2023-2025. A oncologista pediátrica do Hoiol, Cylia Serique, enfatiza que, quanto antes a criança chega ao serviço especializado, melhor é a resposta ao tratamento. “O diagnóstico precoce permite que a criança inicie o tratamento com a doença mais controlada e em melhor estado geral. Isso aumenta significativamente a chance de cura e melhora a resposta às intervenções terapêuticas”, ressaltou a médica.

A especialista, que atua no Hoiol desde 2018, destaca sinais que não podem ser ignorados por pais e responsáveis. “Palidez progressiva, emagrecimento sem causa aparente, manchas roxas, aumento do volume abdominal, linfonodomegalias (aumento anormal dos linfonodos, as famosas ínguas), reflexo ocular alterado em fotos e a regressão nos marcos de desenvolvimento são alguns indicadores", afirmou Cylia.

Os tipos de câncer mais frequentes na infância incluem as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas. Entre os pacientes de 0 a 19 anos, público atendido pelo Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, destacam-se ainda os sarcomas, que acometem tecidos conjuntivos, como músculos e ossos.

No Hoiol, o atendimento às crianças e adolescentes é realizado por uma equipe multiprofissional especializada que acompanha o usuário desde o início da jornada. O modelo de assistência integral garante um atendimento humanizado e que acolhe pacientes vindos de diversos municípios.

“A oncologia pediátrica não é feita por um único profissional. É um conjunto de saberes. Nutricionistas, psicólogos, equipe de humanização, serviço social, cuidados paliativos, pediatria, oncologia, entre outros, trabalham juntos para oferecer um cuidado completo às crianças e às famílias”, ressaltou a médica.

Reconhecido pelo Ministério da Saúde (MS) como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hoiol faz parte da Rede de Atenção Oncológica do Pará e oferece atendimento integral aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), desde o diagnóstico até o tratamento multiprofissional especializado. A gestão do hospital é realizada pelo Instituto Diretrizes (ID), por meio de contrato firmado com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

A oncologista pediátrica Alayde Vieira, diretora técnica da unidade, explica que a unidade atua em quatro grandes frentes: diagnóstico, tratamento, suporte integral e ensino e pesquisa. “Somos referência para crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de todo o Pará e de estados vizinhos. O hospital oferece exames de imagem, laboratório, patologia e todos os apoios necessários para confirmar o diagnóstico com rapidez e segurança. Além do tratamento e da atuação de uma equipe multiprofissional especializada, participamos de vários projetos do Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) e da Aliança Amarte com o intuito de manter a educação e qualificação dentro da unidade”, afirmou.

Conscientização - Na última quarta-feira (19), os médicos Bruno Cerqueira e Cylia Serique  mediaram uma roda de conversa com usuários e acompanhantes no ambulatório da instituição. O encontro promoveu o compartilhamento de experiências e esclareceu dúvidas sobre sinais, sintomas, diagnóstico e toda a jornada do tratamento do câncer pediátrico. Para além das rodas de conversa, Alayde conta que o hospital desenvolve diversas ações de humanização para que o tratamento oncológico seja mais leve e acolhedor para pacientes e familiares. 

“Há iniciativas que explicam o diagnóstico, os procedimentos e o tratamento por meio do brincar, ajudando a criança a entender o que está acontecendo e reduzindo medos e ansiedades. Realizamos ainda projetos de arte, lazer e bem-estar, assim como ações de acolhimento e programações especiais em datas comemorativas com música, atividades lúdicas e distribuição de brinquedos. O hospital conta ainda com uma classe hospitalar que, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), garante às crianças e adolescentes a continuidade dos estudos durante o tratamento, o que é fundamental para o desenvolvimento, socialização e apoio emocional", afirmou a diretora técnica.

Entre as histórias que passam pelos corredores do Hoiol, está a de Alessandro Pontes, 17 anos. Ele foi diagnosticado com osteossarcoma, um tumor ósseo maligno, e há cinco anos é atendido na unidade. A mãe do adolescente, Maria Santos, 46 anos, relembra os primeiros sinais. “Ele começou a sentir dores na perna esquerda. Inicialmente, eram semelhantes a cãibras, leves e esporádicas, mas que aumentaram com o passar do tempo. Observamos um inchaço na perna esquerda, abaixo do joelho. Como ele disse que não havia batido, agendei uma consulta e a médica solicitou exames de imagem, que mostraram a alteração. Quando soube que era uma câncer, me assustei muito, pois nem sabia que câncer poderia atingir os ossos”, contou.

O apoio da equipe do hospital tem sido fundamental na jornada contra a doença. “Nunca imaginei que o problema do meu filho fosse câncer. Muitas vezes, subestimamos os sintomas, mas é fundamental agir com rapidez e contar com o apoio da família e do médico também. Aqui (no Hoiol) sempre fomos bem tratados, sempre, até hoje. Seja para uma consulta ou quando ele precisava internar, sempre fomos bem recebidos, desde a portaria, as meninas da limpeza, até a equipe médica. Não tenho do que me queixar", concluiu Maria.

Texto de Ellyson Ramos / Ascom Hoiol