Pará discute cadeia produtiva, inovação e mercado global do cacau na COP 30
Diretor da Secretaria Estadual de Agricultura Familiar do Pará, Anderson Serra, defende expansão da cacauicultura em bases sustentáveis de agrofloresta
A produção do ‘Cacau amazônico: inovação, conservação e mercado global’ foi tema de um painel que reuniu representantes de órgãos ligados à agricultura do Pará, Acre e Amapá, no estande do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, na quinta-feira (20).
O diretor de Comunidades Tradicionais e Comercialização da Secretaria Estadual de Agricultura Familiar (Seaf), Anderson Serra, representou o Pará na discussão e destacou que o estado já tem cerca de 150 fábricas de chocolate da agricultura familiar e que muitas famílias descobriram como produzir amêndoas de alta qualidade, inclusive, algumas já são reconhecidas, com prêmios nacionais e internacionais.
Anderson frisou iniciativas paraenses que devem servir de inspiração e ampliadas, por serem boas experiências de sistemas agroflorestais que impactam além da questão econômica, com benefícios sociais e ambientais.
“Assim, a cacauicultura vai continuar colaborando com o incremento de renda, com paisagens mais diversificadas, com a recuperação de áreas degradadas, em agrofloresta, consolidando a conservação da biodiversidade e capturando carbono”, pontuou o diretor.
Legislação para proteger a lavoura
Marta Silva, coordenadora da Fundação Viver, Produzir e Preservar que atua no apoio a agricultores familiares na região da Transamazônica, também participou do painel e afirmou que a economia criativa tomou força e o cacau tem sido escolhido como estratégia de produção com muitas possibilidades.
“O cacau possibilita a economia circular, ele possibilita uma estratégia organizativa das pessoas que, para além do individual, é uma cultura que traz a interação com outras culturas”, disse Marta Silva. Ela defendeu o reconhecimento do cacau como economia circular e a proteção da lavoura pela legislação, em caso de perda total em situações de desastre.
Também participaram da discussão Marcelo Carin, pesquisador do Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá (IEPA) e da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR); José Raul dos Santos Guimarães, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac); e Marcos Rocha, chefe da Divisão de Produção Familiar e coordenador do Programa Estadual do Cacau da Secretaria de Agricultura do Acre, com o debate mediado pelo secretário Executivo do Consórcio Amazônia Legal (CAL), Marcello Brito.
Marcelo Carin, disse que o cacau tem nichos específicos espalhados pela Amazônia. “Nós adotamos isso como estratégia mercadológica. Nós temos cooperativas que estão funcionando”, comentou Carin, que ressaltou a importância do cacau para o PIB amazônico.
Maior produtor
O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil e é referência mundial no cultivo em sistema agroflorestal (SAF). Medicilândia, no sudoeste do Estado, é o município com a maior produção de amêndoas de cacau do país.
