Governo do Estado centra discussões em modelos da Bioeconomia voltados ao Pará
O Pará, com o PlanBio e o Parque de Bioeconomia, segue como referência nacional e internacional, apontando caminhos para consolidar a biodiversidade
Durante almoço realizado na EY House, espaço da Ernst & Young (EY) na COP30, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) promoveu o painel “Legado Empresarial COP30: Bioeconomia”. Representando o Governo do Pará, a secretária adjunta de Bioeconomia da Semas, Camille Bemerguy, apresentou a trajetória do Estado na consolidação de um modelo econômico sustentável e próspero, centrado na floresta.
Segundo Camille, o Pará estruturou sua política de bioeconomia em um momento em que o Brasil não possuía diretrizes nacionais. “A gente aprendeu muito, sempre no entendimento de que a bioeconomia era uma agenda estratégica para o Estado, que queria ser carbono-neutro, ainda não sabendo muito bem como isso ia se dar, mas movidos por uma pergunta: qual é a bioeconomia que nós queremos?”, destacou.
Hoje o Plano de Bioeconomia (PlanBio) já está em implementação há quase três anos, com 122 ações, das quais 80% estão em andamento. “A gente entendia que essa bioeconomia olhava para essa floresta em pé, olhava para as pessoas, reconhecia esse conhecimento ancestral, e buscava conjugar tudo isso em um novo modelo econômico”, afirmou Camille.
Construção de um novo modelo produtivo
Ao relatar a concepção do PlanBio, Camille enfatizou que o objetivo sempre foi ir além de iniciativas isoladas, construindo bases para transformar a estrutura econômica do Estado. “Não como um nicho, não como uma atividade com impacto só local, mas com o potencial de transformar a base produtiva e econômica do Estado”, ressaltou.
Entre as diretrizes, destacou-se a criação do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, já em fase de operação. A iniciativa nasceu da necessidade de criar um ambiente inovador, capaz de conectar ciência, tecnologia e negócios da floresta. “Se a gente quer criar um ambiente inovador para a bioeconomia, a gente precisava criar bases, e queríamos que a política pública fosse escalavel. A pergunta era: qual é o conceito, qual é a lógica que a gente vai construir numa realidade como o Pará, como a Amazônia?”
Negócios comunitários no centro da agenda
Outro ponto central sobre bioeconomia é o reconhecimento da diversidade de arranjos produtivos presentes no território brasileiro e, trazendo para realidade regional, no território paraense. Reconhecer que os negócios comunitários têm que ser olhados e entendidos nas suas especificidades. Por isso a importância do PlanBio no Pará, que estuda e trabalha suas ações reconhecendo os grupos sociobiodiversos existentes no estado, procurando atender suas especificidades e promovendo novas conexões.
A Semas percorreu diferentes regiões para identificar desafios enfrentados tanto por comunidades quanto por startups de biotecnologia e inovação.“A gente fez esse esforço de ir ao território, entender essas necessidades, entender as necessidades das startups: quais eram os gargalos para que elas não tivessem um vale da morte tão significativo”, explicou Camille.
Parque de Bioeconomia e Inovação: ponte entre negócios e tecnologia
O funcionamento do Parque de Bioeconomia e Inovação integra desenvolvimento comunitário e pesquisa tecnológica. Em um espaço que junta dois ambientes. Um centro de negócios, que vai olhar e receber esses negócios nas suas múltiplas faces e poder endereçar respostas a eles e o outro um parque tecnológico com maquinários que irão potencializar os saberes e manejos dessas populações da floresta.”, afirmou a secretária adjunta.
O Parque abrigará iniciativas voltadas tanto para a aceleração de empreendimentos da floresta quanto para a estruturação de uma indústria baseada em biodiversidade, estimulando investimento, pesquisa e competitividade sustentável no Pará.
O Pará que inspira
Os relatos de painelistas foram de reconhecimento ao trabalho realizado pelo Governo do Estado. O fomento de movimentos, operações e processos pioneiros, como o Parque de Bioeconomia e trabalhos dentro do PlanBio que incentivam e promovem comunidades extrativistas, quilombolas, indígenas, ribeirinhas e demais, a usar a estrutura do Estado, foram exaltados por todos.
A secretária nacional de Bioeconomia do Governo Federal, Carina Pimenta, reforçou que “a construção da política nacional dialoga diretamente com o que Estados como o Pará já vêm implementando. Entramos em 2023 sem nenhum lastro do que a bioeconomia seria, mas com muita demanda vinda da sociedade. Precisamos construir um arranjo político que dê sustentação ao que entendemos que é a bioeconomia para o Brasil, assim como o Pará vem realizando.”, concluiu.
O encontro reforçou que, tanto na esfera federal quanto estadual e no setor privado, há um entendimento comum: a bioeconomia amazônica depende de cooperação, financiamento adequado, apoio aos negócios comunitários e integração entre ciência, inovação e territórios tradicionais. O Pará, com o PlanBio e o Parque de Bioeconomia, segue como referência nacional e internacional, apontando caminhos práticos para transformar a biodiversidade em desenvolvimento sustentável com inclusão social e protagonismo dos povos da floresta.
Texto de Lucas Maciel / Ascom Semas
