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Hospital da Transamazônica usa palestras para quebrar tabus sobre câncer de próstata            

Encontros reforçam a necessidade de diagnóstico e acompanhamento especializado

Por Governo do Pará (SECOM)
19/11/2025 09h16
Profissionais de Saúde do Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, sudoeste do Pará

"Isso é bobagem, esse machismo tem que ficar para trás, é coisa antiga”. A mensagem é de quem sabe que é melhor prevenir do que remediar. O produtor rural Ziloney Baldo da Silva, 56 anos, acompanhava a sogra, dona Verônica, 74, que faz hemodiálise no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, sudoeste do Pará, quando a unidade oferecia uma atividade sobre um tema que muitos homens não querem nem ouvir falar: o câncer de próstata. Ou melhor, o exame de toque, indispensável no diagnóstico da segunda doença que mais mata pessoas do sexo masculino no Brasil. “Não é nada demais. Faz o PSA [exame de sangue que identifica alterações na próstata], depois o toque retal e, caso seja detectada alguma coisa, a pessoa está no início e pode fazer o tratamento ser bem mais fácil”, reflete.

A fala de Ziloney foi durante uma palestra realizada pela equipe multiprofissional da Hemodiálise, na segunda-feira, 17 de novembro, dia que marca a luta pela conscientização sobre o câncer de próstata. Súsane Souza, psicóloga do setor, explica que a atividade reforça o trabalho feito pelo Hospital da Transamazônica ao longo do ano. “A gente tem as universidades que sempre abraçam as causas, então a gente lançou o convite para termos essa comunicação, para dinamizar o momento, passar informação de forma que não seja tão pesada”.

A palestra foi ministrada pelos profissionais do HRPT e por alunos de Medicina, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sob orientação da professora adjunta Amanda Ferreira. “Dentro da universidade, nós criamos projetos extensionistas para fora do muro da universidade, o que faz com que a gente tenha a possibilidade de trazer essas abordagens, educação e saúde para dentro do Hospital Regional, que é um hospital de referência”, avalia a docente.

Para o acadêmico João Coelho, a palestra foi importante momento para que ele e os colegas pudessem “dar utilidade ao conhecimento aprendido na universidade”. João observa que “o tabu pode ser quebrado com seriedade, com dados, estatísticas e conversa séria sobre medidas preventivas e exames”. Além da palestra da segunda-feira, o Hospital Regional da Transamazônica desenvolverá uma série de ações voltadas para a saúde do homem até o final deste mês de novembro.

Diagnóstico precoce pode ser determinante para cura

O câncer de próstata mata mais homens no Pará que qualquer outro tipo. Até agosto, registros da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) apontavam para 232 novos casos, que se somam aos 71.730 previstos pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), vinculado ao Ministério da Saúde (MS), para este ano, em todo o Brasil.

Idade avançada, estilo de vida desregrado e histórico familiar, podem ser determinantes para o desenvolvimento da doença, por isso, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de tratar, alerta o urologista e cirurgião geral do HRPT, Fábio Santos Drosdoski.

“A detecção precoce pode ser realizada, a partir dos 45 anos de idade, para aqueles que têm fatores de risco, e, a partir dos 50 anos, para aqueles que não têm fatores de risco”. Homens negros também fazem parte do perfil mais vulnerável e devem dobrar a atenção, principalmente quando parentes próximos tiveram o câncer, como pais, avôs e irmãos.

Tanto o diagnóstico quanto o tratamento são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir da idade preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é importante ficar atento a sinais e sintomas, como dificuldade de urinar e sensação constante de bexiga cheia. No entanto, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas, em um quadro que a ciência chama de patologia assintomática ou subclínica.

Vigilância constante, reforça o urologista, é a única forma eficaz. Se identificado precocemente, as chances de cura superam os 90%. “Além de ser o principal câncer que acomete os homens, é passível de ser tratado, se diagnosticado em suas fases iniciais, tem tratamento efetivo”.

Fábio Santos Drosdoski sustenta que o preconceito e o machismo continuam sendo o calcanhar de Aquiles, o ponto fraco na compreensão de homens que compactuam com ideias que em nada somam. “Há ainda uma dificuldade de o homem entender que é importante fazer o toque retal também. O homem tem uma resistência de cuidar da saúde por conta deste fator” o que leva, no caso de desenvolvimento da doença, a quadros de “sangramento na urina, dificuldade de urinar, dor e várias outras coisas. Neste momento, já é um tratamento de maiores dificuldades”.  

Texto de Rômulo D’Castro