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'Se o mercado não valorizar, não haverá adesão', diz governador sobre rastreabilidade da pecuária no Pará

Helder Barbalho destacou em painel na COP30 o esforço institucional do governo estadual para um modelo de produção sustentável

Por Igor Nascimento (SEMAS)
14/11/2025 13h07

O governador do Pará, Helder Barbalho, encerrou o painel “Unlocking Finance and Procurement for a Nature-Positive Food System Transition”, realizado na Blue Zone da COP30, em Belém, com uma mensagem direta aos mercados internacionais e aos atores da cadeia da carne bovina: a rastreabilidade individual do rebanho, pauta estratégica do Estado, só avançará se for devidamente reconhecida e valorizada economicamente.

O governador enfatizou que o Pará tem buscado liderar a transição para um modelo de produção sustentável, integrando políticas públicas, ciência e parcerias com o setor privado. No entanto, destacou que esse esforço não pode se basear apenas na boa vontade dos produtores ou em apelos abstratos à conservação ambiental.

Ele deixou claro que não haverá ampla adesão do setor rural caso o custo da rastreabilidade seja arcado exclusivamente pelos produtores, especialmente os de regiões mais remotas.

“Ou nós convencemos os mercados de que boas práticas precisam ter reconhecimento objetivo, capitalista, mercadológico. Ou não vamos conseguir imputar ao produtor que arque sozinho com custos adicionais para rastrear cada animal. Se o mercado não valorizar esse movimento, ele não vai compreender que vale a pena”, afirmou.

O governador reforçou que a consolidação de uma pecuária sustentável no Pará, depende de uma ação conjunta entre produtores, frigoríficos, compradores internacionais, investidores e governos. Ele frisa que cada elo tem um papel definido: o produtor deve aderir às boas práticas; a indústria precisa assumir que esse movimento é estratégico e necessário; e o mercado, nacional e internacional, deve remunerar produtos alinhados a metas ambientais.

“Não esperem que nós consigamos adesão por ato de romantismo, de filantropia ou de devoção ambiental”, enfatizou, apontando que a sustentabilidade precisa estar integrada aos mecanismos de precificação, financiamento e aquisição.

Debate internacional sobre cadeias produtivas sustentáveis

O painel promovido pela The Nature Conservancy (TNC) Brasil discutiu como inovações financeiras, instrumentos de crédito e novas práticas de compra podem acelerar a transição para sistemas alimentares positivos para a natureza.

Com foco em dois dos principais vetores de pressão sobre o uso da terra (carne bovina e soja), o debate destacou soluções que já estão em andamento na região, como o Programa de Pecuária Sustentável do Pará, o VISEC e o CCAT. As iniciativas foram apresentadas como exemplos de parcerias capazes de reduzir riscos, ampliar investimentos e gerar segurança para empresas que buscam cadeias livres de desmatamento.