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Painel destaca o papel da ciência amazônica na mensuração do carbono e na valoração dos ecossistemas

Um dos destaques foi o avanço das tecnologias na área, como o uso de drones em áreas específicas

Por Marília Jardim (UEPA)
12/11/2025 15h20

Com o objetivo de discutir os métodos de medição do carbono florestal e das emissões de CO₂, relacionando ciência, bioeconomia e políticas climáticas para promover uma transição sustentável e justa na Amazônia, foi realizado, na manhã desta quarta-feira, 12, o painel “Ciência Amazônica do Carbono: Metodologias, Valoração e Restauração para a Transição Climática Justa”, no Pavilhão Pará, na Zona Verde da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Coordenado pelo professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa) Éder Oliveira, o debate contou com a participação de Gilmara Maureline Teles da Silva de Oliveira, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Antônio Cordeiro de Santana, da Uniersidade Federal do Pará (UFPA) e Rafael de Paiva Salomão, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

Ao tratar de pesquisas sobre quantificação de biomassa vegetal, estoque de carbono, valoração ambiental e emissões de CO₂, aplicando conhecimento técnico à formulação de políticas e estratégias de mitigação climática, o professor Éder destacou o avanço das tecnologias na área, como o uso de drones para medições de carbono em áreas específicas.

Segundo ele, os dados científicos obtidos demonstram que as florestas valem mais em pé do que derrubadas, auxiliando na mensuração do valor econômico e ecológico dos ecossistemas. “A partir dessas métricas, conseguimos estabelecer valores reais para os serviços ambientais. Assim, quem preserva pode ser remunerado por isso. Essa foi a tônica do nosso painel: mostrar que é possível medir, valorar e, com base nisso, incentivar a conservação”, explicou o professor.

Ele complementou ressaltando que uma árvore preservada tem muito mais valor do que quando derrubada. “Uma árvore em pé vale quase cinco vezes mais, em termos de mercado, do que uma árvore cortada para venda de madeira. Só o carbono que ela estoca já representa um valor superior, sem contar outros serviços ecossistêmicos que são perdidos quando ocorre o desmatamento”, reforçou.

Entre os participantes, Áurea Almeida, doutoranda em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), destacou a importância de compreender diferentes perspectivas sobre o mercado de carbono. “É fundamental entender todos os lados e partir da realidade para aprender. O painel foi muito proveitoso ao mostrar a diversidade de estudos e pesquisas sobre os serviços ecossistêmicos e seus apagamentos. Embora eu tenha ressalvas em relação à precificação, é importante compreender de onde partem essas agendas ambientais”, afirmou.

Ela acrescentou ainda que este é o momento de incluir as populações que vivem da floresta nos debates e decisões. “É preciso cuidado com os discursos e promessas, para que haja equilíbrio entre o que se espera e o que de fato pode acontecer”, observou.

Encerrando o painel, o professor Éder ressaltou que a conciliação entre produção e preservação é o caminho possível para o desenvolvimento sustentável. “A expansão agrícola e a produção de alimentos podem coexistir com a preservação ambiental. O essencial é o equilíbrio. Pesquisar, dialogar e ouvir as partes envolvidas é o que realmente nos faz avançar. Estar aqui no Pavilhão Pará, com espaço para debater, expor e ser ouvido, é exatamente o que precisamos”, concluiu.