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COMBATE

Falta de informação e medo impedem denúncias contra o tráfico de pessoas

Por Redação - Agência PA (SECOM)
30/07/2015 18h31

Propostas imperdíveis de emprego, salários que vão ajudar a família inteira, facilidades para mudar de cidade, fazer compras, realizar cirurgias, estudar no exterior. Repentinas promessas de uma vida melhor, que saltam aos olhos de quem não conhece o funcionamento de uma rede de aliciadores do tráfico de pessoas. Nesta quinta-feira, 30, entidades em todo o mundo organizam ações em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas. “A sociedade precisa procurar informação e denunciar, precisamos que a população comece a se manifestar sobre o assunto”, acredita a coordenadora de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH), Leila Silva.

Essa falta de informação é a causa da subnotificação que abate esse problema social. “Na nossa coordenadoria, de 2011 a 2015 tivemos 70 atendimentos, dentro desse total 58 eram casos de tráfico de pessoas. A gente não consegue visualizar o número real por causa de uma falta de denúncia, temos uma subnotificação por causa do medo. Ela pode ser aliciada por um próprio parente ou por alguém muito importante dentro da sua comunidade. Isso é um obstáculo para a pessoa denunciar ou pelo menos pedir ajuda”, comenta a coordenadora.

O Pará é o terceiro estado do Brasil com mais casos de tráfico de pessoas. “O problema é que as pessoas não buscam informação. Quando chega pra gente a situação já aconteceu. Aí, já vamos no caminho do resgate, a questão da quebra do vínculo familiar, fazer reencaminhamento. Aqui a gente tanto recebe, quanto exporta. Dentro desse ciclo de atendimento, temos muitas mulheres indo para a Espanha e Holanda, para prostituição. Homens para o garimpo, no Suriname e Guiana Francesa. E os nossos adolescentes do grupo LGBT, para são Paulo e Goiânia, para troca de sexo. Mas também recebemos, os grandes projetos atraem esse tipo de ação também”, acrescenta Leila Silva.

A Polícia Civil do Pará também tem uma frente de combate a casos como esses, com a Divisão de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAV). “Infelizmente temos poucos casos notificados. O crescimento é pequeno. Na verdade tivemos um pico de denúncias em 2013, com sete casos, e relacionamos isso à veiculação de uma novela que falava sobre o assunto. Já em 2014, caímos para cinco casos, e até agora em 2015 são dois registros. Ainda temos a questão de que muita gente não tem a compreensão que está sofrendo um crime bárbaro”, afirma a titular da DAV, delegada Simone Edoron.

Investigar quadrilhas que ajam com esse propósito requer parceria. “Esse é um negócio rentável, menos apenas que o tráfico de drogas e de armas. Por isso são redes muito grandes, então sempre fazemos parcerias com as polícias civis de outros estados para achar os cativeiros”, comenta.

Ainda há a dificuldade de encontrar homens e mulheres adultos que escolhem continuar vivendo da mesma forma. “O nosso maior desafio hoje são vítimas que não se entendem como vítimas já que vêem naquela exploração o único meio de sobrevivência. Além da relação com o aliciador que também é acolhedor com essas pessoas, nos casos dos adolescentes travestis que buscam a troca de sexo, por exemplo, muitos são expulsos de casa”, explica a delegada.