Com olhar de pai, servidores da Artran compartilham histórias de cuidado e dedicação
Atuando em portos, terminais e rodovias, servidores transformam o olhar paterno em acolhimento e segurança para a população paraense

Em alusão ao mês dos pais, a Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos de Transporte do Pará (Artran) reuniu relatos emocionantes de servidores que, além de profissionais dedicados à mobilidade intermunicipal, compartilham o compromisso de cuidar: dentro e fora de casa. São 58 colaboradores espalhados por portos, terminais e postos de fiscalização nas diversas regiões do estado que aplicam no dia a dia o mesmo olhar atento e afetuoso que dedicam a seus filhos.

Presentes em cidades como Belém, Abaetetuba, Altamira, Itaituba, Marabá, Santarém, Soure, Almeirim, Castanhal, Breves, entre outras, esses servidores garantem que milhares de passageiros viagem com segurança, respeito e atenção, valores que também norteiam a paternidade.
Cuidado que nasce da experiência
Nos portos Amazonat e Rodofluvial Barcarena, no Ver-o-Peso, em Belém, Anderson da Costa e Silva, controlador de transporte de 40 anos, vai além da fiscalização. Pai de Alice, 14, e de Guilherme, 6 (que possui Transtorno do Espectro Autista) ele percebeu que o papel de servidor público também envolve escuta e empatia. “Tem sirenes de barco que passam de 300 decibéis. Quando elas tocam, algumas crianças ficam muito nervosas, outras desistem de viajar. A gente conversa com os comandantes para segurar a sirene, explicando que há crianças com TEA. Esse cuidado só virou rotina porque hoje temos controladores que são pais. Antes, não havia essa sensibilidade”, relatou.

Anderson conta que se sentiu tocado ao iniciar sua atuação no transporte aquaviário. “Lembrei que estava ali por causa da minha esposa e filhos. Isso me dá gás. Já levei meus filhos para me verem trabalhando, e eles ficaram encantados. O olhar de pai torna tudo mais fácil. A gente passa a ver as pessoas com mais empatia”, completou.
A experiência da paternidade também trouxe novos significados para o trabalho de Lucas Ferreira, de 27 anos, pai da pequena Isadora, de apenas 1 ano e 4 meses. Mesmo com pouco tempo na função, ele já vivenciou situações marcantes no terminal onde atua. “Ajudei uma mãe sozinha com três filhos. As crianças tinham gratuidade, mas ela não tinha como pagar a própria passagem. Conversamos com os operadores e conseguimos ajudá-la. Cheguei em casa, abracei minha filha e agradeci a Deus. Aquilo me marcou”, recordou.
Acolhimento e orientação no trajeto

No porto de Arapari, na Cidade Velha, o controlador Gilberto Marçal, de 46 anos, também reforça o cuidado com os passageiros. Pai de dois filhos, um de 23 anos e outro de apenas 3, ele acompanha diariamente o desembarque de pessoas que vêm do interior do estado em busca de tratamento de saúde na capital.
“Muitas chegam sem saber para onde ir. Como servidor e pai, me sinto na obrigação de orientar, garantir que não sofram acidentes, que conheçam seus direitos. A gente se sensibiliza com essas histórias”, afirmou.
Na fiscalização do transporte rodoviário intermunicipal, a dedicação paterna também se traduz em atenção redobrada. Rildo Gonçalves de Almada, 59 anos, atua em Abaetetuba, sua cidade natal, e é pai de quatro filhos. Para ele, o cuidado vai além da técnica.

“Sinto amor de pai por cada passageiro. Saber que ele vai viajar com segurança e conforto me deixa em paz. É como se eu estivesse ajudando a cuidar da família de alguém”, contou, destacando que sempre incentivou seus filhos a estudarem e tratarem as pessoas com respeito.
Com trajetória que remonta à década de 1970, João Batista Henrique de Oliveira, 73 anos, soma mais de 50 anos de serviço público. Pai de quatro filhos e avô de cinco netos, ele guarda com orgulho a lembrança de quando seu pai o levou, ainda jovem, para trabalhar no antigo Departamento de Rodagem do Estado. “Eduquei minha família com o que aprendi aqui. A vida me ensinou que transporte também é cuidar de gente”, afirmou, emocionado.
Liderança com sensibilidade

Celso Cruz, gerente do transporte aquaviário da Artran, também representa o espírito paterno no ambiente profissional. Aos 70 anos, com três filhos e cinco netos, ele já atuou como professor e há mais de 16 anos dedica-se à fiscalização dos transportes fluviais no estado. “Trato todos como filhos. Quando se tem um olhar de pai, a convivência no trabalho se torna mais humana. Tento sempre entender as dificuldades dos operadores e apoiar os servidores. Quando eles crescem e se fortalecem, quem ganha é toda a população”, destacou Celso.
Para ele, a paternidade ensina lições que ultrapassam os laços familiares. “Cuidar, escutar, aconselhar. Isso também vale no ambiente profissional. O importante é inspirar e ajudar o outro a crescer”, completou.