Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
SAÚDE

Feira do Açaí recebe Semana de Combate ao Escalpelamento

Por Redação - Agência PA (SECOM)
24/08/2015 15h28

Nesta segunda-feira (24), membros da Coordenação Estadual de Mobilização Social da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) iniciaram pela Feira do Açaí, em Belém, a “I Semana Estadual de Prevenção e Combate aos Acidentes de Motor com Escalpelamento na Mobilidade Ribeirinha”. Com o tema “Erradicar o escalpelamento: um compromisso de todos”, a mobilização tem caráter itinerante pelo interior do Estado e prossegue até sexta-feira (28), quando se celebra a data nacional alusiva em evento a ser realizado no Centro de Inclusão Integrado de Cidadania (CIIC), na capital.

O objetivo é convencer a população a adotar estratégias para evitar o escalpelamento - acidente causado pelo eixo exposto dos motores das embarcações que, ao enroscar e puxar os cabelos longos das meninas e mulheres, arranca parte ou todo o couro cabeludo, podendo levar até à morte.

Esse tipo de agravo é muito recorrente no Pará, cujas características geográficas contribuem para que a população utilize as embarcações como meio de transporte principal, sobretudo às proximidades de festas religiosas e períodos de férias escolares. Só este ano, até o momento, já foram registrados oito casos. Em 2014, chegou-se a registrar uma morte entre as 11 vítimas escalpeladas no Pará. Já no ano anterior, o número de acidentadas chegou a 10.

“Mulheres e crianças são as maiores vítimas, e geralmente ficam graves sequelas físicas e psicológicas”, explica a coordenadora estadual de Mobilização Social da Sespa, Socorro Silva, que esteve na linha de frente das ações de panfletagem que ocorreram ainda em dois portos, o do Açaí e da Palha, também na capital paraense, que são apontados por concentrar grande movimentação de barqueiros e pessoas que adotam as linhas fluviais. 

Grande parte das vítimas é oriunda dos municípios do Arquipélago do Marajó e do oeste paraense, mas ao todo são 42 os que possuem maior incidência. De 1982 até agosto de 2015 foram registrados 505 acidentes com escalpelamento. O cenário estagnou nos últimos anos, com média de 10 a 12 casos por ano.

“A maior parte dessas vítimas é de ribeirinhos, que têm no barco seu principal meio de transporte. O fato de descentralizarmos essas ações para o interior é uma forma de fazer com que também os profissionais dos municípios alertem a população para hábitos simples, como fazer um 'pitozinho' no cabelo, usando de uma linguagem que o povo compreenda de imediato”, explica Socorro Silva.

Neste ano, a mobilização conta com a parceria da Fundação de Telecomunicações do Pará (Funtelpa) e o apoio contínuo dos outros 15 órgãos que formam a atual Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento (CEEAE). Conforme a programação, a Ilha do Combu, em Belém, e a Ilha do Maracujá, em Acará, serão visitadas pelas equipes nesta terça-feira (25).

As ações incluirão palestras em escolas públicas com distribuição de material educativo e ação de cobertura de carenagens, que será realizada pelos militares da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), responsável pelas ações de segurança naval nos rios do Pará, das quais destaca-se a colocação de proteção no eixo do motor, procedimento feito em parceria com a Sespa e que desde 2009, por meio de lei federal, tornou-se obrigatório. Desde então, mais de 3 mil embarcações receberam proteção nos eixos. A instalação não tem custo para o dono da embarcação, porque é patrocinada por empresas privadas.

Na quarta-feira (26), os municípios de Abaetetuba, Muaná, Portel e Oriximiná farão ações alusivas ao tema, seguidos por Igarapé-Miri, que realizará mobilização na quinta-feira (27). No Dia Nacional de Combate ao Escalpelamento, que acontece na sexta-feira (28), ocorrerá em Belém o encerramento do ciclo de mobilizações com o lançamento da Campanha Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento, fruto da parceria com a Funtelpa, que acontecerá na sede do Centro de Inclusão Integrado de Cidadania (CIIC), após uma manhã de discussões e exposições sobre as atividades realizadas para conter esse tipo de agravo no Pará.

O evento também será uma oportunidade do visitante conhecer ou lembrar dos trabalhos já realizados pela CEEAE, que já renderam dezenas de campanhas de prevenção e mutirões, inclusive no interior do Estado, durante as atividades da Caravana Pro Paz, quando foram reforçados os compromissos com 36 comitês municipais de combate a esse tipo de acidente.

Em vésperas de datas especiais, como Carnaval, Círio de Nazaré e Natal, a CEEAE ainda distribui cartazes e material informativo em portos, com o objetivo de conscientizar turistas e ribeirinhos sobre o problema. Também são divulgadas informações sobre o atendimento às vítimas, que hoje é oferecido pelo Programa de Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), realizado na Santa Casa do Pará, em Belém, e sobre o acesso ao Tratamento Fora de Domicílio (TFD), um benefício fornecido pelos municípios aos pacientes que precisam cuidar das sequelas fora da cidade de origem.

Formam a CEEAE atualmente a Sespa; Marinha do Brasil; Fundação Santa de Misericórdia, por meio do Espaço Acolher e Paives; Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster); Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh); Secretaria de Estado de Educação (Seduc); Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos no Estado do Pará (Arcon); Ong dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor (Orvam); Fundacentro; Defensoria Pública da União (DPU); Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte); Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (Unicef); Ministério Público do Estado (MPE); Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência de Ananindeua; Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) e Sociedade Paraense de Pediatria (Sopape).