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Projeto de pesquisa faz mapeamento territorial, em combate à mineração ilegal

Iniciativa da Unifesspa, com apoio da Fapespa, mapeia formações geológicas e fortalece a fiscalização ambiental no sudeste do Pará

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
23/05/2025 13h50

Para suprir a carência de mapeamento geológico detalhado na Amazônia Sul-Oriental, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) está apoiando um projeto desenvolvido por professoras da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Intitulada "Conhecimento Geológico para Preservação do Patrimônio Natural e Combate à Mineração Ilegal", a pesquisa busca aprofundar o conhecimento sobre os recursos minerais da região, além de contribuir para a preservação ambiental e o enfrentamento da exploração clandestina.

O estudo é coordenado pelas professoras doutoras Gilmara Feio e Cristiane Teixeira, da Faculdade de Geologia da Unifesspa, e se concentra nas áreas de transição entre as províncias geológicas de Carajás e Maroni-Itacaiúnas, que abrangem os municípios de Marabá, Itupiranga e Parauapebas, no sudeste do Pará.

"A Amazônia, especialmente no Pará, é extremamente rica em recursos minerais, mas também está entre as regiões mais ameaçadas pela mineração ilegal. O mapeamento geológico nos permitirá identificar áreas sensíveis, promover a exploração legal e sustentável e, ao mesmo tempo, evitar a degradação ambiental", afirma a coordenadora Gilmara Feio.

Mapeamento como ferramenta de preservação

Com a elaboração de mapas geológicos e relatórios técnicos, o projeto visa fornecer dados estratégicos a órgãos como o Serviço Geológico do Brasil e a Agência Nacional de Mineração (ANM), que hoje enfrentam limitações devido à escassez de informações precisas sobre o subsolo da região.

O Pará lidera o ranking nacional de arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Em 2021, segundo a ANM, o estado arrecadou R$ 3,1 bilhões, sendo 85,77% desse valor oriundo do minério de ferro. A mineração representa 26,3% do PIB estadual, mas a ausência de estudos geológicos detalhados compromete o planejamento estratégico e a segurança mineral.

Ciência aliada à sustentabilidade

Financiado pela Fapespa, o projeto vai além do diagnóstico técnico. A iniciativa também visa capacitar profissionais da área, por meio de cursos e atividades de formação em parceria com instituições como a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Instituto Tecnológico Vale (ITV), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisa está alinhada às diretrizes do Plano de Mineração do Estado do Pará 2014–2030 e busca fomentar uma mineração mais segura, legal e sustentável. Os resultados serão utilizados por órgãos públicos para ampliar o banco de dados geológico da região e contribuir com o planejamento territorial.

Protagonismo feminino na ciência

A pesquisa integra a chamada pública "Fortalecimento de Grupos de Pesquisa Liderados por Mulheres no Pará", promovida pela Fapespa em parceria com a Secretaria de Estado das Mulheres (Semu). Para o diretor-presidente da Fundação, Marcel Botelho, o projeto é um exemplo do impacto positivo do investimento em ciência com diversidade.

"Ao apoiar projetos como este, o Governo do Pará reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, a inclusão de mulheres na ciência e o fortalecimento da bioeconomia. A presença feminina em áreas estratégicas como as Geociências precisa ser valorizada, e é isso que temos feito com resultados concretos", destaca Botelho.

Para a pesquisadora Gilmara Feio, o projeto também representa uma conquista simbólica:

“Ainda hoje, as Geociências são marcadas por uma predominância masculina. Ao abrir espaço para a liderança feminina na pesquisa geológica, especialmente em uma região onde a mineração é tão relevante, estamos também promovendo igualdade, diversidade e inovação”, conclui.

 

Texto: estagiária Alice Mendonça, sob supervisão da jornalista Manuela Oliveira