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Rede Estadual intensifica Busca Ativa Escolar para garantir direito à educação

A iniciativa do Governo do Pará, por meio da Seduc, reintegra crianças e adolescentes ao ambiente escolar, enfrentando as causas da evasão

Por Bianca Rodrigues (SEDUC)
23/05/2025 08h30

A educação transforma vidas, mas nem todas as crianças e adolescentes conseguem chegar à escola ou nela permanecer. Por motivos familiares, sociais ou emocionais, muitos acabam se afastando do ambiente escolar. É nesse contexto que um trabalho essencial se destaca: a Busca Ativa Escolar. O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), tem implementado estratégias para identificar, acompanhar e apoiar estudantes em situação de vulnerabilidade, com o objetivo de garantir a continuidade da aprendizagem.

De acordo com a Seduc, uma das ações mais importantes dentro desse processo é a visita domiciliar. Ir até a residência do estudante demonstra o compromisso da escola com cada aluno, além de ser uma oportunidade para compreender, de forma mais profunda, os motivos que levaram à ausência. Essa abordagem humanizada permitiu que o diretor da Escola Estadual Professora Emiliana Sarmento Ferreira, Fabrício Santa Brígida, estabelecesse um diálogo direto com a família, conhecendo o contexto social e familiar do aluno e construindo, juntos, soluções para o retorno e permanência na escola.

“É muito gratificante ver que nosso trabalho está dando resultado. As ações desenvolvidas na escola, o acolhimento, o envolvimento, o incentivo ao estudo, a valorização do ambiente escolar e a promoção da transformação social, estão, de fato, surtindo efeito na comunidade. Percebemos isso, por exemplo, quando buscamos um aluno que havia deixado de frequentar a escola e ele retorna, obtendo bons resultados. Esse é um exemplo claro do acolhimento e da parceria com as famílias, que têm gerado bons frutos. Nossa nota no Ideb subiu de 4,7 para 6,4. Isso é resultado do esforço coletivo, da dedicação da equipe e do vínculo com os alunos e suas famílias”, relata Fabrício Santa Brígida, diretor da Escola Estadual Professora Emiliana Sarmento Ferreira.

Escolas dispõem de ferramentas para acolher e incentivar alunos

"Lugar de criança é na escola, aprendendo, se desenvolvendo e se preparando para o agora e para o futuro. Seja por questão econômica, por insegurança familiar ou alimentar, entre outros motivos que impactam a vida dos nossos estudantes, é papel também da escola dispor de todas as ferramentas possíveis para alcançar esse aluno, para melhor apoiá-lo dentro das possibilidades. A escola é também esse espaço de acolhimento, de direcionamento, precisamos trabalhar juntos para que todos tenham a chance de frequentar a escola, de receber educação de qualidade", disse Rossieli Soares, secretário de Estado de Educação do Pará.

As escolas estaduais realizam o acompanhamento diário da frequência dos estudantes e mantêm uma lista sempre atualizada. Quando há faltas justificadas, os responsáveis comparecem à escola para registrar a justificativa. Nos casos em que não há justificativa e o contato telefônico não é possível, a equipe realiza visitas domiciliares para entender e acompanhar a situação.

Na Escola Estadual Graziela Moura Ribeiro, que atualmente atende 535 estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio em tempo integral, o limite de faltas injustificadas por aluno é de cinco. “A Busca Ativa é essencial para trazer o estudante de volta à escola e reforçar a importância da educação para seu futuro. Na escola, acompanhamos a frequência diariamente com apoio de tecnologia, que nos fornece dados sobre presenças, ausências e rendimento. Quando há faltas frequentes, tentamos contato com os responsáveis e, se não conseguimos, realizamos visitas às residências", afirma Carmem Noronha, diretora da Escola Graziela Moura Ribeiro.

'Se o aluno não vem à escola, a escola vai até ele', diz diretora escolar

A diretora escolar Carmem Noronha destaca que, "nas visitas, encontramos diversas realidades, como alunos que cuidam de familiares doentes. Orientamos sobre a necessidade de justificativas e sensibilizamos os professores. Se o aluno não vem até a escola, a escola vai até ele, sempre com o objetivo de construir, juntos, uma educação mais forte para o Pará”, afirma.

Durante este mês de maio, escolas dos 144 municípios estão unidas em uma grande ação: a ‘Mobilização Busca Ativa Escolar’. Educadores, gestores e comunidades escolares estão empenhados em localizar e reintegrar estudantes que, por diversos motivos, se afastaram da escola.

No município de Medicilândia, a Escola Estadual Francisca Gomes dos Santos realizou ações que incluíram, além de visitas domiciliares, panfletagens, rodas de conversa com famílias, reuniões com conselhos escolares e contatos individuais com os estudantes. “Na última semana, realizamos uma panfletagem da Busca Ativa nos bairros mais afastados da cidade e já estamos começando a perceber resultados positivos: alguns alunos estão retornando às aulas. Elaboramos também uma noite de jogos com pais e alunos, além de um conselho com pais e responsáveis. Essas ações que temos realizado estão, de fato, surtindo efeito”, relata Grace Samuelsson, diretora da Escola Estadual Francisca Gomes dos Santos.

Estudantes são envolvidos na mobilização sobre a importância dos estudos

Muitos estudantes participaram ativamente das ações da Busca Ativa Escolar, ajudando a conscientizar a comunidade sobre a importância da presença e permanência. “Na minha sala, não houve casos de faltas excessivas, mas notei o retorno de alguns colegas. A Semana de Mobilização mostrou como a presença na escola é essencial e revelou que, em outras turmas, há muita infrequência. A educação é um direito, e estar na escola é também um dever”, afirmou Davi Neto, estudante da 2ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Francisco Nobre de Almeida, em Monte Alegre.

Para além das questões sociais, familiares e emocionais, ter um processo educacional que dialoga com a realidade dos estudantes é também um ponto muito relevante, como destaca o secretário. "Nossos estudantes precisam enxergar na escola uma oportunidade de melhorar suas vidas, a escola precisa dialogar com as necessidades reais de cada um deles, propor aprendizagens factíveis. Para isso temos investido em uma matriz curricular robusta, com mais tempo de aula e atualizada, em alimentação escolar de qualidade, em escolas de Ensino Integral, em infraestrutura, em segurança e harmonia escolar, no componente curricular de Projeto de Vida - responsável por transversalizar as aprendizagens com os objetivos e sonhos dos estudantes -, entre outras ações e programas fundamentais como o Bora Estudar", explicou.

Bora Estudar - Lançado em setembro de 2023, o Bora Estudar é o maior programa de reconhecimento de desempenho escolar para estudantes da rede estadual, o cheque é entregue por meio do programa habitacional "Sua Casa", que pode ser utilizado na aquisição de materiais de construção para reforma e ampliação das residências dos alunos, em uma parceria da Seduc e Companhia de Habitação (Cohab).

Em sua primeira edição, o Bora Estudar premiou com cheques de R$ 10 mil estudantes que obtiveram notas a partir de 900 na Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 ou que tiveram melhor desempenho em sala de aula. O Governo do Estado já entregou 16.500 cheques do programa Bora Estudar, um investimento de R$165 milhões de reais para os estudantes.

Programa de Ensino Integral (PEI) - O Estado já efetivou 162 escolas com o modelo, superando em mais de cinco vezes o número dessas instituições na rede pública estadual de ensino. Em 2018, as escolas na modalidade integral no Pará atendiam 6 mil estudantes; em 2025, houve um salto para 48 mil matrículas, um aumento oito vezes maior na capacidade de atendimento. Um resultado que reflete o compromisso do Estado em proporcionar mais oportunidades aos estudantes, com o acesso a uma educação integral de qualidade.

Nova matriz curricular - Outra estratégia que contribui para os resultados positivos da rede pública estadual é a nova matriz curricular proposta pela Seduc, desde 2024. A carga horária das disciplinas ofertadas foi ampliada, passando de 1.800 para 2.400 horas, o que garantiu mais tempo de aprendizagem para os 500 mil estudantes paraenses. Componentes curriculares como Língua Portuguesa e Matemática ganharam mais dois tempos de aula, saindo de três para cinco tempos. Também foi acrescentado um tempo de aula nos componentes curriculares de Biologia, Química, Física, História e Geografia. De forma inédita no Brasil e no mundo, a Matriz Curricular oferta, inclusive, o componente de Educação Ambiental, Sustentabilidade e Clima, obrigatório para todas as etapas de ensino.

Mais do que trazer o estudante de volta, a Busca Ativa Escolar fortalece o vínculo entre escola, família e comunidade, e aprimora a ideia de que a educação transforma vidas. Em todo o Pará, a iniciativa quer evitar que nenhuma criança ou adolescente fique para trás.