Rede de sementes florestais é tema de oficina promovida pelo Ideflor-Bio em Marabá
Iniciativa foca no apoio à estruturação de redes de sementes para restauração ecológica, e criação de Núcleos de gestão de sementes e viveiros florestais

O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) está implementando, em conjunto com diversos parceiros, uma nova estratégia de governança voltada ao fortalecimento da cadeia produtiva de sementes nativas. A iniciativa tem como foco o apoio à estruturação de redes de sementes voltadas à restauração ecológica, com destaque para a criação de bancos de sementes e viveiros florestais, integrando-se aos planos do Governo do Estado para o uso sustentável das florestas públicas.
Neste sentido, o Instituto promoveu uma oficina de trabalho, na última semana, no auditório da Universidade do Estado do Pará (Uepa) - Campus Marabá, com diversas entidades e representantes da sociedade civil, a fim de discutir a temática. O evento teve como objetivo discutir os desafios e oportunidades para a consolidação de uma rede estruturada de sementes florestais, voltada à restauração ecológica e ao fortalecimento da cadeia produtiva no estado.

A programação foi organizada pelas diretorias de Gestão de Florestas Públicas de Produção (DGFLOP), Diretoria de Gestão de Unidades de Conservação (DGMUC), Diretoria de Desenvolvimento da Cadeia Florestal (DDF) e pelo Escritório Regional de Carajás. As atividades iniciaram às 8h com as boas-vindas aos participantes e seguiram com diversas apresentações, entre elas, do Projeto Prosaf, da vivência de coleta de sementes na Região Carajás, do Projeto Black Jaguar, Unidade de recuperação e da Estratégia da Rede de Sementes do Pará. Ao final, os participantes debateram os papéis e funções dos diferentes elos da restauração ecológica em um painel interativo em grupo.
Estratégia: comunidades como guardiãs das espécies florestais
Segundo a engenheira florestal e gerente de Contratos Florestais do Ideflor-Bio, Cíntia Soares, o plano propõe o incentivo à coleta de sementes pelas comunidades e a capacitação de moradores locais para a coleta e o beneficiamento de sementes. “A meta é transformar as comunidades em guardiãs das espécies florestais, com potencial para comercialização ou troca das sementes coletadas. O programa também visa fomentar a produção de mudas nativas pelas próprias populações, promovendo a inclusão socioeconômica e a conservação ambiental”, enfatizou.

O Pará tem 90,3 milhões de hectares de florestas públicas, desse total, 72% são destinados ao uso sustentável. Entre as Unidades de Conservação, cerca de 15,4 milhões de hectares são de uso sustentável, e 5,6 milhões têm proteção integral. Esse contexto demonstra a necessidade de um modelo eficiente de produção e distribuição de sementes que atenda à grande demanda por restauração ecológica.
Desafios - O Ideflor-Bio aponta desafios relevantes para a consolidação da cadeia produtiva. O Projeto Sistemas Agroflorestais (PROSAF), que analisa a produção de mudas, identificou uma demanda comunitária superior à atual capacidade de oferta, associada à baixa manutenção de parcerias e à limitada assistência técnica. No que se refere às sementes, os entraves incluem a escassez de coletores certificados, a ausência de regulamentação legal para a coleta em Unidades de Conservação e a dificuldade de atender demandas específicas, como a do setor cacaueiro.

A proposta também enfatiza a importância de superar desafios logísticos, como transporte e armazenamento das sementes, bem como a necessidade de incentivos fiscais, tributários e de uma legislação que fortaleça a comercialização e análise de sementes florestais nativas. Esses fatores são considerados cruciais para dar viabilidade econômica à atividade e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Etapas - Como próximos passos, o Ideflor-Bio pretende consolidar o decreto que cria a Rede Paraense de Sementes, implementar os núcleos de gestão nas regiões do Baixo Amazonas e do Xingu, além de desenvolver uma estratégia abrangente de capacitação de coletores e estabelecer os instrumentos jurídicos necessários para a efetivação da política estadual de sementes nativas.

Para o gerente do Escritório Regional de Carajás do Ideflor-Bio, Márcio Holanda, a oficina representa um avanço importante para a política ambiental do estado.
“Este encontro reforça nosso compromisso em integrar os diversos atores da restauração ecológica, unindo conhecimento técnico, experiências regionais e estratégias concretas para impulsionar a produção e o uso de sementes nativas. A região de Carajás tem um grande potencial para liderar esse movimento, e estamos empenhados em garantir que essa rede se consolide de forma eficiente e participativa”, destacou o gerente.