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Solistas de "Os Pescadores de Pérolas" descobrem as propriedades terapêuticas do jambo

Por Redação - Agência PA (SECOM)
15/09/2015 14h21

Ele não tem o charme de um bacuri, ou a presença marcante na gastronomia paraense como o cupuaçu, nem aparece entre as frutas preferidas do consumidor, por mais abundante ou vistoso que seja. Mas caiu nas graças do elenco de solistas do Festival de Ópera. Foi durante passeios pelo Ver-o-Peso, Praça da República e Parque da Residência que eles conheceram e tiveram a chance de experimentar, pela primeira vez, o sabor exótico do Syzygium jambos, mais conhecido como jambo. "Parente" de frutas como a goiaba, a pitanga, a jabuticaba e o eucalipto, o jambo está presente em muitos quintais da capital paraense, asim como nas praças, parques e bosques.

A soprano Camila Titinger viu o jambo pela primeira vez durante uma visita ao mercado do Ver-o-Peso. Mas foi na Praça da República que os solistas decidiram arriscar uma degustação. “Eu nunca tinha comido essa fruta”, conta ela. Ávidos consumidores de maçã durante os preparativos das récitas do Festival de Ópera do Theatro da Paz, o tenor Fernando Portari (Nadir) e o barítono Leonardo Neiva (Zurga) rapidamente descobriram as propriedades terapêuticas do jambu. Durante os exercícios de vocalização (aquecimento da voz), eles atentaram para uma mudança. “Percebemos que o jambo limpa a voz, tem um efeito adstringente”, atestam.

Desde então eles não dispensam um suculento jambo antes de entrar no palco, de tal maneira que a direção do Theatro da Paz abastece permanentemente o camarim dos cantores com exemplares da fruta. O próprio diretor cênico de “Os Pescadores de Pérolas”, o cineasta Fernando Meireles, encantou-se com o sabor exótico e já recolheu uma boa porção de sementes que pretende plantar no seu sítio, em São Paulo. Durante entrevista a uma equipe do jornal Folha de S. Paulo, Meirelles chegou a compartilhar alguns que havia ganhadao de uma das costureiras do figurino da ópera com a repórter Anna Virgínia Balloussier e o fotógrafo Gabriel Cabral. E como não podia deixar de ser, o jambo ganhou espaço na matéria, veiculada no último dia 8.

A percepção do efeito adstringente do jambo pelos cantores tem um fundo científico. Em sites da internet encontram-se registros sobre os benefícios do jambo para a saúde. A polpa de cor branca tem mais propriedades nutritivas e benéficas ao organismo humano do que se imagina, sendo uma excelente fonte de ferro e fósforo. Os frutos apresentam 28,2% de umidade, 0,7% de proteína e 19,7% de carboidratos. O fruto contém também as vitaminas A (beta caroteno), B1 (tiamina), B2 (riboflavina). E tem 50 de caloria.

O site www.saudedica.com.br vai mais longe e afirma que o jambo é diurético, fortalece o sistema imunológico, evita o envelhecimento precoce, combate a tosse, dores de cabeça e desarranjos intestinais. A raiz auxilia na expectoração, auxilia na formação de colágeno, reduz os efeitos dos radicais livres e ajuda contra a prisão de ventre.

O médico paulista André Duprat, otorrinolaringologista que atende Neiva e Portari, ficou surpreso com as informações reveladas por seus pacientes. Disse que nunca encontrou na literatura médica referências sobre os efeitos medicinais do jambo, principalmente sobre benefícios para as cordas vocais. “A maçã já é tradicional e tem, sim, esse poder; isso é bastante conhecido tanto no meio médico como entre os cantores líricos. Da mesma forma o gengibre, que é anti-inflamatório e age no trato gástrico. Entretanto, o uso prolongado ou abusivo de qualquer produto, na forma de medicamento ou in natura, pode causar efeitos colaterais. Não recomendo salvo em casos de problemas de saúde. O melhor que os cantores devem fazer é repousar a voz e fazer hidratação”, diz o médico. Leonardo Neiva, o Zurga da ópera de Bizet, diz que “não tem nenhuma pastilha que se iguale ao jambo. "Parece um bálsamo”, afirma.

De origem asiática - principalmente da Ilha de Java, Península Malaia, ilhas do Pacífico e também da Europa - o Syzygium jambos está presente em toda a faixa Tropical. Adaptado ao clima de chuvas abundantes, o jambo se deu bem na América do Sul e Central, marcando presença, notadamente, na Amazônia. Não há na historiografia regional informação sobre a chegada da fruta a Belém - ao contrário da mangueira, trazida por Antônio Landi, em meados do século XVIII, e incorporada à paisagem urbana da capital pelo intendente Antônio Lemos.