Protagonistas, estudantes de escola estadual de tempo integral lançam livro sobre vivência escolar
Os estudantes da Escola Estadual de Tempo Integral Celso Rodrigues, em Santo Antônio do Tauá, escreveram crônicas, poesias e ainda ilustraram o livro ‘Entre sussurros e risos: fragmentos de uma vida escolar’

A Escola Estadual de Tempo Integral Celso Rodrigues, em Santo Antônio do Tauá, na Região de Integração do Guamá, foi palco de um momento único, cheio de significado e orgulho para a comunidade escolar: o lançamento do livro "Entre sussurros e risos: fragmentos de uma vida escolar", escrito e lançado por estudantes da unidade escolar, na última sexta-feira (25). A obra, composta por crônicas e poesias, é fruto direto da criatividade e do esforço dos próprios estudantes e consolida um projeto pedagógico que uniu literatura, artes visuais e o protagonismo estudantil.
O projeto surgiu durante as aulas da disciplina de Língua Portuguesa e foi idealizado pelas professoras Danúzia Marjorye e Eliana Araújo. De acordo com as orientadoras da iniciativa, a ideia era incentivar o protagonismo dos estudantes e fazer com que eles explorassem a escrita como forma de expressão e registro de suas vivências escolares. A iniciativa ganhou corpo e contou com o apoio fundamental da gestão da escola que abraçou a proposta.

“A Escola Celso Rodrigues viveu um momento muito especial. O lançamento de um livro de crônicas e poesias produzido pelos alunos durante as aulas de Língua Portuguesa. Um projeto abraçado pela gestão da escola e que foi desenvolvido durante o ano de 2024 e culminou com o lançamento do livro, todo diagramado, todo pronto para ir para as livrarias mesmo. Os alunos autores que tiveram seus textos selecionados autografaram os livros e foi uma manhã muito especial, acredito que eles vão levar essa memória e ter uma lembrança muito bonita da escola, não só dos textos que eles produziram, mas desse dia de lançamento”, afirmou a professora Eliana Araújo.
Ainda segundo ela, a iniciativa é de suma importância para o desenvolvimento dos estudantes e novas edições do projeto já estão sendo cogitadas. “Os estudantes puderam entender a importância de participar das aulas, a importância de realizar as atividades de escrita, do quanto isso é transformador para a vida deles. Eles puderam sentir na pele o quanto é bom estudar e souberam que isso pode trazer resultados muito, muito positivos. E, com certeza, os alunos novos da escola vão levar essa lembrança e vão querer ter seus textos publicados na segunda edição do livro, que se Deus quiser ainda vai ser lançado em 2025”, comentou a educadora.
A obra não se limitou apenas à produção textual e também incluiu um componente artístico crucial com o apoio e orientação do professor de Arte, Kelso Palheta, que trabalhou em conjunto com os estudantes na criação de desenhos que ilustram o livro. Houve, inclusive, um concurso interno para selecionar a arte para a capa, o que estimulou ainda mais a participação da comunidade escolar e ainda revelou talentos. As ilustrações do livro, assim como os textos, são de autoria integral dos estudantes.

Para o estudante da 2ª série do Ensino Médio, Eduardo Pinheiro, o projeto foi um excelente motivador. “Como sempre, essa foi uma ótima iniciativa da escola que, assim como outras, a exemplo do piquenique literário, trouxe um incentivo para o foco na escrita. Só que, diferentemente do piquenique, que tinha o objetivo de incentivar os estudantes à leitura, o projeto do livro veio nos incentivar a produzir nossas próprias literaturas, tendo como base a escola. Só que, para não ficar com esse foco total na escola, para não ficar aquela coisa muito genérica, os professores envolvidos no projeto deram várias ideias de como isso poderia ser feito, como por exemplo, compartilhar experiências na escola. E eu digo que isso realmente deu muito certo, porque eu estava lendo as crônicas e os poemas do livro e achei muito interessante, gostei bastante, ficou uma coisa assim bem completa, teve sentimento, teve comédia, teve de tudo. Para mim, foi um momento de superação e eu também ajudei na parte das ilustrações. A obra toda ficou muito linda”, disse.
Ensino integral - As escolas estaduais de ensino integral mantêm jornada de 9 horas diárias e 45 horas semanais ou 7 horas diárias e 35 horas semanais. A jornada integral proporciona mais recursos para o desenvolvimento do estudante, a fim de formar indivíduos autônomos, solidários e competentes. As escolas com jornada integral também garantem aos estudantes três refeições diárias (almoço e dois lanches).

“Esse é um modelo que melhora muito o aprendizado dos novos estudantes, garantindo maiores oportunidades de desenvolvimento pessoal e realização de seus projetos de vida. Não é só ter mais tempo na escola; é contar com um suporte pedagógico robusto, com milhares de projetos, clubes e outras ações que potencializam o processo de ensino. Além disso, os estudantes do ensino integral geram maiores vínculos com a escola, o corpo docente e outros estudantes, fortalecendo o pertencimento e, consequentemente, aprendendo mais”, explicou Rossieli Soares, secretário de Estado de Educação do Pará.
Para 2025, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) efetivou mais 49 unidades que adotaram o Programa de Ensino Integral (PEI), totalizando 161 escolas com esse modelo pedagógico.
Além do aumento no número de escolas, o impacto dessa expansão é claramente visível no crescimento das matrículas. Em 2018, as escolas na modalidade integral no Pará atendiam 6 mil alunos; em 2025 houve um salto para 48 mil matrículas, um aumento oito vezes maior na capacidade de atendimento. Um resultado que reflete o compromisso do Estado em proporcionar mais oportunidades aos estudantes, com o acesso a uma educação integral de qualidade.
Com essa expansão, o Pará consolida um modelo de educação que busca equidade e excelência, garantindo que mais estudantes tenham acesso a uma formação educacional integral que prioriza diversas áreas do conhecimento e o desenvolvimento humano.