Santa Casa do Pará é referência no acolhimento e tratamento de povos indígenas
Instituição centenária da rede pública estadual de saúde fortalece o respeito à diversidade cultural dos povos originários que habitam o território paraense
A Santa Casa do Pará, instituição de saúde centenária sediada em Belém, se tornou referência no atendimento à saúde de povos indígenas, criando estratégias de acolhimento e tratamento de usuários de várias etnias que habitam o vasto território paraense. Essa diretriz reforça a necessidade de manter profissionais de saúde preparados para lidar com a diversidade cultural desse público, garantindo assistência adequada e eficaz. A Fundação Santa Casa é um polo permanente de atendimento aos povos indígenas do Pará, em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Norma Assunção, diretora Técnica Assistencial da Fundação Santa Casa, destaca que a instituição, até pela sua história como primeiro hospital do Estado (mais de 370 anos de funcionamento), é uma referência de atendimento aos povos indígenas. “Temos sempre conversas com os responsáveis pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), da saúde do indígena, para que nós possamos sempre alinhar esse processo de trabalho, o acolhimento, a assistência aos nossos indígenas dentro da instituição”, ressalta a gestora.

“Hoje, a Santa Casa procura, com todo o seu desenvolvimento, traçar a melhor forma de atendimento para os povos indígenas, que têm suas peculiaridades, costumes. Nossa equipe vem se desenvolvendo para ter esse olhar a esse público, que é de suma importância para a nossa região por toda a sua história dentro do nosso Estado e do nosso País. E a instituição sempre acolheu, e continua através desse processo de acordos, de contratos com os diversos órgãos”, acrescenta Norma Assunção.

Avanço - Nos últimos anos, com a aplicação de legislações específicas e reformulação de protocolos, pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da Santa Casa contam com equipes multiprofissionais especializadas, o que representa um avanço em termos de tratamento, reitera a médica intensivista Nelma Machado, coordenadora da UTI Adulto.
“A gente cria grupos de assistência individualizada, à beira do leito. É a equipe de referência ao lado do doente, para que a gente consiga redobrar esse cuidado. Nesse olhar individualizado, a gente faz o atendimento aos povos indígenas e a outros grupos respeitando suas crenças, direitos e culturas. O atendimento é uma rotina que busca o interesse maior de cada paciente”, afirma a médica.
Em 2019, foram atendidos mais de 200 pacientes de diferentes etnias. Em 2020, mesmo com toda a complexidade imposta pela pandemia de Covid-19, a Santa Casa atendeu mais de 190 indígenas, de vários municípios paraenses.
Nos anos de 2021, 2022, 2023 e 2024, e nos três primeiros meses de 2025, houve cerca de 800 atendimentos de indígenas das etnias Kayapó, Tembé, Assurini, Arara, Parakanã, Xikrim, Kaapor, Amanayé e Araweté.
Valor coletivo - Segundo publicação da Agência Câmara de Notícias, a denominação Dia dos Povos Indígenas - 19 de Abril, foi instituída pela Lei nº 14.402/22, após aprovação do Projeto de Lei nº 5.466/19, de autoria da deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR). Atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, Joenia Wapichana diz que o objetivo de renomear a data (antes chamada Dia do Índio) foi ressaltar, de forma simbólica, não o valor do indivíduo estigmatizado como "índio", mas o valor dos povos indígenas para a sociedade brasileira.
Norma Assunção, diretora da Fundação Santa Casa, destaca o olhar diferenciado multidisciplinar dos servidores da instituição aos povos originários. “Sempre trabalhamos com esse olhar multi. É importante que nós tenhamos uma equipe multidisciplinar, que possa realmente ver aquele indivíduo como um ser integral diante de várias necessidades. E aí a nossa equipe multi tem, realmente, um papel importante nesse cuidado”, afirma.