Concessão inédita de reflorestamento lançada pelo Pará é destaque em evento sobre parcerias público-privadas
Titular da Semas, Raul Protázio Romão, apresentou a modalidade no maior encontro sobre PPPs em Lima, no Peru

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará, Raul Protázio Romão, destacou, na quarta-feira (9), em Lima, no Peru, a primeira concessão para reflorestamento do Brasil, lançada pelo Pará. O titular da Semas participou da plenária “Inovação para um impacto sustentável” no PPP Américas, principal evento da América Latina e do Caribe focado em Parcerias Público-Privadas (PPP), organizado a cada dois anos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A plenária contou com participações de Byung Chul Won, vice-presidente executivo da Korea Overseas Infrastructure and Urban Development Corporation; Sandra Navarro, assessora do gabinete do Ministério do Planejamento e Política Econômica da Costa Rica; e Garo Batmanian, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro. A moderação foi de Gian Franco Carassale, diretor de Infraestrutura e Energia para a América Central, México e Caribe do BID Invest.

Representando o estado amazônico que se prepara para sediar a COP30, a Conferência do Clima das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém em novembro deste ano, Raul Protazio Romão reforçou o papel estratégico das políticas públicas na viabilização de investimentos sustentáveis. “O Estado do Pará tem uma visão de que as parcerias público-privadas são fundamentais para a transição socioeconômica de baixo carbono. É dessa forma que conseguiremos viabilizar negócios sustentáveis buscando maximizar retornos e benefícios à população”, afirmou.
Segundo o secretário, essa lógica torna essencial a atuação do poder público para criar as condições que atraiam e deem segurança aos investimentos. “Para transformar os negócios, são necessárias algumas condições habilitantes, caso contrário, o capital privado não aterriza. Esse ambiente regulatório de redução de risco é papel da política pública”, destacou.
O titular da Semas apresentou como exemplo concreto a concessão para restauração de 10,3 mil hectares de uma área que foi ilegalmente desmatada no Pará e se tornou a primeira área a ser concedida para reflorestamento no Brasil. O projeto da Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu (URTX) prevê a remuneração do concessionário pelo mercado de carbono. O investimento privado estimado é de R$ 258 milhões, com expectativa de gerar uma receita total de R$ 869 milhões e criar aproximadamente dois mil empregos na região.

“O governo desenvolveu um Plano de Atuação Integrada, com investimentos no entorno da região, como saúde, educação, infraestrutura viária, regularização fundiária e ambiental. Isso reduz o risco do projeto e melhora as condições de investimento”, explicou Raul Protázio.
O secretário também chamou atenção para o momento inédito que o mundo atravessa em relação à restauração ecológica, comparando-o com o surgimento da construção civil moderna. “Estamos num momento da história equiparável ao que a construção civil viveu no início do século XX. Estamos descobrindo novos processos, novos materiais. Mas, diferentemente daquele tempo, agora não temos o luxo da espera, dada a urgência climática”, disse.
Para ele, a tecnologia pode ser uma aliada crucial na aceleração da recuperação ambiental: “A inteligência artificial pode encurtar, e muito, o tempo necessário e nos dar a velocidade que precisamos para a otimização dos processos de restauração, reduzindo o custo e melhorando o retorno ambiental”.
A participação do Pará, que foi recebida com interesse pelos participantes do evento, reforça o papel de liderança do estado na agenda ambiental global e o potencial das parcerias público-privadas para destravar investimentos sustentáveis na Amazônia.
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