Com investimentos do Governo do Pará, Hospital Ophir Loyola realizou mais de 46 mil atendimentos oncológicos em seis anos
No Dia Mundial da Luta Contra o Câncer, o HOL é um modelo de investimentos em processos de melhoria contínua, capacitação das equipes e ampliação dos serviços para a população do Estado

Nesta terça-feira, 8 de abril, Dia Mundial da Luta Contra o Câncer, o Hospital Ophir Loyola (HOL) reafirma o compromisso como o principal Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) da Região Norte do Brasil. No período de 2019 a 2024, a instituição realizou mais de 46 mil atendimentos a pacientes oncológicos, provenientes de diversas regiões do Estado, com idades, histórias e etnias distintas. Esses números refletem o papel fundamental do hospital no enfrentamento da doença, oferecendo cuidados especializados integrais a uma população diversificada.
Dentre os principais tipos de câncer registrados no período, os casos mais recorrentes nos homens foram de cânceres de próstata (1.894), estômago (1.187) e pele (979). Entre as mulheres, o câncer de mama liderou o ranking com 3.271 atendimentos, seguido pelo câncer do colo do útero (2.757) e câncer de pele (879).
Para Danielle Feio, oncologista clínica do HOL, a data reforça a necessidade de ações globais para reduzir o impacto da doença, promovendo a educação sobre fatores de risco e o acesso a cuidados médicos de qualidade. “O tabagismo causa diversos tipos de câncer, sendo responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão. Da mesma maneira, deve-se evitar a exposição excessiva ao sol para prevenir o câncer de pele, e existem outros fatores, como o alcoolismo, as infecções crônicas por vírus, como HPV, Hepatite B e C, além do envelhecimento, obesidade, radiação e exposição às substâncias químicas que contribuem para o aumento dos casos”, alerta.
Segundo um levantamento do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do Hospital em 2022, do total de tumores tratados (4.217), a maioria dos pacientes (1.742) é oriunda da Região de Integração Guajará, composta pelos municípios Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara. Conforme os dados dos dez tumores mais frequentes tratados no HOL, 51,7 % dos pacientes tinham a cor de pele parda, 59% eram do sexo feminino e 41% do sexo masculino.
As informações também apontam que o público era composto por ex-fumantes (41%) e fumantes (3,8%), ex-consumidores (51,6%) e consumidores de álcool (3,9%), e tinham histórico familiar de câncer (44,4%). Conforme grau de instrução, os casos foram predominantes em indivíduos que têm somente o nível fundamental (43%), trabalhadores de serventia e assemelhados (42,3%), trabalhadores agropecuários polivalentes e assemelhados (30,5%).
Danielle Feio destacou que o Hospital possui uma estrutura robusta e conta com serviços de alta complexidade, oferecendo desde o diagnóstico até o tratamento completo do câncer. “Ofertamos tratamento de quimioterapia, radioterapia, cirurgia oncológica, cuidados paliativos, além de serviços de apoio fundamentais, como diagnóstico por imagem, laboratórios e farmácia oncológica. Levamos em conta o tipo de tumor, o estágio da doença, as condições clínicas do paciente e, sempre que possível, utilizamos marcadores moleculares e atuamos com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada”, ressaltou a especialista.

A professora de educação física Camile Souza, de 28 anos, foi diagnosticada com osteossarcoma, um tipo de câncer que afeta principalmente os ossos longos das pernas e braços, embora possa surgir em qualquer outro osso do corpo. Em tratamento quimioterápico, ela também precisou passar por uma cirurgia transfemoral, procedimento que envolve a remoção da perna acima do joelho.
“Eu sempre digo que o cuidado aqui não se resume apenas ao tratamento físico, mas também ao emocional. Além dos médicos, temos psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas – é um atendimento integral. E isso faz toda a diferença, porque não estamos apenas lutando contra a doença, mas também contra o medo e a insegurança. E eles nos oferecem suporte em todos esses aspectos”, relatou.
Outra paciente acolhida pelo HOL é Benedita Marques, 49 anos, moradora de Vitória do Jari, no Estado do Amapá. Ela já esteve do outro lado da experiência: atuava como palhaça voluntária em hospitais, levando alegria a crianças com câncer. “Nunca imaginei que um dia eu estaria aqui, como aquelas pessoas que um dia eu ajudei. Mas Deus me mostrou o que elas sentiam, o que elas passavam”, disse.
Benedita reforçou a importância da prevenção e deixou uma mensagem aos que enfrentam o câncer: “Não desista. Lute, mesmo com dor, com sacrifício, com tristeza, com agonia. Vá à luta. Você é um guerreiro. E para quem ainda não teve a doença, fique vigilante. Faça exames regularmente. A prevenção salva vidas”, enfatizou.
Excelência no cuidado - O Hospital Ophir Loyola é referência em procedimentos cirúrgicos, desde a realização de biópsias até cirurgias oncológicas complexas. Atualmente, o hospital dispõe de 203 leitos operacionais, 49 leitos de Tratamento intensivo e 28 consultórios médicos, 7 salas de cirurgia e Sala de Recuperação Pós-anestésica com 7 leitos.
Além disso, possui o maior centro de radioterapia da região Norte, destacando-se entre os 20 maiores da América Latina e Serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, utilizando tecnologia de ponta para reduzir os efeitos colaterais e oferecer mais conforto aos pacientes. Conta ainda com atendimento em medicina nuclear e iodoterapia, atualmente terceirizados até a conclusão das obras de modernização desses serviços.

O primeiro Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos da região Norte fortalece a política de cuidado integral do hospital, oferecendo conforto e assistência humanizada aos pacientes e familiares. A instituição também conta com o Ambulatório da Dor Crônica, que atende pacientes com dores de difícil controle, a fim de garantir a qualidade de vida dessas pessoas.
Desde 2023, a Instituição de saúde realiza o transplante autólogo de medula óssea, atendendo pacientes com doenças hematológicas malignas. Outro destaque é o Laboratório de Biologia Molecular, que realiza análise de biomarcadores — fundamentais para o diagnóstico, prognóstico e monitoramento do tratamento oncológico.
Danielle Feio afirma que alguns fatores têm contribuído para aumento significativo nos atendimentos oncológicos, como o envelhecimento da população, o maior acesso a exames, a conscientização sobre a doença e o fortalecimento das redes de referência para diagnóstico e tratamento no Pará. “O Hospital tem investido em processos de melhoria contínua, capacitação das equipes e ampliação dos serviços, a fim de garantir que os pacientes recebam um atendimento humanizado e tecnicamente qualificado, mesmo diante do aumento no número de casos.”
“O diferencial do HOL está na capacidade de atender com excelência casos complexos, sua equipe altamente qualificada e sua tradição como centro formador de profissionais da saúde. Somos um hospital público, 100% SUS, que alia assistência, ensino e pesquisa, com foco na humanização do cuidado e na integralidade do tratamento oncológico”, destacou a oncologista clínica.
Texto de David Martinez, sob orientação de Leila Cruz