Terapia Assistida por Animais emociona pacientes em cuidados paliativos oncológicos
Cão terapeuta promoveu acolhimento e alívio emocional para pessoas com câncer em progressão

Nesta quarta-feira (26), o Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO), do Hospital Ophir Loyola (HOL), promoveu uma ação especial para os pacientes: o projeto de Terapia Assistida por Animais (TAA), desenvolvido pela Divisão de Psicologia do hospital, em parceria com o Batalhão de Ação com Cães (BAC), da Polícia Militar do Pará (PMPA). Os enfermos tiveram a oportunidade de interagir com o cão terapeuta Alecrim, treinado para promover uma experiência que vai além dos cuidados médicos.
A interação com o cão policial tem demonstrado resultados emocionantes e benefícios em várias áreas, como a comunicação, a socialização, a memória e a afetividade. Para os pacientes do CCPO, que enfrentam o câncer em estágio avançado, essa terapia não só melhora o estado emocional e a saúde mental, mas também contribui para aliviar as dificuldades da hospitalização, criando momentos de afeto, carinho e descontração em um ambiente de vulnerabilidade.

A psicóloga Roberta Santos afirma que os animais desempenham o papel de coterapeutas durante o longo período de adoecimento e tratamento. "A terapia assistida por animais tem como objetivo proporcionar conforto, tranquilidade e momentos de alegria em um momento de intenso sofrimento físico e emocional vivido pelos pacientes. A maioria já está em um estágio avançado de adoecimento. Assim, ao receberem a visita do Alecrim, eles experimentam um alívio significativo da sobrecarga emocional e física causada pela internação", explica.
Durante o afastamento social e confinamento no leito, a conexão criada com um cão terapeuta desperta a esperança e uma sensação de familiaridade com o ambiente doméstico. A afetividade transmitida pelo animal, aliada à sua docilidade, proporciona conforto emocional, reduzindo o estresse e a ansiedade. Os pacientes que mais aderem à terapia, geralmente, têm um relacionamento estreito com os pets em casa, o que intensifica a sensação de bem-estar e segurança, criando um vínculo afetivo.
Em tratamento contra o câncer de colo de útero, Saray Lobato, 49 anos, ficou emocionada com a vista especial. “Hoje, eu não estava me sentindo bem, mas a dor até passou. Nunca havia sido abraçada por um cão assim. Senti uma alegria imensa, principalmente quando ele deitou no meu colo. Foi um carinho muito grande, algo que realmente me fez sentir acolhida e que fez bem ao meu coração.”

A 1ª tenente Marina Coutinho, médica veterinária do BAC da PMPA, foi quem conduziu o Alecrim, de 4 anos, mistura de Golden Retriever com Border Collie. No dia anterior, a visita guiada ocorreu no Hospital sede, situado na Av. Magalhães Barata, ocasião em que o animal percorreu diversas clínicas e serviço para distribuir afeto. “Ele foi escolhido ainda na barriga da mãe para realizar esse tipo de atividade em asilos, escolas, creches e hospitais. Faz três anos que realizamos essas visitas”, disse.
Acompanhado da esposa, Osmar Lopes, de 48 anos, está em tratamento contra um tumor de hipófise. Marido e mulher são tutores de um poodle chamado “Abelhinha” e ficaram encantados com a docilidade do Alecrim. “Às vezes ficamos cabisbaixos devido à doença que estamos enfrentando, por isso é importante receber esse tipo de atenção. Penso que o cão veio à terra para proteger e amar. É maravilhoso receber um cão adestrado, dócil. Traz ânimo para quem está passando por um tratamento complicado como esse”, disse.

Sobre o CCPO - O Estado do Pará é pioneiro na criação do primeiro Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO) da região Norte, vinculado ao Centro de Alta Complexidade em Oncologia - Hospital Ophir Loyola. A entrega do serviço em abril de 2024 pelo Governo do Estado se antecipou à instituição da Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Portaria GM/MS nº 3.681, de 7 de maio de 2024, que busca fortalecer os serviços ofertados nos centros de alta complexidade em oncologia, hospitais gerais e especializados do País.
Com 31 leitos, o serviço presta assistência multidisciplinar especializada e integral àqueles com câncer em progressão. São pacientes que não mais se beneficiam do tratamento com proposta curativa e, em alguns casos, necessitam de internação. Além do suporte médico, o cuidado emocional, psicossocial e espiritual faz a diferença neste momento de vulnerabilidade.