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CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE

Capivaras conquistam frequentadores do PCT Guamá e ajudam na manutenção do ecossistema do parque

Espécie migrou para o PCT durante a pandemia de Covid-19 e desde então é tida como “mascote” do complexo

Por Sérgio Moraes (PCTGuamá)
23/01/2025 08h00

Durante o período da pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022, o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá apresentou um cenário de circulação humana reduzida, devido ao isolamento social recomendado para conter a propagação do vírus. Esta área, por apresentar abundância de alimentos e presença de corpos d’água, atraiu uma manada de capivaras vindo de áreas vizinhas.

Seu nome, de origem tupi-guarani, significa “comedor de capim”, são os maiores roedores do mundo, vivem em média 15 anos, organizam-se em grupos e dividem seu território em áreas específicas para atividades como descanso, banho e alimentação. No PCT Guamá, que possui 72 hectares ricos em biodiversidade, a presença desses animais encanta residentes e visitantes, além de contribuir para a manutenção do ecossistema local.

Ingrid Teles, pesquisadora e fundadora da startup Ver-o-Fruto, residente no PCT, encontra inspiração ao observar as áreas verdes e as capivaras que passeiam pelo complexo. “O parque é um refúgio de tranquilidade ideal para o meu negócio. Contrasta com a correria urbana. Amo quando encontro as capivaras passeando, especialmente os filhotes, mas sempre respeitando seu espaço”, comenta.

Pesquisadora da UFPA, Maria Cristina Costa recomenda cautela na aproximação com os animais, resguardando uma distância segura

A pesquisadora Maria Cristina Costa, do Laboratório de Ecologia e Zoologia de Vertebrados (LABEV) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora do Programa ConViva, acredita que os animais tenham vindo de locais como o Parque Estadual do Utinga e a Embrapa, utilizando a margem do rio Guamá como um corredor. Inicialmente, o grupo contava com cerca de sete indivíduos, mas a rápida reprodução da espécie e chegada de novos indivíduos, aliada à ausência de predadores naturais, fez com que sua população crescesse, chegando a aproximadamente 80, segundo a última contagem.

Para além da aparência dócil e comportamento tranquilo, que as deixaram famosas nas redes sociais, as capivaras são essenciais para o ecossistema. Como herbívoros, alimentam-se de plantas aquáticas, folhas, frutas e cascas, controlando o crescimento da vegetação. “Sem herbívoros, seria impossível caminhar pelas áreas verdes do PCT e do campus, pois eles renovam a vegetação. Seus dejetos, ricos em nutrientes, fertilizam o solo e auxiliam no reflorestamento, funcionando como um adubo natural”, explica a pesquisadora.

“Elas são nosso ‘mascote’. Convivemos em harmonia. Em breve vamos instalar sinalização por toda a extensão do parque para educarmos a comunidade sobre como lidar com elas e outros animais que transitam por aqui da melhor forma possível”, conta Rodrigo Santos, gerente de Compras e Logística da Fundação Guamá, organização social gestora do complexo.

Cuidados 

Para garantir uma boa convivência com os animais, é essencial manter uma distância segura, evitando contato próximo que possa resultar em ataques ou na transmissão de doenças. “Se a capivara estiver com filhotes, por exemplo, pode se tornar agressiva para protegê-los. É instintivo. Fotografar e filmar é permitido, mas sempre com cautela e respeito ao espaço delas”, alerta Maria Cristina.

A pesquisadora destaca a possível transmissão de doenças, como a febre maculosa, em decorrência da picada de carrapatos que podem atingir capivaras. “As capivaras que estão no PCT Guamá e campus não apresentaram indícios de conter carrapatos infectados, mas seria necessário a realização de testagem para descartar qualquer doença. Por tanto, deve-se evitar contato com as capivaras e qualquer animal silvestre. Campanhas de educação ambiental são fundamentais para conscientizar a comunidade sobre o tratamento adequado aos animais. É um privilégio coexistir com eles”, conclui a pesquisadora.

Referência em inovação na Amazônia

O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), que conta com a parceria da UFPA, Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.

É o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na região Norte do Brasil e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável para melhorar a qualidade de vida da população.

Localizado às margens do rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT Guamá está situado entre os campi das duas universidades e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.

O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no parque), mais de 40 associados (vinculados ao parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) Dr. Celso Malcher, além de atuar como referência para o Centro de Inovação Aces Tapajós (Ciat), em Santarém, oeste do Estado.

O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.

Ayla Ferreira sob supervisão de Sérgio Moraes