Com olhar humanizado, terapeutas ocupacionais promovem o bem estar de pacientes e acompanhantes na Santa Casa
Categoria exerce um trabalho que ganha a cada dia mais representatividade pela importante contribuição durante o processo de assistência aos pacientes
Entre os profissionais da área de saúde que atuam nas equipes de assistência na Santa Casa, os terapeutas ocupacionais integram uma das categorias menos numerosas, mas com um trabalho que ganha a cada dia mais representatividade pela importante contribuição durante o processo de assistência aos pacientes.
A terapeuta ocupacional Clévia Dantas, que trabalha na Santa Casa há mais de uma década, fala de uma forma geral sobre o papel destes profissionais que atuam nas equipes multiprofissionais. "O terapeuta ocupacional possibilita o olhar holístico, integral, avaliando não só os aspectos clínicos do processo de adoecimento, mas tudo o que o adoecimento traz ao indivíduo, desde o afastamento da família e das práticas de vida diárias, que podem implicar no desempenho ocupacional, na autonomia, na produtividade e na percepção sobre como lida com as notícias difíceis e a mudança de vivência no cotidiano hospitalar”, explica.
Acompanhando pacientes internados na Unidade de Cuidados Canguru, da Santa Casa, onde
os bebês prematuros e de baixo peso costumam ficar internados por longos períodos junto de suas mães, a terapeuta ocupacional Gabriela Farias realiza cuidados terapêuticos que envolvem a avaliação do desenvolvimento e do comportamento do bebê e intervenções para a sua melhora, mas também orientações e cuidados voltados à mãe e à família da criança.
“A gente vai ajudar na orientação dos cuidados, como a questão da troca de fralda, que é diferenciada, a questão do banho, do posicionamento do bebê, a própria interação que esse bebê tem com a família, esse contato, a forma como a família pode ajudar na organização do comportamento desse bebê, quando é que a família pode interagir. Orientamos também sobre o processo do aleitamento materno, pois a alimentação é uma atividade de vida diária dessa criança, então a mãe está ali na questão de provedora dessa alimentação, e que isso também é um processo de construção e de conhecimento tanto da família quanto do bebê”.
Além da orientação para as atividades ocupacionais da família junto ao bebê, a terapia ocupacional também promove atividades que visam o alívio do estresse relacionado à hospitalização, explica Gabriela Farias.
“As mães costumam desenvolver o que a gente chama de hospitalismo por estarem muito tempo aqui. Ficam estressadas, querem ir embora para casa, então para reduzir um pouco essa angústia, a gente vai ressignificar esse ambiente da unidade neonatal desenvolvendo a autonomia para que ela possa fazer parte desse tratamento do filho e em outros momentos trabalhamos o relaxamento, com oficinas terapêuticas, oficinas produtivas, com criação de ideias e descobrindo as próprias habilidades delas, que estão ali escondidas e elas demonstram numa pintura, num desenho, produzindo uma peça de crochê, construindo uma capa de caderneta de saúde do bebê”, fala Gabriela.
Também como forma de aliviar a dor e tornar as horas de tratamento menos cansativas para as crianças que fazem hemodiálise no setor de terapia renal substitutiva da Santa Casa, a terapia ocupacional promove no setor atividades que ajudam as crianças a passarem o tempo de forma mais agradável. Um passatempo para as crianças e um alívio para acompanhantes, como Silvana Gomes, mãe de João Virícimo, que está em tratamento há seis meses.
“O tratamento é demorado, ele fica quatro horas na máquina de hemodiálise e precisa fazer três vezes na semana. Ele gosta de pintar e de desenhar, então as atividades que elas fazem ajudam as crianças a se distrair e o tempo a passar mais rápido, é muito importante esse trabalho”, diz Silvana.
Assim como para o paciente infantil, a terapia ocupacional também visa o bem estar dos adultos internados. Um exemplo de atividade é o passeio terapêutico, um momento em que o paciente é retirado do leito e é conduzido para ambientes externos à área hospitalar por integrantes da equipe multiprofissional. A terapeuta ocupacional Clévia Dantas destaca a atuação do profissional na busca do que define como readaptações e ressignificação do processo de dor, assim como das mudanças geradas pelo adoecimento e hospitalização.
“O terapeuta ocupacional torna-se crucial quando ao estabelecer vínculo com o paciente, e através da escuta e da percepção do indivíduo como um todo contribuir na adesão ao tratamento, promovendo a empatia e o acolhimento humanizado centrado no paciente. Através do olhar humano e integral o terapeuta ocupacional promove o acolhimento na rede integrada e especializada de cuidados e com suas ações e atividades previamente elaboradas resgata a socialização e contribui na ambiência do hospital”, afirma a profissional.