Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
ACOLHIMENTO E INCLUSÃO

Governo realiza mais de 440 atendimentos em saúde mental em aldeias indígenas no sudeste do Estado

A ação faz parte do programa “Saúde Por Todo o Pará”, da Sespa, que entre os dias 8 e 13 de dezembro realizou atendimentos de saúde em comunidades indígenas

Por Lucila Pereira (HC)
18/12/2024 17h31

O Governo do Estado do Pará, por meio da equipe multiprofissional de atenção à saúde mental do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), formada por psicólogos, assistentes sociais, terapeuta ocupacional, educador físico e fisioterapeuta, realizou uma semana de atividades com indígenas das etnias Xikrin e Gavião, no sudeste do Estado.

Os profissionais ofereceram atendimentos individuais e atividades lúdicas para trabalhar questões emocionais e habilidades sociais, atividades físicas adaptadas, terapias manuais, atendimento integrado para situações de emergência ou alta vulnerabilidade, entre outros serviços. A comitiva iniciou a ação em Parauapebas, atendendo as aldeias Katete e Djudjeko (etnia Xikrin), seguida das aldeias Kyikatêjê, Parkatejê, Kriamretijê e Metyitikatejê (etnia gavião), no município de Bom Jesus do Tocantins. 

O psicólogo George Faro ressaltou a importância de levar esses atendimentos para as aldeias. “O atendimento de saúde mental às populações indígenas se faz necessário principalmente pelo histórico de vulnerabilidade que essa população sofre, sobretudo em decorrência da colonização e ainda do preconceito e discriminação. Também é importante ressaltar a dificuldade do acesso que essa população tem ao serviço de saúde, então se faz necessário que as equipes se desloquem para essas localidades para realizar esses atendimentos. Além de tudo isso, é de extrema importância que o profissional de saúde que deseja trabalhar com essa população perceba a importância da integração de saberes, pois o saber histórico e o saber cultural precisam estar de mãos dadas, precisam estar integrados com o saber científico”, pontuou. 

A Terra Indígena Mãe Maria (etnia Gavião), localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, sofreu vários incêndios em 2024, tendo como consequência disso casas e plantações destruídas, animais carbonizados e problemas de saúde aos indígenas. Tatiany Peralta, coordenadora de Saúde Indígena e Povos Tradicionais da Sespa, explica um dos principais motivos que fez com que a instituição escolhesse estrategicamente essas aldeias. “Fizemos uma visita in loco com o Ministério da Saúde há dois meses, em várias aldeias aqui, e eles estavam precisando principalmente de especialidades como o pneumologista. Por conta das queimadas, vários deles foram atingidos e principalmente as crianças, pela saúde mental. Então, resolvemos trazer o Hospital de Clínicas com algumas especialidades, uma equipe multidisciplinar trazendo psicólogos, terapia ocupacional, fisioterapeuta, orientador físico, para que a gente possa, junto, estar fazendo essa visita dentro de algumas aldeias”, explicou. 

Aiteti Gavião, brigadista que foi linha de frente no combate às queimadas, explicou a necessidade da equipe multiprofissional de atenção à saúde mental nas aldeias. “Os incêndios afetaram profundamente nossa saúde mental. Ver o território em chamas foi devastador. Ter essa equipe aqui trouxe acolhimento e esperança”, relembrou, emocionado. 

Mais de 440 atendimentos foram realizados pela equipe multiprofissional de atenção à saúde mental, considerando as necessidades específicas dos indígenas e particularidades socioculturais. “É muito importante que o olhar e as ações do psicólogo possam ajudar a ouvir o problema que é trazido pelo indígena, com muito respeito à capacidade que eles têm de utilizar recursos próprios para a criação de alternativas na resolução dos problemas. A nossa atuação junto com as etnias Gavião e Xikrin foi maravilhosa. E a nossa ação de reconhecer e valorizar essas perspectivas indígenas, o modo deles de adoecer, de sofrer, de curar, essa valorização da prática indígena, na promoção da saúde”, falou a psicóloga Clara Ferreira.

As estratégias de cuidados e melhoras da saúde mental dos indígenas foram criadas de acordo com as demandas específicas levantadas pela comunidade, ajudando a promover orientação e espaços de educação em saúde. “Levar atendimento de saúde mental para os territórios indígenas é oferecer a possibilidade das pessoas, dos indígenas locais terem acesso a profissionais especializados em saúde mental. Então, a partir disso a gente escuta, acolhe, compreende as demandas específicas, compreende os impactos biopsicossociais e ambientais que muitas pessoas estão envolvidas e consegue assim identificar, promover saúde e encaminhar para a rede de atenção psicossocial do nosso Estado”, explicou a terapeuta ocupacional Amanda Pires.

A iniciativa reforçou a parceria do HC com a saúde coletiva, garantindo o cuidado integral às populações indígenas em comunidades de difícil acesso. “Agradeço ao Estado por ter essa equipe hoje aqui na nossa aldeia e no território, porque vão para as outras aldeias do território Mãe Maria, fazendo esse levantamento e o diagnóstico de cada membro da comunidade”, agradeceu o indígena Jakure Pepkrakte. 

Saúde indígena e serviços especializados - Além dos atendimentos e serviços oferecidos pela equipe multiprofissional de atenção à saúde mental do HC, a ação Saúde Indígena que faz parte do programa “Saúde Por Todo o Pará”, do Governo do Estado, por meio da Sespa, ofereceu consultas médicas com especialistas em pneumologia, clínica geral, pediatria, ginecologia, além dos serviços de farmácia, exames laboratoriais, distribuição de kits odontológicos. Em parceria com a Ceped (Coordenação da Pessoa com Deficiência) foram feitos encaminhamentos para próteses, assim como orientações para o acesso ao passe livre.

Texto: Mariela Oliveira - Ascom/HC