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Professor de escola estadual cria método lúdico do ensino da Física e concorre a prêmio nacional

Por Redação - Agência PA (SECOM)
20/10/2015 20h01

Na primeira avaliação do ano, Murilo Oliveira, 23 anos, tirou nota zero em Física. Aluno do terceiro ano do Ensino Médio da Escola Estadual Nagib Coelho Matni, ele, como tantos outros estudantes, não gostava da disciplina por achá-la “um martírio”. Mas desde que o professor de Física da sua turma criou um projeto que estimula os alunos a virarem aprendizes de cientista, criando objetos que mostram na prática o funcionamento das leis que movem a física, Murilo espantou o fantasma. Sua última nota na disciplina foi oito, com a ajuda da engenhoca que ele e seu grupo construíram: um projeto hidráulico que simula os movimentos de uma aranha. “A partir do momento em que o professor nos mostrou que a Física é interessante na prática e não apenas nos cadernos, com aqueles problemas, tudo clareou pra mim”, relatou o aluno.

O responsável por essa mudança de atitude em relação ao estudo da Física foi o projeto Lúdico de Ensino de Ciências e Engenharias (PLECE) criado pelo professor Bruno Ricardo, 38 anos, da Escola Nagib Matni. Bruno criou uma dinâmica estimulante para o desenvolvimento da Educação, através da popularização da Ciência. Dividiu a turma em seis grupos e cada um deles teve que construir um objeto artesanal, feito a partir de sucatas, trazendo uma carga de conhecimentos relacionados à física e engenharia.

“Ao longo desses 17 anos de ensino, percebi o desinteresse completo dos alunos por questões que envolvam ciência. Meus alunos foram orientados a fazer uma pesquisa entre os moradores do bairro do Coqueiro. Eles foram questionados sobre o nome de um cientista brasileiro e a grande maioria citou Einstein”, informou o professor. Aliado a esse desconhecimento e incomodado com o interesse excessivo dos jovens pela tecnologia, o professor passou a usá-la como aliada. “Já que eles gostam tanto de aparelhos tecnológicos, por que não fazer eles construírem aparelhos tecnológicos?”, questionou o professor.

A brincadeira lúdica de ensino encontrou um pouco de resistência no início, mas agora virou coisa muito séria para alguns alunos como Samara Sousa. Com 17 anos, ela pensava em fazer vestibular para Contabilidade até o início do ano. Mas desde que se viu capaz de inventar um motor térmico, feito de latas de alumínio e que funciona através da chama de uma vela, ela descobriu sua vocação. “Minha mãe já me aconselhou que tá na hora de trocar de curso. Vou fazer Física”, decidiu a menina.

Desde criança, Israel Vitor, 15 anos, tem mania de desmontar todos os brinquedos para tentar entender o seu funcionamento. Convidado pelos alunos do professor Bruno Ricardo, o estudante da 8ª série reforçou o grupo que criou um motor elétrico, a partir de um arame, um imã e uma pilha. “Esse projeto me ajudou a saciar a curiosidade que sempre tive em relação ao funcionamento de tudo”, definiu.

Nesta quinta-feira, 22, a partir das 14 horas, o projeto será apresentado na primeira Feira Cultural da Escola Nagib Matni, com o tema “Do lúdico ao Científico: Brincadeiras da Física que transformam o mundo”.

Premiação - O projeto foi classificado para concorrer a um prêmio nacional promovido pela Samsung, “Respostas para o Amanhã”. Já está entre os 20 melhores do Norte do Brasil, e agora quer fazer bonito entre projetos de todo o país. Mas o maior prêmio já foi conquistado pelo professor Bruno, vendo seus alunos longe dos celulares e com olhos fixos nas suas engenhocas criadas. “Como professor, é uma recompensa ver os alunos emancipando o espírito através da ciência”, comemorou.

Os 20 melhores trabalhos selecionados irão receber um kit de edição de vídeo (composto por um notebook e uma câmera), com o qual deverão produzir um filme sobre seus projetos. Após o envio dos vídeos, as cinco melhores produções serão disponibilizadas no site para votação pública e da comissão julgadora. Os membros das cinco melhores equipes serão premiados com smartphones para os alunos, além de um tablet para o professor orientador e um para o diretor da escola. Como prêmio, a escola da equipe vencedora receberá 40 notebooks para instalação de um laboratório interativo.