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AGRICULTURA E PESCA

Projetos da Emater de crédito rural injetam mais de R$ 45 milhões na agricultura familiar

Recursos aprimoram produção de 1.200 famílias em 80 municípios do Pará

Por Ascom (Ascom)
22/10/2024 11h30

De janeiro a agosto deste ano, projetos de crédito rural elaborados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) já injetaram mais de R$ 45 milhões em atividades de 1.200 famílias em pelo menos 80 municípios. Os dados constam em relatórios, com balanço parcial, divulgados esta semana pela Coordenadoria de Planejamento (Cplan) da Emater. 

De acordo com a Emater, a disponibilidade de recursos dá-se em parceria com instituições financeiras como Banco do Estado do Pará (Banpará), Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Brasil (BB).

Com foco em desenvolvimento sustentável e, no preparo da capital Belém como sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Cop-30), em 2025, o objetivo dos projetos financiados é ajudar a estruturar tradições amazônicas de subsistência e geração de renda, como extrativismo de açaí, pesca artesanal, plantio de mandioca e pecuária.

“São mais de R$ 70 bilhões de investimentos no Plano Safra da Agricultura Familiar. A atuação dos extensionistas é determinante para as famílias agricultoras acessarem o crédito rural. O crédito rural garante investimentos em projetos que mudam a qualidade de vida das pessoas para melhor. O crédito representa progresso no campo e redução das desigualdades sociais e evidencia a essencialidade da ater [assistência técnica e extensão rural] pública no desenvolvimento da agricultura familiar”, pontua o presidente da Emater, Joniel Abreu.

Joniel Abreu destaca, ainda, o recorde histórico de destinação do Plano Safra da Agricultura familiar 2024/2025 para a agricultura familiar de todo o Brasil: R$ 76 bilhões. A política pública tem como base o governo federal e integra Estados e Municípios.

Resultados

Em Afuá, no Marajó, Rosângela Vaz, de 37 anos, é devota de São Benedito, padroeiro dos cozinheiros. Na cozinha de casa, onde mora na comunidade Santo Antônio, uma região de assentamento da reforma agrária, a refeição certa em qualquer dia é açaí: “açaí não falta. É o melhor alimento”, afirma.

Rosângela Vaz vive com o companheiro, Alan Renner Chagas, de 41 anos, e a filha do casal, Ana Carolina Silva, de 16 anos. Em julho, Rosângela recebeu seu primeiro crédito rural, justamente para manejo do açaizal nativo da várzea do rio Aningau.

O projeto da Emater para a A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) totalizou mais de mais de R$ 41 mil, via contrato com o Basa. “Com esse dinheiro, a gente vem limpando a área, aumentando o espaço para coleta, intensificando as possibilidades”, resume. 

Eles também atuam na captura de camarão regional, a partir de matapis. O auge é nos meses de maio e junho, quando se alcançam até quatro quilos em cada saída: “Os graúdos a gente separa no viveiro e os miúdos a gente solta de novo na água, pra terem a oportunidade de crescer”, explica.

Rosângela contou que deixou de consumir camarão, por causa do tratamento de um câncer de mama, hoje em remissão. Rosângela passou por cirurgia nos dois seios e quimioterapia. A sequela é que muito tempo de remo na canoa enfraquece e faz os braços doerem. “Camarão é ‘remoso’, né? Perdi a confiança em comer. Mas açaí eu tomo direto, diretão, até pra reforçar a saúde. Nosso passado, presente e futuro de sobrevivência, trabalho e lucro eu enxergo no açaí”, destaca. 

Nos meses de safra do fruto, de agosto a janeiro, a família chega a apanhar quase 400 quilos por dia. Para o supervisor do escritório regional da Emater no Marajó, sociólogo Alcir Borges, especialista em Gestão Pública e Sociedade, o objetivo do crédito rural no Marajó aplica-se sob um contexto de diversificação de atividades: “Existe, em caráter preliminar, qualificação da política pública em si, observada pelos técnicos da Emater. A diversificação das atividades produtivas e a manutenção da floresta em pé são pautas prioritárias”, considera. 

Texto de Aline Dantas de Miranda