Hospital Ophir Loyola celebra 25 anos da Terapia Ocupacional com Mostra de Arte
Profissionais devolvem a autonomia e ressignificam a vida dos pacientes
O Hospital Ophir Loyola (HOL) promoveu, na quinta-feira (17), uma Mostra de Arte para celebrar o Dia Nacional do Terapeuta Ocupacional, festejado no dia 13 deste mês de outubro. A unidade também comemorou 25 anos anos do Serviço de Terapia Ocupacional da instituição de saúde, fundado em 01 de outubro de 1999. A programação reuniu pacientes, profissionais da área e contou com a participação de artistas voluntários, como José Tiago, Andréa Flores e Louise Soares que apresentaram manifestações artísticas diversas, como ballet, música e arte cênica.
A coordenadora da TO, Márcia Nunes, destacou que “a equipe busca sempre ressignificar o adoecimento e amenizar os efeitos colaterais da hospitalização”. São dez profissionais distribuídas pelo Centro de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO), clínicas de neurocirurgia, neurologia, nefrologia, departamentos de câncer e Unidades de Terapia Intensiva. A equipe executa mais de 1.100 atendimentos ao mês.
“A promoção de atividades artísticas e expressivas, assim como as oficinas terapêuticas, a exemplo da pintura, e a confecção de órteses ajudam a promover autoestima e a devolver a autoconfiança para nossos pacientes. Também auxiliam na comunicação, no emocional, na socialização e na troca de experiências. É realmente trazer uma nova perspectiva sobre o adoecimento, ressignificar a vida”, afirmou Márcia Nunes.
Morador do município de Pacajá, o agricultor Antônio Ferreira, 56 anos, aguarda por uma cirurgia. Atento às performances dos artistas, afirmou que escutou pela primeira vez o som de um violino, assim como presenciou a leveza dos passos de ballet clássico e uma performance teatral, com toda dinâmica dialógica, corporal e gestual. “Achei tão bonito, nunca tinha visto essas coisas e realmente é algo que encanta a gente, não imaginava ter essa oportunidade dentro de um hospital”, disse.
Para além do bem-estar, os profissionais conduzem atividades no sentido de promover a reabilitação de pessoas com limitações físicas, sensoriais, sociais e motoras. O intuito é fazer com que os pacientes recuperem as capacidades funcionais e sociais cotidianas. E foi anseio de ajudar que motivou Elane Sarmento a escolher a profissão. Por causa da tia, ela frequentava bastante o hospital durante a infância e sentiu o desejo de atuar na área de saúde. Nem imaginava que, anos mais tarde, seria responsável pela criação da Terapia Ocupacional do HOL.
“A profissão era pouco difundida naquela época, as pessoas não entendiam muito bem. Mas, hoje, trabalhar aqui é realizar um sonho, é como se fosse um propósito de vida. Nos tornamos pessoas diferentes, totalmente voltadas a fazer o melhor pelos nossos pacientes, para que recuperem a autonomia e possam executar funções perdidas em razão do adoecimento, obtenham bem-estar e melhor qualidade de vida”, disse Elane.
O amor à profissão também é compartilhado pela terapeuta ocupacional Gabriela Alvares, que foi estagiária do hospital, mas nunca desistiu de fazer parte do staff da instituição. “A terapia ocupacional realmente transforma nossas vidas e as vidas dos pacientes. Os pacientes neurológicos, muitas vezes, de uma hora para outra perdem toda a funcionalidade. Pessoas jovens de 20, 30 anos acordam e não conseguem levantar da cama. É muito difícil, de repente ficar impossibilitado de realizar atividades básicas como escovar o dente, tomar banho sozinho, assear as partes íntimas”, contou Gabriela.
“Essas pessoas eram independentes, faziam faculdade, trabalhavam, e de uma hora para outra precisam da ajuda dos outros para realizar essas tarefas. Uma situação árdua de lidar e de reprogramar dentro de si. Então, tentamos levar de alguma forma esperança, com os dispositivos de tecnologia assistiva, adaptar esse novo viver para essa pessoa. Então, todos os dias buscamos aprender coisas novas, fazer cursos e capacitações para trazer o melhor para nossos pacientes, entregar o nosso melhor como profissionais e seres humanos que somos”, acrescentou Gabriela.
Há 13 anos Vanessa Mendes começou a trabalhar na Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos que, desde abril, foi transformada pelo governo do Estado em um centro de cuidados especializados para pacientes com esse perfil. Ela conta que não sabia em que consistia esse tipo de assistência, mas aprendeu com primazia no hospital com a equipe e com os próprios pacientes.
“O cuidado paliativo me escolheu, eu me encontrei atuando com os pacientes em um momento de muita sensibilidade e fragilidade. Muitas vezes, aprendemos com eles sobre as coisas importantes da vida. E, como TO, trabalhamos muito as rotinas, os sentidos, os significados. Por vezes, é no momento de finitude que o ser humano entende aquilo que realmente é importante para ele, então digo que não faço atendimentos, eu tenho encontro com os meu pacientes. São nessas trocas que conseguimos fazer com que se sintam capazes e potentes apesar de estarem convivendo com uma doença ameaçadora da vida. Isso faz com que a nossa profissão tenha sentido”, concluiu Vanessa.