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Obesidade deve afetar cerca de 130 milhões de brasileiros nas próximas duas decadas

Especialistas do Hospital de Clínicas alertam que a alimentação do paraense, com excesso de carboidratos simples, está entre os principais fatores para o aumento de casos da doença

Por Governo do Pará (SECOM)
11/10/2024 17h09

A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode prejudicar a saúde. É diagnosticada por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado dividindo o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado. Uma pessoa é considerada obesa quando o seu IMC é igual ou superior a 30 kg/m². É considerada uma das doenças crônicas mais comuns no planeta.

Segundo projeções apresentadas em junho deste ano, em São Paulo (SP), no Congresso Internacional de Obesidade, em 20 anos 48% dos adultos brasileiros (com mais de 18 anos) viverão com obesidade, e outros 27% estarão com sobrepeso, totalizando 75%. Isso significa que 130 milhões de brasileiros deverão estar acima do peso em 2044. Deste total, 83 milhões estarão com obesidade e 47 milhões com sobrepeso.

Crescimento - Atualmente, 56% dos adultos brasileiros têm obesidade ou sobrepeso (34% com obesidade e 22% com sobrepeso), e esse número vem aumentando rapidamente ao longo dos anos. Entre 2006 e 2019, a prevalência de obesidade quase dobrou, atesta o endocrinologista Rudival Faial, que há quase duas décadas atende na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém.

Segundo ele, houve um aumento nos casos de obesidade em “pelo menos 50%”. O endocrinologista avalia que “homens e mulheres são igualmente afetados, mas as mulheres são as que mais procuram acompanhamento médico”. Entre os principais fatores para a incidência da obesidade está o tipo de alimentação do paraense, aponta Rudival Faial.

“A culinária paraense é rica no consumo de carboidratos simples, como farinha, arroz, pão branco e açaí, que é muito calórico”, informa o especialista. A solução para o problema enfrenta ainda outro obstáculo nos hábitos alimentares da população. “Na nossa região, o consumo de frutas e vegetais costuma ser baixo, o que contribui para o crescente aumento das taxas de obesidade”, acrescenta.

Riscos ao coração - Dados apresentados durante o Congresso Internacional de Obesidade mostram que crianças e adolescentes que vivem com obesidade têm maiores chances de desenvolver doenças crônicas, como Diabetes tipo 2 na vida adulta, além dos riscos de AVC (acidente vascular cerebral), hipertensão, câncer colorretal e doença cardíaca coronária.

O cardiologista Rodrigo Souza, que atende no HC, explica a relação entre doenças cardiovasculares e obesidade. “Elas caminham juntas, como causas de desenvolvimento de hipertensão arterial, de diabetes, aterosclerose, dislipidemia, alterações de colesterol e triglicerídeos. Essas doenças têm íntima relação com a obesidade”, afirma o médico, acrescentando que muitas vezes a obesidade está relacionada também ao sedentarismo.

A preocupação com os efeitos da obesidade entre a população brasileira levou o governo a sancionar a Lei nº 11.721/2.008, que instituiu o 11 de outubro como Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, a fim de conscientizar a população sobre a importância da prevenção da doença. No âmbito mundial, o Dia de Prevenção da Obesidade é 4 de Março.

Hábitos saudáveis - Entre as recomendações das organizações mundiais de saúde para prevenção da obesidade os hábitos saudáveis ocupam o primeiro lugar. Eles incluem alimentação saudável, baseada em alimentos in natura, controlando o excesso de sal e açúcar, presente principalmente nos chamados alimentos industrializados, como biscoitos, chocolates, refrigerantes e salgadinhos.

É recomendável ainda evitar excesso de bebidas alcoólicas e tabagismo, além de praticar atividades físicas, de preferência desde a infância; ter o sono adequado e consumir diariamente pelo menos 2 litros de água.

Essas medidas devem vir acompanhadas do controle da pressão arterial e do colesterol, com monitoramento regular, juntamente com a realização de exames preventivos cardiovasculares.

Texto: Felipe Gillet - Ascom/HC