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Hospital de Clínicas Gaspar Vianna realiza I Jornada de Cuidados Paliativos

Em setembro, o HC recebeu a visita do Hospital Sírio-Libanês, que avaliou as práticas de cuidados paliativos implementadas na instituição. A visita foi um passo crucial para a certificação do HC no Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS

Por Lucila Pereira (HC)
09/10/2024 16h37

Com foco na melhoria da qualidade da assistência prestada aos pacientes com doenças crônicas graves no Estado do Pará, o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, promoveu nesta quarta-feira, 9, a sua I Jornada de Cuidados Paliativos. O evento reuniu especialistas de diversas áreas para discutir o desenvolvimento de práticas de cuidado em cardiologia, nefrologia e psiquiatria. 

A iniciativa reflete o compromisso da instituição com uma abordagem que prioriza o respeito à dignidade e ao bem-estar dos pacientes, proporcionando suporte físico, emocional e psicológico durante todo o processo de tratamento. "Com um olhar compassivo e centrado no paciente e em seus cuidadores, a Jornada busca promover o diálogo e a definição de metas de cuidado que sejam condizentes com os valores e a biografia de cada pessoa", enfatizou a presidente da Comissão de Cuidados Paliativos do HC, Patrícia de Carvalho. 

Equipe multidisciplinar - Durante o evento, o papel da equipe multidisciplinar no cuidado paliativo foi destacado como um elemento central no planejamento e na execução de um cuidado individualizado. O médico intensivista e paliativista Rodrigo Castilho, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), destacou que há uma vasta bibliografia que define a função de cada profissional nesse tipo de cuidado, abrangendo médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e outros especialistas. 

"Todos os saberes se auxiliam e vão em conjunto auxiliar no processo de tomada e decisão do planejamento do cuidado individualizado", explicou Castilho. Para ele, é essencial que se discuta a atuação de cada membro da equipe com os profissionais de saúde, pois ainda existe uma grande escassez de conhecimento sobre cuidados paliativos básicos. Segundo Rodrigo, "essa primeira jornada aqui no hospital é fundamental para melhorar a educação, desfazer mitos e capacitar os profissionais de maneira transparente, sincera e técnica, para compreenderem conceitos, pratiquem um cuidado digno e ético”. Ele parabenizou a iniciativa do hospital, ressaltando que “a construção de um conhecimento compartilhado é essencial para a evolução dos serviços".

Dery Jane Vera de Souza, enfermeira e especialista em oncologia, atualmente na equipe de cuidado paliativo do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), que atua há 12 anos nessa área. Durante o evento, ela destacou a relevância desse tipo de assistência no alívio do sofrimento, que não se limita apenas ao aspecto físico, mas também abrange o sofrimento espiritual, emocional e social, tanto para o paciente quanto para a família.

Ela apontou que um serviço de cuidados paliativos é muitas vezes uma rede de apoio para pacientes que enfrentam grandes dificuldades, como estar doente em municípios distantes, sem acesso adequado aos serviços de saúde ou sem uma rede de suporte financeira. "Essa totalidade de situações origina muito sofrimento", afirmou a enfermeira, destacando que o papel da equipe é ajudar a enfrentar essa jornada com mais conforto e qualidade de vida.

Capacitação e fortalecimento no Norte do país — A I Jornada de Cuidados Paliativos do HC tem como um de seus principais objetivos fortalecer a prática na região Norte, onde a carência de serviços especializados é significativa. Ao reunir especialistas em um espaço de troca de conhecimentos e experiências, a Jornada representa um importante passo no fortalecimento de uma rede de atenção humanizada para pacientes com condições de saúde complexas no Pará, promovendo não apenas a capacitação técnica, mas também uma transformação cultural na forma como o cuidado é prestado.

Para Dery Jane, eventos como este são oportunidades importantes para revisar conceitos, trocar experiências e pensar em possibilidades que possam ser viabilizadas nos serviços locais. “É sempre importante que a gente fortaleça nossos conceitos e acabe trocando ideias para melhorar o cuidado paliativo no Norte, que ainda tem uma deficiência grande”, concluiu.

Durante a programação, a principal discussão girou em torno do tema "Cuidados paliativos no Brasil: onde estamos e para onde vamos?", abordado pelo presidente da ANCP, Dr. Rodrigo Castilho. Profissionais e estudantes da saúde também participaram de mesas redondas que trouxeram para debate os cuidados paliativos na pediatria, no ambiente de UTI e, fechando as discussões, uma abordagem sensível e necessária: o cuidado com quem cuida. A mesa redonda discutiu o luto vivenciado pelas famílias e profissionais, desde o momento do diagnóstico até o pós-morte, oferecendo um olhar mais humano e acolhedor para os desafios emocionais vividos durante todo o processo de cuidados paliativos.

Data alusiva — O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, comemorado no segundo sábado de outubro, é uma data dedicada a conscientizar a população sobre a importância de oferecer suporte integral a pessoas com doenças graves ou terminais. A data, que este ano é celebrada no dia 12 de outubro, visa promover discussões sobre a necessidade de melhorar o acesso a esses cuidados, que não se limitam apenas ao alívio dos sintomas físicos, mas também abrangem apoio emocional e social tanto para os pacientes quanto para suas famílias.

Texto: Kelly Barros (Ascom HC)