Com Emater, apanhadores de açaí de Limoeiro do Ajuru aumentam produção
Apoio à comercialização é um dos esforços coletivos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) no município
Atendido pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de Limoeiro de Ajuru, município no Baixo Tocantins, há mais de uma década e meia, Max Rodrigues, de 40 anos, acredita no futuro. Mais especificamente, no futuro do açaí.
Na várzea ao longo do Sítio Piquiá, no Furo Ipixuna, na ilha Japiim Grande, o extrativismo do fruto é a principal fonte de alimentação e de renda da família: junto com a esposa, Josely Leal, de 28 anos, e os filhos - Joaquim, de cinco anos, e Melinda, de três anos.
A tradição é estendida desde o trabalho árduo do pai de Max, Mair Farias, de 75 anos. O agricultor familiar, hoje aposentado, preparou o patrimônio material e cultural do açaí para os nove filhos prosseguirem.
“Eu honro o que meu pai começou. Em casa é açaí de dia, de tarde e de noite. Nossas crianças são as primeiras provadoras do açaí. O delas é o açaí ‘de colher empinada’. É uma categoria acima do ‘papa’. Se colocar uma colher no meio, é tão cremoso que a colher não se mexe, não afunda e nem cai, fica empinada, e tudo natural”, comenta, orgulhoso.
Da propriedade, a partir de 30 hectares manejados, saem em média cerca de quatro toneladas e duzentos quilos do caroço in natura por mês, via atravessadores. A safra abrange de agosto a janeiro.
Max e Josely conseguem alcançar a informação sobre a destinação até certo ponto: uma parte vai para Castanhal, na região metropolitana de Belém, e outra, para o estado vizinho do Amapá: “E depois o nexo é interrompido, a história do nosso açaí fica na metade do caminho, e isso é muito frustrante, porque é como se a gente, que é a ponta, de repente fosse excluído do processo - tanto em termos de lucro, quanto em termos de identidade”, explica.
O apoio à comercialização tem sido um dos esforços da Emater em Limoeiro do Ajuru, considerado município maior extrativista de açaí do mundo, de acordo com levantamento divulgado em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O principal direcionamento é sobre moradores das ilhas margeadas pelos rios Limoeiro, Pará e Tocantins.
Só neste segundo semestre de 2024, mais de cem famílias de 13 comunidades ribeirinhas estão recebendo o cadastro nacional da agricultura familiar (caf), para acesso imediato a crédito rural. A expectativa é que, em outubro, pelo menos 37 produtores de açaí nativo recebam individualmente até R$ 50 mil da linha A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), pelo Banco da Amazônia (Basa). Os projetos da Emater contemplam o manejo de dez hectares em cada propriedade.
Para o chefe do escritório local da Emater em Limoeiro do Ajuru, o técnico em agropecuária e engenheiro agrônomo Edir Antônio Queiroz, especialista em Sistemas Agroflorestais (Safs), o açaí de Limoeiro de Ajuru é um potencial muito grande para o desenvolvimento socioeconômico - não só do município, e sim do estado inteiro; nesse sentido, a atuação da Emater é fundamental: “Limoeiro do Ajuru está no pódio universal do extrativismo de açaí, é campeão mundial. Noventa e cinco por cento do território municipal são área de várzea, e esse público extrativista padecia esquecido. A estimativa este ano foi de três milhões e meio de latas [14 quilos a unidade]. Com o manejo, é esperado que esses números dobrem, em cinco anos”, explica.
A previsão da Emater é a efetivação de pelo menos mais 70 projetos de crédito rural para extrativismo de açaí até o fim do ano.
Texto de Aline Miranda