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Para mais de 2 mil crianças do Pará, Programa ‘Doenças Ortopédicas da Infância’ transforma vidas e concretiza sonhos

Estado é pioneiro no Brasil ao oferecer cirurgia e fisioterapia a pacientes com malformação congênita. Sofia, natural de Alenquer, conseguiu vivenciar a magia do ‘Baile do Sapatinho’

Por Melina Marcelino (SESPA)
01/10/2024 08h00

Um sonho pode se tornar realidade de várias formas, percorrendo caminhos e superando desafios. Nessa trajetória, muitas vezes a ciência e o compromisso da gestão pública são instrumentos eficazes para transformar anseio em realidade.

A menina Kátia Sofia, moradora do município de Alenquer, no Oeste do Pará, sonhava em calçar sapatos – ato que faz parte da rotina de milhões de pessoas diariamente. Nascida com uma doença ortopédica denominada “pé torto congênito”, Sofia teve na avó Kátia Machado, uma professora aposentada, a força que precisava para acreditar que o impossível é somente aquilo que ainda não foi feito.

Ao procurar o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Kátia encontrou no Programa “Doenças Ortopédicas da Infância”, executado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), a porta que precisava abrir para realizar o sonho da neta. 
O Programa, que oferece cirurgias para crianças com pé torto congênito e deformidades congênitas nas mãos, garantiu o atendimento especializado para Sofia. Em 23 de novembro de 2023, a menina passou pelo procedimento cirúrgico, seguido pela reabilitação com fisioterapia para reaprender a andar.

Momento mágico - Já pronta para concretizar o sonho de menina, Sofia viveu no “Baile do Sapatinho” - organizado pela Secretaria de Estado de Articulação da Cidadania - o momento mágico há muito esperado. Na volta para casa, a menina e a avó já levaram na bagagem para Alenquer um par de sapatos novos e a certeza de que o Programa “Doenças Ortopédicas da Infância” mudou para sempre suas vidas.

“Receber esse atendimento foi uma coisa maravilhosa para a gente. Há mais ou menos três anos ela começou a apresentar algumas dores e uma deformação no pé. Nós moramos no município de Alenquer, e o município mais próximo é Santarém, onde é difícil conseguir uma consulta. Aí eu trouxe ela para Belém. Levei em três especialistas, paguei as consultas com muita dificuldade, e todos disseram que o caso dela era cirúrgico. Nossa família não tem condições de pagar particular. O caso dela já estava comprometendo toda a perninha, a parte anterior da musculatura, e ela já estava com dificuldade para andar”, lembra Kátia Machado.

Rapidez e êxito - O cenário começou a mudar após ela receber informações sobre o Programa do governo do Estado. “Uma vizinha me falou sobre esse Programa ‘Doenças Ortopédicas da Infância’. Corri a uma Unidade Básica de Saúde, peguei o encaminhamento, e já na primeira consulta no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) – instituição da rede pública estadual -, a médica já pediu os exames para agendar a cirurgia, que foi realizada no Hospital Regional Abelardo Santos (outra unidade de saúde do Governo do Pará). Todo o atendimento durou menos de três meses. Agradeço muito ao Governo do Pará por esse Programa, que curou a minha neta”, relata a avó de Sofia.

O Pará é o único Estado da Federação a manter um programa específico para atender pessoas com pé torto congênito. Desde setembro de 2020 até julho de 2024, mais de 2 mil procedimentos foram feitos no território paraense. Há 15 anos o sistema público de saúde do Pará não oferecia esse serviço especializado. Nos outros estados, o atendimento segue o fluxo do SUS.

Uma em cada mil crianças nasce com pé torto congênito no Pará. A malformação é considerada complexa por comprometer tecidos músculo-esqueléticos. O Estado oferece o atendimento após encaminhamento do paciente via Sistema Estadual de Regulação. Uma avaliação inicial é realizada no CIIR, com base em vários exames. Caso haja indicação de cirurgia, o paciente recebe todas as condições para dar prosseguimento à recomendação médica, incluindo risco cirúrgico.

O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), localizado no Distrito de Icoaraci (pertencente a Belém), garante a cirurgia e o acompanhamento do pós-operatório, com sessões de fisioterapia. Atualmente, o HRAS aumentou sua capacidade de realização de cirurgias ortopédicas para crianças de 50 para 80 procedimentos ao mês.

Profissionais capacitados - A equipe do Hospital envolvida nesse processo é formada por quatro ortopedistas, com títulos da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, além de um médico especialista em alongamento e reconstrução óssea – profissionais capacitados para tratar 33 doenças ortopédicas.

No CIIR, o Estado mantém uma equipe multiprofissional, formada por médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, para atuação no pré e pós-operatório. O Centro de Inclusão e Recuperação tem capacidade para realizar, mensalmente, 500 consultas em ortopedia infantil, além da colocação de 200 gessos. A instituição também produz órteses necessárias à recuperação de pacientes infantis.

O médico ortopedista Renato Arraes, que também coordena o Programa “Doenças Ortopédicas da Infância”, destaca os benefícios do serviço de saúde. “A gente atende pacientes de todo o Estado, e o Governo do Pará tem atuado junto com a gente nesse Programa, que tem mudado a vida de muitas crianças. Já passamos de 1.500 procedimentos. Agora, com a ampliação do Programa, nosso objetivo é dentro de alguns meses conseguir reduzir bastante o tempo de espera, atender à população da melhor maneira possível, e tratar nossas crianças com o que tem de melhor dentro da ortopedia infantil”, afirma o especialista.

Sipriano Ferraz, secretário-adjunto de Gestão de Políticas de Saúde, da Sespa, ressalta o êxito da iniciativa da gestão estadual. “São mais de 30 patologias tratadas pelo Programa, de baixa à alta complexidade. Temos o orgulho de dizer que este Programa está servindo de exemplo ao País, sendo copiado como política pública pelo Ministério da Saúde para ser ofertado a outros Estados”, reitera o secretário-adjunto.