Com Emater, moradores de ilhas de Altamira se preparam para fornecer merenda escolar
Famílias da Ilha do Urubuquara produzem feijão-da-colônia e arroz agulhinha
Com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), trinta famílias da Ilha do Urubuquara, pertencente ao arquipélago das Ilhas Grandes do Itapuama, no recorte do rio Xingu, em Altamira, na Transamazônica, devem começar a participar do fornecimento de produtos rurais para a merenda escolar em 2025.
A ideia-piloto considera feijão-da-colônia e arroz agulhinha de sequeiro e abastecimento também das demandas do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Toda essa movimentação acaba de ganhar força com um mutirão de emissão de cadastro nacional da agricultura familiar (caf) organizado pelos escritório regional e escritório local da Emater nas primeiras semanas de setembro, em parceria com a Associação informal da comunidade. A região insular situa-se a cerca de uma hora e meia da sede do município, em viagem de voadeira.
A ação substituiu as antigas declarações de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf (daps) pelos atuais cafs, documentos-base para o acesso a qualquer política pública do setor agrícola e fundiário. Por meio de encaminhamentos da Emater e com o caf em mãos, os agricultores tornam-se preliminarmente habilitados não só para vender para o Governo, como no caso do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e do PAA, mas, ainda, podem requerer direitos como crédito rural e aposentadoria rural.
De crédito rural, a Emater planeja apresentar ao Banco da Amazônia (Basa) até fim de outubro projetos para as 30 famílias, pela linha B do Pronaf, no valor individual de R$ 5 mil, com o objetivo de implantação de sistemas de irrigação por bombas-de-pressão.
“Não só renovamos os documentos, das daps para os cafs: sobretudo renovamos esperança. Quando a Emater tem presença física na propriedade, o Órgão materializa as políticas públicas: o agricultor acredita porque vê e confia porque o resultado chega. Não existe ‘longe’ ou ‘impossível’ para as políticas públicas. É tudo uma questão de estratégia. O que é de direito sempre tem que estar próximo”, diz o supervisor do escritório regional da Emater em Altamira, o técnico em agropecuária e engenheiro agrônomo Júlio Albuquerque.
Ilhas
Falando em “esperança”, é justo na Vila Boa Esperança que Maria do Jesus Monteiro, de 63 anos, anima-se com os mil e 500 pés de cacau recém-plantados por ela e o companheiro, Luiz Cláudio Reis, de 41 anos.
“Nosso plano é que dê certo, claro. Aqui o pessoal gosta muito das palestras da Emater, da orientação que eles dão, e as visitas fazem muita diferença no rumo que a gente dá pras nossas atividades”, afirma.
As Ilhas Grandes do Itapuama são 20 ilhotas, muitas das quais acabam submersas nos períodos das cheias do rio Xingu. A tradição, pois, são casas em palafita. As principais atividades concentram-se em pesca artesanal e extrativismo de látex de seringais nativos.
Mudanças climáticas dos últimos anos, porém, vêm deflagrando áreas secas com alguma permanência, o que propiciou o plantio de arroz, feijão, cacau, mandioca e milho. Ademais, as comunidades resolveram instalar canteiros de hortaliças-fruto, tais quais abobrinha, maxixe e quiabo.
Texto de Aline Miranda