Hospital Ophir Loyola desenvolve testes para diagnóstico precoce da sepse
Tecnologia desenvolvida pelo HOL está em fase experimental e deve ser transferida para o Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de entrar na rotina dos hospitais
A cada ano, cerca de 20 a 30 milhões de pessoas são acometidas por sepse no mundo. A disfunção orgânica, potencialmente fatal, é causada por uma resposta imune desregulada à uma infecção. Estima-se que em torno de 430 mil novos casos sejam diagnosticados anualmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e cerca de 30% dos leitos de terapia intensiva sejam ocupados em razão da doença no Brasil, que é é uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer.
Para alertar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, o Hospital Ophir Loyola (HOL) reuniu pesquisadores, profissionais e estudantes das áreas de saúde no auditório da instituição. A programação científica fez alusão ao Dia Mundial da Sepse, celebrado nesta sexta-feira (13). A data busca instigar o conhecimento e estratégias de enfrentamento na contemporaneidade. Palestras e mesa redonda compuseram o evento científico. Fizeram parte da mesa de abertura: o diretor-geral, Jaques Neves, a diretora de Ensino e Pesquisa, Margareth Braun e o coordenador de Ensino, Rommel Burbano.
O prof. doutor Rommel Burbano recordou que os hospitais enfrentaram grandes dificuldades durante o pico da pandemia da Covid-19, com a ocorrência de diversos casos de sepse no país. “A população precisa ser orientada não só sobre medidas profiláticas, como também a respeito das metodologias de investigação diagnóstica em desenvolvimento para que a sepse seja identificada, antes mesmo do indivíduo manifestar sintomas clínicos de uma infecção generalizada”, afirmou.
Conforme destacou o cientista, o Laboratório de Biologia Molecular do HOL desenvolve um teste de diagnóstico precoce da sepse através de biópsia líquida com a utilização de uma molécula de microRNA de uma célula específica: a plaqueta. “Quando um microrganismo acomete um hospedeiro, as plaquetas são as primeiras células modificadas. Passam de um estado de hemostasia para ativação do coágulo sanguíneo. Esta alteração muda a fisiologia e a quantidade de microRNAs dentro das plaquetas, as quais não possuem núcleo, somente um conjunto de ácidos nucleicos e proteínas que herdam de uma célula na medula óssea (megacariócito)”, explicou Burbano.
O teste de biópsia líquida é desenvolvido com o apoio do Ministério da Saúde, Ministério da Ciência, Ministério de Tecnologia e Inovações, SUS e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O hospital também está implantando testes de biologia molecular para detecção de microrganismos em tempo hábil, conforme explicou a dra. Carla Sant’Anna durante a palestra sobre a temática.
“A biópsia líquida associada à biologia molecular visa a detecção dos microrganismos que comumente afetam os pacientes da nossa região. É uma tentativa importante para reduzir o índice de mortalidade por sepse. O índice de mortalidade no Brasil é de 60%, na Europa, de 32% e, nos EUA, de 28% aproximadamente. Essa tecnologia padronizada e em fase experimental é 100% ‘Ophir Loyola’. No final de 2025, um grupo de técnicos virá ao hospital para fazer a avaliação e transferência da tecnologia criada aqui para o SUS e, consequentemente, aos hospitais do país”, concluiu a cientista.