"Educação do Campo" oportuniza conhecimento a produtores rurais
Cem trabalhadores rurais de nove municípios do interior do Estado matriculados na modalidade de Educação do Campo da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), participam, nesta quarta-feira (11), da troca de experiências pedagógicas conciliando o ensino regular com os afazeres da produção alimentar. Esses relatos ocorrem no II Encontro Territorial da Juventude do Campo, das Águas e das Florestas, no Parque dos Igarapés, em Belém, promovido pela Secretaria de Educação. A programação segue até sexta-feira (13).
A Educação do Campo da Seduc abrange a formação de trabalhadores rurais no Ensino Fundamental (Saberes da Terra) e Ensino Médio (Saberes da EJA – Educação de Jovens e Adultos). As atividades pedagógicas são realizadas respeitando o trabalho dos agricultores nos ciclos produtivos das lavouras. No Saberes da Terra, os alunos também fazem um curso específico para aprimorar suas atividades na agricultura familiar. De 2009 para cá, foram formados 2.500 alunos no Saberes da Terra e mais mil estudantes acabam de iniciar atividades no Ensino Fundamental.
O lavrador Jean Meira dos Santos, 35 anos, morador da comunidade agrícola Vila Aparecida, relatou que em dois anos (2013 e 2014) conseguiu concluir o Ensino Fundamental na Educação do Campo. “Agora, eu faço o Ensino Médio ofertado no Saberes da EJA. Não quero parar de estudar”, afirmou. Jean destacou que é de uma família de agricultores de 12 filhos e aos 15 anos abandonou os estudos. “Eu só retomei os estudos em 2013 e concluí o Ensino Fundamental em 2014, porque ingressei no Saberes da Terra”, afirmou Jean.
Geraldo Costa, 61 anos, também é aluno do Saberes da Terra em Abaetetuba. Ele relatou que procurou aproveitar ao máximo as aulas. “Esse processo de formação de estudantes com a Educação do Campo é de fato uma política pública de atendimento a comunidades rurais, em especial os jovens. Mas há também exemplos como o do aluno Geraldo Costa, que demonstrou que nunca é tarde para realizar um sonho”, afirmou o secretário adjunto de Ensino, Roberto Silva, que representou a secretária de Estado de Educação, Ana Cláudia Hage.
O assessor da Seduc Miguel Queiroz observou que as comunidades de trabalhadores agrícolas buscam sempre o aspecto da praticidade dos conteúdos, ou seja, que a matemática, química e biologia, por exemplo, podem ser aplicadas no cotidiano da produção das famílias no ambiente rural. A abertura da programação de apresentação de perfil de atividades contou com apresentação do número musical “O Sedutor das Águas (A Lenda do Boto)” e a mística “A Fala da Terra”, feita por estudantes atendidos pelas ações de Educação do Campo.