Classe Hospitalar do Espaço Acolher recebe visita de pesquisadora nacional
A Classe Hospitalar do Espaço Acolher, que integra o Programa de Atenção a Vítimas de Escalpelamento da Fundação Santa Casa, recebeu a visita da coordenadora do Programa de Atendimento Escolar em Tratamento de Saúde do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, Léa Chuster Albertoni, na manhã desta quarta-feira (11). A pedagoga, que também é presidente da Associação de Apoio Escolar em Tratamento de Saúde, participa em Belém do I Simpósio de Atendimento Escolar Hospitalar, que ocorre na Santa Casa até a próxima quinta-feira (12).
O Espaço Acolher é uma casa de acolhimento criada pela Santa Casa com o objetivo de hospedar pacientes vítimas de escalpelamento, oriundos de municípios distantes e que necessitam passar por acompanhamento durante a continuidade do tratamento. Somente neste ano, foram registrados oito novos casos em todo o Estado, a maioria, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), na região do Marajó.
Para assegurar que as vítimas deem continuidade nos estudos durante o tratamento, a Secretária de Estado de Educação (Seduc), em parceria com a Fundação Santa Casa, executa a Classe Hospitalar, que assegura a educação em todos os níveis de educação básica e na modalidade Educação de Jovens e Adultos para esses pacientes e aos acompanhantes das vítimas.
Léa Albertoni teve contato com a experiência da Classe Hospitalar do Espaço Acolher por meio da apresentação das professoras em congressos nacionais, mas se mostrou emocionada ao ter contato com o trabalho desenvolvido para as vítimas de escalpelamento no Pará. “Dentro da dificuldade dessa criança de ter passado por um tratamento prolongado e dolorido, o trabalho da Classe Hospitalar traz, sobretudo, o valor da vida para estas vítimas, e acima de tudo, desperta nelas o desejo de viver”, disse.
O grande valor do projeto Classe Hospitalar, ressaltou, é poder despertar nas vítimas condições para o desenvolvimento de suas habilidades, mesmo após um trauma como o escalpelamento. “A educação é muito importante. A escola é muito mais do que a sala de aula, e o processo de ensino e aprendizagem é fundamental na vida de uma criança. Resgatar a possibilidade de continuar o aprendizado e superar esta situação é dignificante”, ressaltou.
Léa Albertoni coordena o trabalho pedagógico educacional feito na Classe Hospitalar do Hospital São Paulo, Hospital Universitário da EPM-Unifesp, e no ambulatório da disciplina de nefrologia do Departamento de Pediatria da EPM-Unifesp. Ela coordena também o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Escolar em Tratamento de Saúde do Hospital São Paulo.
Nesta quinta-feira (12), a pedagoga fará conferência sobre a “Pesquisa em educação e saúde no apoio ao escolar em tratamento de saúde”, seguido pela mesa redonda “O pensar e o fazer no atendimento ao escolar em tratamento de saúde na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará”, que terá como uma das debatedoras a professora Gilda Saldanha, da Classe Hospitalar.
O projeto é executado pela Seduc em nove unidades hospitalares, incluindo o Espaço Acolher. A coordenadora do projeto no Espaço Acolher, Denise Soares da Mota, explica que as vítimas de escalpelamento são oriundas de vários municípios paraenses. Quando as vítimas recebem alta médica e são encaminhadas ao Espaço Acolher, é feita uma avaliação prévia para identificar as necessidades de cada vítima.
“Montamos então um caderno pedagógico individualizado para cada criança e trabalhamos com multisséries de acordo com as necessidades de cada um. Este trabalho feito no Pará é muito peculiar. Não há trabalho similar em classe hospitalar em outro Estado brasileiro. Esta é a razão de uma das maiores pesquisadoras na área estar aqui para conhecer nossa experiência”, comentou.
O programa Classe Hospitalar, explica Denise Soares, tem como proposta pedagógica trabalhar as diferentes culturas e linguagens das alunas ribeirinhas interligadas aos conteúdos das diversas áreas do conhecimento. Para isso, o Espaço Acolher com uma sala de aula, brinquedoteca e espaço de convivência. Todo o trabalho educativo tem parceria da Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Núcleo de Educação Paulo Freire.