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Pará exporta mais de 61 mil toneladas de açaí por ano, aponta Fapespa

Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) afirma que Pará se consolida como o maior exportador global do fruto

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
05/09/2024 13h07

Considerado uma joia da Amazônia, o açaí ganhou destaque internacional e hoje os preços dos produtos derivados do açaí paraense aumentaram em mais de 5 mil, indicando um forte processo de agregação de valor comercializado, informa a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em estudo publicado em julho.

Os produtos exportados derivados da produção paraense saltaram, exponencialmente, de menos de 1 tonelada no ano de 1999 para mais de 61 mil toneladas em 2023. Quanto ao valor exportado, observou-se que os produtos derivados do açaí paraense saltaram de US$ 1,00, em 1999, para quase US$ 45 milhões, em 2023.

Atualmente, o açaí cultivado no Pará representa a parcela dominante da produção nacional, respondendo por 87,3% do total. Este fenômeno reflete não apenas o potencial do cultivo controlado do açaí, mas também os avanços tecnológicos e estratégias de manejo que impulsionaram esse setor para novos patamares de crescimento e desenvolvimento econômico.

Para Dona Lays Sampaio, proprietária de uma venda de açaí, na Feira da 25, o açaí representa sua fonte de renda e é “Uma riqueza da nossa terra, que alimenta e sustenta o povo paraense”. Ela comemora o período da alta safra e conta que há anos o açaí é sua fonte de renda.

Entendendo a importância do fruto para a economia paraense, a Fapespa elaborou um estudo baseado nesse nessa cadeia produtiva, em julho deste ano. O estudo aponta que o ponto de virada significativo ocorreu em 2015, quando a produção na lavoura permanente atingiu a marca de 1 milhão de toneladas, inaugurando um novo capítulo na história do açaí no país. Até esse ano, a produção do fruto estava predominantemente ligada à atividade extrativa, registrando cerca de 200 mil toneladas.

Exportação - A Nota Técnica do Açaí revela que em comparação com o segundo Estado exportador, o Amazonas, os derivados do açaí passaram de menos de 1 tonelada, em 1999 , para 57 toneladas, em 2023. Na economia amazonense, os derivados do açaí passaram de US$ 692, em 2002, para pouco mais de US$ 93 mil, no mesmo período.

De acordo com o esse mais recente estudo, o cenário da produção de açaí no Brasil revela uma ascensão notável ao longo das últimas décadas. Os dados oficiais mostram que, entre 1987 e 2022, o açaí registrou crescimento admirável, com a produção saltando de 145,8 mil toneladas para impressionantes 1,9 milhão de toneladas, representando um aumento de mais de 13 vezes em um período de 36 anos.

Destaque - Em 2022, 14 estados brasileiros contribuíram para a produção de açaí, com destaque para o Pará, que manteve sua posição de liderança ao alcançar uma produção de 1,7 milhão de toneladas, representando expressivos 90,4% da produção nacional. Em seguida, o Amazonas e o Maranhão ocuparam, respectivamente, o segundo e terceiro lugares, contribuindo com 7,4%.

Em relação ao mercado de trabalho ligado ao açaí, o Pará apresentou variação positiva da ordem de 864,5% no número de vínculos empregatícios formais, entre os anos de 2010 e 2022. Entre 2021 e 2022, a variação, neste sentido, foi de 107,6%, passando de 288 para 598 vínculos, um aumento de 310 postos formais, informa o estudo.

“O Pará é o maior produtor do mundo, mas outras regiões do país de clima até oposto ao nosso estão plantando açaí - e não queremos ver a história se repetir como aconteceu com a borracha, levada para a Malásia pelos ingleses e aniquilando nossa economia da borracha. Precisamos certificar, criar um selo, identificar geograficamente, capturar carbono, fazer manejo, investir em pesquisa e tecnologia, construir um Museu do Açaí e contar sua história e sua cultura, entre tantas potencialidades que essa fruta e sua identidade podem nos proporcionar econômica e culturalmente”, complementa Márcio Ponte.

Os dados expõem a crescente participação do cultivo de açaí na geração de empregos formais. Com base em cálculos estatísticos abordados na nota técnica quanto ao estoque de vínculos formais no ano de 2022, foram criados 598 empregos diretos e 2.536 indiretos no cultivo de açaí ao longo de toda a cadeia produtiva do fruto. A soma dos vínculos totaliza, portanto, 3.143 empregos gerados no setor.

Os dados utilizados neste exercício foram os valores brutos da produção agrícola referentes às lavouras temporárias e permanentes do Pará e seus municípios, extraídos da Pesquisa Agrícola Municipal, de lavra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o ano de 2022. Tendo em vista as limitações teóricas e conceituais na proposição metodológica da ADA (2004), optou-se pelo emprego do valor bruto da produção enquanto indicador de referência dos níveis de especialização produtiva do açaí

Com base nos três últimos Censos Agropecuários, identifica-se que o recrudescimento do número de estabelecimentos foi bastante contundente, passando de quase 13 mil, em 1996, para pouco mais de 81 mil, em 2017, o que representou um aumento de 533% em 22 anos. Em comparação à realidade econômica do Amazonas, os empreendimentos do Pará representaram quatro vezes o número existente naquele estado

"Comemorar o dia do açaí no dia da Amazônia tem um simbolismo muito grande, afinal de contas essa é uma das principais cadeias produtivas da nossa região e os estudos da Fapespa mostram claramente o protagonismo do Pará na produção de açaí para o mundo inteiro. É importante demonstrar que mesmo com essa liderança, o Pará continua atento à necessidade de evolução nas pesquisas, no desenvolvimento de novas tecnologias, inovações pra essa cadeia produtiva que sem dúvida é extremamente importante para o estado do Pará para bioeconomia paraense, uma vez que ela emprega muitas pessoas, gera uma riqueza de uma maneira descentralizada fazendo com que haja um grande crescimento social, um grande crescimento da qualidade de vida da população em geral”, avalia o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.