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AGRICULTURA E ECONOMIA

Dia do Açaí: Pará segue na liderança nacional com mais de 90% da produção brasileira 

Nesta quinta-feira (5) em que se comemora o Dia da Amazônia, a data também é dedicada ao fruto que movimenta a economia local

Por Lorena Esteves (SEDAP)
05/09/2024 09h23

O sabor é inigualável. Presente diariamente na mesa do paraense, o açaí faz parte da cultura alimentar e é fonte de renda que movimenta a economia do Estado do Pará, o maior produtor do Brasil. Nesta quinta-feira (5), em que se comemora o Dia da Amazônia, a data também é dedicada ao açaí. Para manter a hegemonia e a qualidade do produto, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), estimula a produção do fruto com pesquisa, distribuição de sementes e capacitação. 

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Pará produz mais de 93% do açaí no Brasil. A média anual de produção é de quase 1 milhão e 700 mil toneladas do fruto. Para estimular a produção e visibilidade do produto, o gerente de Fruticultura da Sedap, Geraldo Tavares, explica algumas das ações implementadas pelo Governo do Pará, por meio de dois programas: Pró-Açaí e Programa Estadual de Qualidade do Açaí (PEQA).  "Para alavancar a produção do produto, a Sedap apoiou com recursos financeiros a Embrapa na pesquisa que lançou a nova atualização da Cultivar BRS Paidégua (para cultivo de açaí em várzea e terra firme), apresentando alta produtividade e a distribuição de cerca de 14 toneladas de sementes, o que possibilitou a implantação de 35 mil novos hectares da cultura. Também, via convênio com a Emater, a Sedap patrocina anualmente a capacitação de produtores ribeirinhos em técnicas de manejo de açaízais com práticas de sustentabilidade. Além disso, desde 2023, o órgão promove o Festival do Açaí como forma de exposição e promoção do açaí”, destaca o gerente.

Geraldo acrescenta o investimento realizado em tecnologia. “O Programa Estadual de Qualidade do Açaí desenvolveu o equipamento denominado Tanque de Branqueamento que possibilita a higienização do fruto com a eliminação de patógenos nocivos e enzimas que aceleram a degradação do suco”, explica.

A Sedap, por meio da Diretoria de Feiras e Mercados, em parceria com as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, Sespa e Sesma, promove saúde pública e segurança no consumo do açaí, através de capacitações aos batedores. Segundo o coordenador de Boas Práticas do Açaí, Marivaldo Ferreira, até o mês de setembro, já foram entregues 500 kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), contendo aventais, toucas, calças e blusas, além da realização de 10 cursos de capacitação e entrega de 1500 equipamentos, como mesa de catação, tanque de branqueamento e despolpadeira.

“Os EPIs desempenham um papel importante na proteção contra possíveis riscos que podem estar presentes durante o processo de produção do açaí. Além de proteger os trabalhadores, o uso adequado desses equipamentos é uma exigência das normas sanitárias e contribui diretamente para a redução de riscos de contaminação do alimento, promovendo a saúde pública e fortalecendo a confiança do consumidor no produto final”, explica Marivaldo.

Da produção ao consumo - O açaí é parte da cultura e tradição do Pará, gerando renda para produtores, batedores e comerciantes. É o caso do produtor da ilha do Combu, Edvaldo Silva, que há mais de 40 anos trabalha na produção do açaí. “Desde quando eu nasci, eu trabalho com açaí. A minha família só trabalha com açaí. A gente produz e vende na feira, em Belém. Hoje em dia, o açaí melhorou muito, não só pra mim, mas pra muita gente, porque a maioria da renda é do açaí, conta.

Além de fonte de renda, o furto é alimento para as famílias. Edvaldo conta que o açaí é o primeiro prato na mesa, no almoço e na janta. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo de açaí aumenta 15% a cada ano. Sozinho ou misturado com farinha e açúcar, acompanhado de peixes, carnes ou como shakes e outras derivações, não há quem resista ao paladar único do açaí. 

Charlie Menezes, neto de Joana Menezes, ama açaíRelação de afeto e ancestralidade - A paraense Joana Menezes relata a sua relação afetiva e ancestral com o açaí. “A minha relação com o açaí é de ancestralidade. Minha avó era amassadeira de açaí, então a primeira tirada de açaí era dos netos. E não só aqui em Belém, mas na Ilha das Onças, de onde vem a família da minha mãe. Lá, era o nosso lugar de encontro e o açaí é uma referência nesses encontros, nas festas. Em qualquer atividade, era açaí com peixe”, conta.

Essa tradição, assim como em muitas famílias paraenses, vem sendo repassada por gerações. “Minhas filhas, meus netos, todos comem todo dia. Ele é, para nós, uma forma de alimentação, de reunir pessoas. Na família do meu marido, que é de Cametá, eles tomam em todas as festas. Eu não consigo pensar em reunião e fazer comida, como diz a minha mãe, sem ter o líquido maravilhoso na mesa que é o açaí. É de família, é ancestral, é cultural, é muito amor pelo açaí”, ressalta Joana.

Potencialidades - O açaí produzido no Pará vem conquistando o mercado mundial com ampla possibilidade de expansão, não apenas com a exportação do produto e derivados, mas, como exemplo de boas práticas a serem implementadas inclusive em outros países. 

No âmbito da exportação, o Estado do Pará é o maior exportador mundial. De acordo com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), no ano de 2023, o Estado exportou 8,2 mil toneladas de açaí, com destaque para a produção dos municípios de Igarapé-Miri (25%), Cametá (9,2%) e Abaetetuba (6,5%) no Baixo Tocantins. E os produtos exportados derivados do açaí paraense saltaram, exponencialmente, de menos de 1 tonelada em 1999 para mais de 61 mil toneladas, em 2023. 

Delegação colombiana em visita ao ParáO reconhecimento das boas práticas vem se apresentando pelo interesse de outros países em conhecer as formas de produção do Pará, como é o caso da Colômbia, que este ano enviou uma delegação composta por 22 membros dos Departamentos de Putumayo e da Guianía (estados que fazem parte da parte Amazônia colombiana) para intercâmbio de conhecimentos com o Estado.