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Seju realiza evento para alertar sobre os riscos do escalpelamento

Palestras e exposição de fotos foram realizadas com o objetivo de prevenir esse tipo de acidente e reforçar a importância da rede de apoio às vítimas

Por Igor Oliveira (SEJU)
29/08/2024 14h42

“Conto com cada pessoa aqui para divulgar o que estamos conversando hoje. Não é fácil, mas precisamos dessa união para evitar mais acidentes”. A fala é de Raíza Oliveira, vítima de escalpelamento, durante o evento “Escalpelamento: a lei precisa ser cumprida”, promovido pela Secretaria de Estado de Justiça (Seju), por meio da Coordenadoria de Monitoramento de Direitos Violados (CMDV), nesta quinta-feira (29), em Belém.

A ação faz referência ao Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, celebrado em 28 de agosto, e à Semana Estadual de Prevenção ao Escalpelamento, realizada durante a última semana do mês. Palestras e exposição de fotos foram realizadas com o objetivo de conscientizar sobre os riscos desse tipo de acidente e chamar atenção para o cumprimento da Lei n°11.970, de 6 de julho de 2009, que tornou obrigatório o uso de proteção no motor, eixo e partes móveis das embarcações.

O escalpelamento ocorre quando cabelos compridos se enroscam no eixo giratório do motorRaimundo Feliz, secretário adjunto de Justiça desprotegido da embarcação, resultando na perda do couro cabeludo e de outras partes do corpo. De acordo com o secretário adjunto de Justiça, Raimundo Feliz, a informação é essencial para evitar esse tipo de acidente.

“Além da fiscalização, é preciso também conscientizar. O ribeirinho pode não saber ou não ter condição de colocar proteção adequada do eixo do barco, mas se tiver alguém para orientar e cobrar da gestão pública responsável, já é um avanço. Todos nós somos responsáveis por essa prevenção”, afirma o secretário adjunto.

Alessandra Almeida (esquerda), da Orvam, explica sobre a doação de cabelos compridos e ajuda na confecção de perucas e próteses às vítimas

Acolhimento e informação - Alessandra Almeida, assistente social e voluntária da ONG dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam), destaca que o apoio nos primeiros meses após o incidente é fundamental para a recuperação. “A mulher acidentada perde o cabelo e pode ter deformações na pele. O abalo na autoestima é profundo, algumas até querem desistir do tratamento. Então precisamos reforçar que estamos ali para ajudar, para seguirmos em frente, que estamos juntas”.

A psicóloga da Santa Casa, Jureuda Guerra, trabalha há mais de dez anos com vítimas deJureuda Guerra, psicóloga da Santa Casa escalpelamento. Ela explica que condições sociais e culturais também são observadas na ocorrência de acidentes e na recuperação. “É comum que, em pequenas embarcações no interior do estado, sejam mulheres e crianças que fiquem perto do eixo do motor, retirando água do barco, enquanto o homem manobra o leme. E também já ouvi casos em que a mulher, após a tragédia, foi deixada pelo marido e precisou cuidar dos filhos sozinha. Então não é apenas socorrer na hora da emergência, é preciso apoio permanente para além da recuperação física”, reitera.

Raíza OliveiraAo lembrar das circunstâncias do próprio acidente na infância, a jovem Raíza Oliveira reforça a importância de espaços de divulgação e apoio como a Secretaria de Justiça. “São momentos como esse em que nos tornamos um pouco mais visíveis para o público. Algumas coisas mudaram, mas ainda precisa melhorar. Quero muito chegar ao final do mês de dezembro e ver que nenhuma estatística de escalpelamento foi registrada no ano. É o meu sonho”.