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Benedicto Monteiro é homenageado na 27ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes

Mesa redonda "100 vezes Benedicto" reuniu admiradores num bate-papo em celebração ao centenário do escritor, advogado e jornalista paraense

Por Denise Soares (SECOM)
24/08/2024 20h11

“Uma costura de memórias”, foi assim que a advogada, escritora, filha e pesquisadora da obra de Benedicto Monteiro, resumiu a participação dela na mesa redonda "100 vezes Benedicto", que encerrou a programação na Arena Multivozes, neste sábado, 24, na 27ª edição da Feira do Livro, realizada em Belém, no Hangar. A atividade que homenageou o escritor advogado e jornalista paraense, contou com a participação de Abílio Pacheco, prof. universitário de literatura da UNIFESPA, escritor, pesquisador da obra deste escritor revolucionário, que morreu em 2008.

“Uma fala de afeto, uma fala de amor, costurando memórias, trazendo um pouco do que ele foi desde quando ele escreveu o primeiro livro, aos 18 anos, chamado Bandeira Branca, até onde ele terminou escrevendo nos seus dias de ainda morrendo, morrendo não, partindo, que ele não falava essa palavra morrer, ele falava partindo. E essas costuras, essas dobras do tempo, que se misturam e se reinventam com a nossa memória”, descreveu Wanda Monteiro, que carinhosamente se refere ao pai como “Bené”. 

Aproximando gerações - O bate-papo fortaleceu debates e conhecimentos sobre intelectuais da região amazônica,  aproximar diferentes gerações. 

“A história do Bené, se confunde com a história do Pará. Muito do que foi escrito nessa história do Pará se confunde com a história dele. Ele participou de muitos momentos e fatos históricos importantes, e ele definiu e marcou muito desses fatos históricos. Hoje o Pará não seria um Estado de direito, não fosse a implantação das defensorias do Estado, que ele implantou através de uma lei que quando ele era deputado federal constituinte. Então veja só o que foi proposta. A gente entende que é uma responsabilidade não guardar isso para nós e sim partilhar com essa nova geração, porque é o que eu tenho falado e eu vou insistir novamente, você não pode defender uma Amazônia, você não pode defender a sua casa, o seu canto, o seu bairro, o seu país sem conhecer a sua história e você só pode defender o que ama e você só pode amar o que conhece”, definiu Wanda. 

A contadora de histórias Joana Chagas, conheceu o escritor e se considera profunda admiradora das obras e da pessoa de Benedicto. “Ele te faz viajar pelas águas dos rios da Amazônia, te faz viajar nos festejos religiosos que acontecem na Amazônia e te trazem de volta para o mundo sem que reflexões, porque ele é essa pessoa que te atravessa e te leva com ele para andar pelas águas, né? Ele era uma pessoa extremamente sensível e caridosa, humilde dentro do papel dele enquanto escritor. Poderia ter outras vaidades, mas não, ele era uma pessoa simples, tanto que era muito acessível chegar para ele. Eu sou apaixonada pela literatura dele. E ele é um escritor que requer tempo. Com isso e silêncio para você degustar a literatura dele, é maravilhoso”, elogiou a leitora.

Debates sobre Amazônia - A mesa redonda pontuou ainda como o escritor se importava com os discursos sobre a preservação da Amazônia, tanto que entre as obras de Benedicto Monteiro, está a tetralogia amazônica composta por Verde Vagomundo, O Minossauro, A Terceira Margem e Aquele Um , que é reconhecida e prestigiada não só no Brasil, mas, como no exterior.  

“Ele traz nas suas obras muito do que é a nossa realidade na Amazônia. Ele fala sobre as questões ambientais, mesmo num tempo que dista desse momento. Então, para a gente essa é a maior importância e o que nos liga a obra de Benedito”, comentou Aiyra Amana Tupinambá - contadora e pedagoga. 

Wanda Monteiro destacou que o autor já debatia o assunto com a mesma atenção atual. “Ele sempre disse que era urgente essa defesa da Amazônia, mas a perspectiva que o Bené tinha da Amazônia não era essa perspectiva de um acadêmico regrado num ecossistema. Ele também, ele questionava muito. Dos projetos pensados para a Amazônia não inserirem dentro a preocupação com o amazônida, aquele que vive dentro da Amazônia, que é o quilombola, que é o indígena, que é o ribeirinho e que é o homem, o humano que está na periferia ou na própria cidade. Todos têm que estar focados em como resolver esses problemas da sustentabilidade, da permanência dos nossos rios, da proteção das nossas florestas, da nossa fauna, da nossa flora. A gente tem que colocar na cabeça dessas crianças para que elas conheçam o que é nosso, para que elas possam ter algum tipo de recurso, ferramenta de educar seus filhos, se autoeducar, para proteger a natureza, protegendo a si mesmo”, destacou Wanda Monteiro.