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FEIRA DO LIVRO E DAS MULTIVOZES

'Confluências Quilombolas' é tema do papo cabeça desta quarta, 21, na Arena Multivozes

O momento busca impulsionar a democratização do acesso à leitura, sobretudo, incentivando a educação, que é a principal ferramenta de luta e defesa dos territórios quilombolas

Por Giovanna Abreu (SECOM)
21/08/2024 22h15

Os convidados do papo cabeça "Confluências Quilombolas", que aconteceu na manhã desta quarta-feira, 21, vieram da comunidade quilombola Oxalá de Jacunday, em Moju, no Pará. Com o intuito de fortalecer a luta por direitos e ecoar narrativas aquilombadas, com histórias, arte e comunicação ancestral, a programação da Arena Multivozes celebrou o dia dedicado às 'Vozes da Ancestralidade'. 

Samilly Valadares, palestrante, artista, ativista quilombola e psicólogaA ativista quilombola e psicóloga Samilly Valadares, convidada para o evento, ressalta a importância de promover debates e trocas com essa temática em um espaço como a Feira, que busca impulsionar a democratização do acesso à leitura, sobretudo, incentivando a educação, que é a principal ferramenta de luta e defesa dos territórios quilombolas.  

"Aquilombar é uma potência ancestral de chamamento e de resistência. Nós, quilombolas, somos guardiões da terra, nós somos responsáveis por lutar e por existir ancestralmente. Então, aquilombar é um chamamento para luta, para o fronte, para a confluência de saberes e fazeres na Amazônia e em todo o Brasil. E o tema do papo cabeça é justamente confluências quilombolas, que refletem nosso compromisso ancestral e também possibilitam formas de construir novos mundos possíveis", enfatizou Samilly.

Lucilene Beltrão - professoraA professora Lucilene Beltrão acompanhou mais de 30 alunos da Escola Padre Marcos Schawalder, de Marituba, para participar da programação. "Ver o brilho nos olhos de muitos estudantes tendo a oportunidade de vir, pela primeira vez, na Feira do Livro é muito gratificante pra mim, enquanto professora. E ainda ficamos muito felizes com a programação do dia, porque eles já têm contato com a teoria sobre quilombos, mas poder ouvir quilombolas, conhecer a palhaçaria quilombola, foi incrível", destacou. 

O papo cabeça, intermediado pela historiadora Izabela Nascimento, promoveu também a intervenção artística do Coletivo Perpetuar, criado em 2018, com palhaçaria quilombola. A artista Keyse Valadares, que interpretou a personagem "Squik" durante a apresentação, explicou a importância da iniciativa para o Quilombo. 

"O projeto é uma iniciativa coletiva que visa o conhecimento das identidades, ancestralidades e territorialidades quilombolas, por meio da arte, cultura e educação. Lá, a gente trabalha diversos segmentos, inclusive, a democratização do acesso à leitura no quilombo. Criamos a primeira biblioteca comunitária do território de Jambuaçu. A gente busca uma educação contextualizada na nossa realidade, uma educação quilombola de fato, de qualidade dentro dos nossos territórios", pontuou artista. 

A acadêmica de enfermagem Juliana Meireles pontuou a necessidade de debate sobre o tema dentro de uma Feira do Livro que reúne crianças, adultos e idosos. "A ideia aqui não é somente propagar e discutir sobre as lutas de quilombolas, mas entender o quanto esse debate pode fazer  a diferença na nossa construção enquanto pessoa", finalizou.