Seduc e APO alertam sobre riscos de “exames de vista” em escolas

Por determinação do secretário adjunto de Ensino da Secretaria de Estado de Educação, Roberto Silva, as escolas públicas estaduais em Belém e no interior do Estado são orientadas a não realizar “exames de vista” de forma gratuita, com outros profissionais que não sejam médicos oftalmologistas. Essa orientação é justificada pelo fato de que a Associação Paraense de Oftalmologia (APO) tem recebido denúncias de que alguns estabelecimentos de ensino na capital do Estado têm confiado na eficácia do profissional não médico para os exames periódicos de saúde visual, resultando na colocação de óculos como a solução dos problemas.

“Uma espécie de ‘venda casada’ que contraria os postulados éticos da profissão. Quem prescreve não pode vender e quem vende não pode prescrever”, afirma a APO em documento encaminhado à Seduc.

De acordo com a APO, ”prestar serviços de avaliação visual para o público em geral, diagnosticando, corrigindo e prescrevendo soluções ópticas para compensar ametropias, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, é função exclusiva do médico oftalmologista e somente ele poderá exercê-la”.

Visão

A deficiência visual atinge 35,7 milhões de brasileiros, de acordo com o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Alguns indicadores da baixa visão podem ser identificados em sala de aula, como a aparência dos olhos, o tremor da pupila, andar hesitante, falta de sentido de direção ou dificuldade para localizar objetos. Alguns estudantes chegam a esfregar os olhos, franzem a testa, inclinam a cabeça para frente para ver um objeto próximo ou distante e possuem atitudes resultantes de problemas visuais, e que precisam de imediato, de uma avaliação médica.

A condição visual de alunos que apresentam tais dificuldades dificulta o processo de aprendizagem, podendo causar desinteresse para com as disciplinas e chegando até fazer com que o estudante abandone os estudos.

A funcionalidade da visão é conferida por meio de exames que devem ser realizados por profissionais que congreguem os conhecimentos da área médica sobre o globo ocular, e jamais deve ser verificada por pessoas não habilitadas. Em um exame de vista, feito por qualquer profissional que não seja médico oftalmologia, não habilitado técnica e legalmente a prestar esse serviço à população, poderá deixar de detectar várias doenças oculares ou sistêmicas graves, inclusive o risco de cegueira. São mais de 3 mil doenças relativas ao globo ocular.

(Com a colaboração com Bianca Pacheco)