Emater apoia famílias da Área de Proteção Ambiental em Tucuruí em acesso a crédito
Recursos do Banpará-Bio garante sistemas de irrigação a partir de poços artesanais, para assegurar água necessária no período de escassez das chuvas
Neste começo de agosto, via projetos elaborados pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), dois agricultores que vivem na Área de Proteção Aambiental (APA) do Mosaico Lago de Tucuruí, em Tucuruí, no sudeste paraense, receberam, cada um, R$ 30 mil de crédito rural do Banpará-Bio, programa de financiamento do Banco do Estado do Pará (Banpará).
Os recursos estão servindo para a instalação de sistemas de irrigação a partir de poços artesanais, de modo a garantir o cultivo de hortaliças durante o verão, quando há escassez de chuva na região. De acordo com estimativa dos especialistas da Emater, sem água suficiente a produtividade no período chega a diminuir em 80%.
“O atendimento da Emater à agricultura familiar dentro das Apas subentende a tradição de convivência e conjugação dos objetivos de preservação ambiental e dignidade humana. A floresta não é uma bolha, um ambiente isolado: quem ocupa o espaço, vive ali, tem o direito da subsistência e do trabalho. A Emater atua a favor de uso racional dos recursos naturais em atividades sustentáveis, não-predatórias, integrativas”, considera o chefe do escritório local da Emater em Tucuruí, o técnico em aquicultura Jurandir Trindade.
Um dos propósitos imediatos ante a difusão tecnológica e consequente ampliação das estruturas é a participação em mercados governamentais tais quais Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Os agricultores atendidos de forma direta pela Emater e beneficiados agora com o Banpará-Bio são Fabrício Fernandes, de 33 anos, e Edney Almeida, de 46 anos.
Almeida conta que os meses de estiagem, sobretudo junho e julho, “machucam com gosto”: “Por isso a irrigação muda tudo, porque permite colheita o ano inteiro, em vez de só no auge dos seis meses de inverno”, explica. A preocupação com a salvaguarda de colheita é maior porque a família já abastece a merenda escolar, sob uma demanda contínua.
Na propriedade Vale do Tocantins, uma área de quase cinco hectares, existe plantio significativo de abóbora, maxixe, pepino e quiabo, entre outros produtos. Só de banana das variedades “maçã” e “pratinha”, ainda, são 600 pés.
Nas palavras de Almeida, a Emater é como se fosse “um pai”: “Está sempre presente, ajuda com tudo, é a maior parceria que nós temos”, resume.
Há dois anos, o agricultor trocou a rotina de duas décadas de motorista de rodocaçamba e rodotrem para se dedicar completamente à trajetória no campo. “Não digo que consigo ganhar muito mais na agricultura, mas posso dizer que nunca senti saudade do meu salário de motorista. O que lucro aqui é o que eu ganhava lá e pra mais, e o céu é o limite”, calcula.
Ele destaca a vantagem da qualidade de vida: “Antes eu passava três meses longe; hoje estou em casa, perto das pessoas que amo”, diz o marido da também agricultora Maria Helena Souza, de 43 anos, e pai de três filhos (um de relacionamento anterior).
Texto de Aline Dantas de Miranda