Agricultores de Curralinho profissionalizam produção do açaí para atender escolas
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) orienta sobre as boas práticas desde o cultivo do fruto ao processamento da polpa
De acordo com avaliação de especialistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), a recém-inaugurada unidade de processamento de polpa de frutas da Cooperativa Sementes do Marajó, em Curralinho, é a mais moderna estrutura do segmento em toda a região da Ilha do Marajó. O eixo inicial é sobre o açaí procedente do trabalho de 124 famílias de 15 comunidades na várzea dos rios Canaticu, Piriá e afluentes.
O alimento higienizado e embalado conforme os parâmetros da legislação vigente está abastecendo a merenda escolar do município e o dia a dia de crianças e adolescentes beneficiários de programas sociais de organizações não-governamentais (ONGs).
Os cooperados fornecedores são todos agricultores diretamente atendidos pelo escritório local da Emater, com orientação sobre extrativismo e manejo, apoio às organizações sociais, crédito rural e inserção em mercados governamentais.
De acordo com a Emater, o açaí produzido se destina às crianças e adolescentes consumidores, estudantes da rede pública, no contexto do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), ou participam de ações solidárias dos projetos Criança Alegria, Marajó Criança e da Paróquia São João Batista, no entendimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Em funcionamento desde o fim de junho e o início de julho, sob o apoio de Emater e parceiros e na escalada da safra, a tecnologia inovadora e os equipamentos de ponta ocupam uma área de 165 m² no bairro Marambaia, com capacidade de preparação de uma tonelada de açaí por dia.
“No caso do PAA, vem pela Aprepi [Associação dos Pequenos e Médios Agricultores, Extrativistas e Pescadores do Rio Ipanema], todos atendidos pela Emater, com açaí médio processado na Unidade da Sementes do Marajó, para mais de 800 crianças e adolescentes”, explica o chefe do escritório local da Emater em Curralinho, Artemas Ribeiro, engenheiro florestal.
Sobre com o acompanhamento da Emater, a Cooperativa Sementes do Marajó existe há dez anos: nesse período, aumentou a adesão em quase 250% - dos 36 cooperados fundadores para os atuais 124.
O diretor-presidente da Entidade, Carlos Roberto Baratinha, reforça a importância da Emater na dinâmica e afirma que a Unidade de Processamento serve não só para açaí: o objetivo é aos poucos ampliar para outras frutas da agricultura familiar paraense. Uma das etapas mais imediatas é a certificação, como o Selo Artesanal, a partir da Agência de Defesa Agropecuária (Adepará).
“É um projeto-piloto. Depois vamos adaptando. A Emater tem um papel fundamental, importante parceira, estamos cuidando das certificações, a Emater realiza capacitações, mobiliza as comunidades, emite cafs [cadastros nacionais da agricultura familiar] individuais e jurídicas. A Unidade é um espaço qualificado para processar o açaí com qualidade, com segurança, seguindo os protocolos sanitários. Além do PAA e do PNAE, o excedente também é comercializado”, explica a Liderança.
Crédito Rural
Estratégia fundamental para a cadeia produtiva do açaí, o crédito rural tem servido sobretudo ao manejo dos açaizais nativos, o que aumenta a produção e a produtividade. Para as próximas semanas, a Emater prevê a liberação de cerca de R$ 150 mil em recursos totais da linha Banpará-Bio, daquele agente financeiro, com contemplação de 12 famílias. Cada família possui, em média, de 10 a 15 hectares.
Texto de Aline Miranda