Hospital Galileu alerta sobre automedicação de anti-inflamatórios e hormônios do sono
Hospital observa que medicamentos ‘inofensivos’, como as 'canetas de emagrecimento’ oferecem riscos de intoxicação e problemas renais
Instigados pelo ‘boca a boca’, na internet ou mesmo por campanhas publicitárias, está cada dia mais comum pessoas usarem medicamentos da ‘moda’ ou os ‘inofensivos’, por se inspirarem em exemplos alheios. São canetas emagrecedoras, substâncias do sono, anti-inflamatórios e até os analgésicos, sem a devida orientação profissional. A prática pode levar a sérios problemas de saúde, chegando até a morte. Como forma de orientar a população sobre o assunto, o farmacêutico do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém, alerta sobre os riscos.
A automedicação é mais comum do que parece. Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox/Fiocruz), apontam que anualmente são registrados mais de 30 mil casos de internação por intoxicação medicamentosa, com cerca de 20 mil mortes no Brasil. Levantamento do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) feito em 2022 revelou que 89% das pessoas se automedicam no Brasil.
“A automedicação nada mais é que a prática de utilizar medicamentos por conta própria, sem passar por um profissional de saúde capacitado para indicar a substância correta para tratar os sintomas e orientar sobre o uso e seus efeitos adversos. Os perigos estão justamente no uso inadequado e não indicado dos medicamentos, podendo sempre 'mascarar' problemas de saúde sério”, explicou Simão Pessoa, farmacêutico e responsável técnico do HPEG.
O profissional observa que os medicamentos mais comuns usados sem receita são os analgésicos, anti-inflamatórios, remédio de emagrecimento e até mesmo antidepressivos mesmo que muitos desses, são vendidos mediante receita médica.
Inofensivos
A atriz Klara Castanho foi uma vítima de automedicação. A artista postou em suas redes sociais que após ter tomado um anti-inflamatório sem prescrição médica teve uma reação alérgica ao produto usado para conter uma dor na garganta. Mas, em seguida, apresentou sintomas de intoxicação. Ficou com rosto inchado e o corpo inteiro lesionado por manchas e bolhas.
“Medicamentos considerados "inocentes" não deixam de ter seus riscos. Temos o exemplo do paracetamol, que em um uso diário excessivo, pode causar problemas hepáticos e intoxicação. A Aspirina é contra indicada nos casos de suspeita de dengue, pois pode agravar o quadro de hemorragias. O diclofenaco em excesso pode causar problemas renais graves em uso excessivo”, alertou Simão Pessoa.
Medicamentos da moda
Nos últimos anos, estourou o uso de medicamentos à base de Semaglutida, as ‘canetas de emagrecimento’, substância para o tratamento do diabetes tipo 2, que devido aos bons resultados na perda de peso, passou a ser usada “off label” para pessoas com obesidade.
Diversas famosas, como Jojo Todynho, Luiza Possi, Rebel Wilson, Sharon Osbourne e Whoopi Goldberg, confessaram o uso. Mesmo o medicamento tendo alto valor no mercado, em meados de 2023, por exemplo, ele esgotou nas farmácias. Para ser comprado não há necessidade de receita médica.
“As canetas de emagrecimento, quando não usadas com orientação médica e farmacêutica, têm o maior risco de causar hipoglicemia e, por consequência, um perigo maior de desmaio e evolução a óbito, dependendo da situação”, frisou Simão Pessoa.
O profissional também destaca como os medicamentos da "moda" os estimulantes sexuais. “Eles podem causar palpitações excessivas podendo evoluir até a um infarto, agravado ainda mais quando o uso em conjunto de drogas ilícitas, álcool e alguns energéticos”, destacou o farmacêutico.
Outro medicamento que tem sido bastante usado é a melatonina. “Apesar de ser um hormônio natural do sono em nosso organismo, o excesso pode causar sonolência durante o dia, movimentos e pensamentos mais demorados que o normal, podendo a pessoa causar ou sofrer acidentes pelos seus efeitos”, destacou.
Riscos - Simão Pessoa observa que a intoxicação por medicamentos, é a mais comum entre os sintomas provocados pelo uso sem orientação, já que todos possuem doses e posologias adequadas. “Porém, pode ocorrer de mascarar doenças mais graves como hipertensão, infecções graves e a temida resistência bacteriana, por uso indiscriminado de antibióticos por conta própria, no qual, simples infecções que poderiam anteriormente serem tratados com antibióticos simples, hoje necessitam de antibióticos mais potentes na atualidade”, pontuou.
Fitoterápico e o tradicional- O profissional também faz um alerta sobre os remédios fitoterápicos e os tradicionais. “A maior diferença está na sua forma de eficiência e matéria-prima, os tradicionais (ou alopáticos) são obtidos através de qualquer fonte disponível na natureza, porém seu grau de eficiência é superior aos fitoterápicos, onde estes são obtidos de matéria-prima exclusivamente vegetal, mas que têm efeitos adversos tão graves, quando comparados aos tradicionais”, explicou Simão. “Exemplo, as cápsulas de alho ou o próprio chá de alho, quando usado em excesso e sem orientação, podem aumentar o tempo de sangramento de uma pessoa”, finalizou o farmacêutico.
Perfil - A unidade do Governo do Estado é administrada pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA). "Como instituição de saúde pública, temos a missão de alertar a população de situações que suas vidas possam ter riscos, assim evitando doenças e problemas coletivos, colapsando o sistema", comentou Liliam Gomes, diretora executiva do HPEG.
O Hospital Galileu oferece através da Secretaria de Estado de Saúde Pública os serviços de ortopedia, cirurgias em fraturas de baixa e média complexidade, exceto fraturas de fêmur, quadril, coluna e próteses. São realizados no HPGE procedimentos em fratura diafisária da tíbia, fratura distal do antebraço e mão, osteomielite crônica e aguda.
Texto de Roberta Paraense / Ascom Hospital Galileu