Curso gratuito de inglês amplia horizonte de trabalhadores do Pará
Aulas ministradas pelo programa Capacita COP30 garantem qualificação profissional e satisfação pessoal para trabalhadores de diversas áreas
Em 2009, quando a capital paraense, Belém, sediou o Fórum Social, Fábio Souza aproveitou para fazer uma renda extra com a venda de alimentos, junto com seu pai. E o negócio deu muito certo, como Fábio falava inglês, ele conseguia se comunicar bem com os visitantes e por isso conseguiu se destacar na venda, mais que os demais ambulantes, que esbarraram na falta de um segundo idioma.
“Eu já falava inglês naquela época e a língua estrangeira foi um diferencial no trabalho de venda de comida e água, junto ao meu pai, porque eu me comunicava com as pessoas de outros países e conseguia vender mais que os outros”, relembra Fábio.
O contato com outras culturas marcou a vida do paraense, que decidiu se aprimorar na língua inglesa. Fábio estudou e se tornou professor, profissão que exerce há 14 anos. Agora, com a proximidade da COP30, ele pensou que poderia ajudar aqueles que, como ele no passado, vão depender do idioma para atender melhor as pessoas que não falam português.
“Na época do Fórum não havia uma preparação das pessoas que estavam dando apoio ao evento, por isso que quando veio o anúncio da COP esta memória voltou à minha mente. Eu já ensino inglês há bastante tempo, então me inscrevi para dar aulas porque eu sei que posso estar contribuindo de alguma forma”, destaca o professor.
Capacitação profissional
Fábio se inscreveu para ensinar inglês dentro do programa “Capacita COP 30”, uma iniciativa do Governo do Estado e 20 entidades parceiras que oferta 67 cursos nas áreas de Turismo, Produção de Alimentos, Infraestrutura e Segurança do Trabalho, com objetivo de qualificar a mão de obra local para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece em novembro de 2025, em Belém.
Para a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, presidente do Comitê Estadual da COP 30, o programa de capacitação ofertado pelo Estado irá elevar a mão de obra paraense a um novo patamar. “Os turistas poderão ver que estamos preparados para receber esse e outros grandes eventos. Por isso, é tão importante levar capacitação e desenvolver a mão de obra local. Vamos aliar a simpatia e o carisma do paraense às estratégias do mercado e de receptividade”, destaca a vice-governadora.
Mais de 12 mil pessoas aproveitam a oportunidade de estudar de graça em quatro polos do Capacita COP 30 localizados na Região Metropolitana de Belém; Santarém; no Marajó e; na Região do Salgado. Dentre os cursos ofertados o mais procurado é o de inglês, onde pessoas como Fábio fazem a diferença para trabalhadores que estão ávidos a aprender um segundo idioma.
“É uma satisfação muito grande poder ajudar, de certa forma, todos de Belém, de diversas áreas, a estarem preparados para receber as pessoas que virão para a COP”, destaca o professor.
As aulas ministradas por Fábio são para uma turma de 15 alunos formada por ribeirinhos que trabalham fazendo a travessia de barco para a ilha do Combu e profissionais de segurança privada. Todos recebem atenção individual e as aulas focadas na conversação são adaptadas para o dia a dia destes estudantes.
Ribeirinhos bilingues
Rayane Goes, cobradoraRayanne Góes mora na ilha do Maracujá e trabalha como cobradora em uma das embarcações que levam turistas à região das ilhas - um destino cada vez mais procurado por turistas. “Já aconteceram algumas situações da gente não falar a língua deles, aí usávamos aplicativo de celular para traduzir. Agora falando inglês vai ser muito melhor, né? A gente vai poder ajudar a identificar um restaurante, um espaço de lazer, então o curso será muito benéfico pra gente”, conta.
Jéssica Telles é bilheteira da cooperativa dos barqueiros do Combu e também acredita que as aulas vão ajudar a lidar com os visitantes. “É um conhecimento muito bom para nós, vamos precisar bastante, principalmente na COP porque virão muitos turistas. Já temos uma demanda de turistas que vão para o Combu e geralmente a gente se comunica por mímica, mas com esse curso a nossa comunicação será melhor”, destaca a jovem, que já havia estudado inglês no passado, mas, sem possibilidade de continuar os estudos, acabou abandonado as aulas.
Jessica Telles,Bilheteira“Quando mais nova eu já havia feito um curso, mas agora conseguimos estudar de graça junto com os colegas da cooperativa e está sendo maravilhoso. Tem horas que a língua trava, mas a gente dá um jeito. Estudar inglês não vai servir apenas para a COP, mas vai ajudar muito na nossa vida pessoal mesmo, porque vamos poder até trabalhar em outros lugares”, revela Jessica.
Lucas Felipe é piloto, e está acostumado a navegar pelos rios da Amazônia levando grupos de turistas. Agora, graças ao Capacita COP 30, vai poder finalmente se comunicar com eles. “É uma língua diferente, uma experiência nova e eu me sinto muito feliz de fazer parte disso. Antes o cliente chegava falando inglês e a gente ficava olhando para a cara dele, sem entender anda. Agora eu vou poder dar um bom dia, dialogar um pouco, falar para eles colocarem o colete, que é uma das principais coisas que a gente tem que aprender”, explica o piloto.
Linha de frente poliglota
Fábio Souza, professorAlém dos barqueiros do Combu, a turma do professor Fábio é formada por profissionais que atuam no mercado de segurança privada desarmada. Estes trabalhadores são constantemente procurados por turistas durante shows e eventos públicos, porque essas pessoas se sentem mais confortáveis para pedir uma informação ou orientação a um profissional fardado e identificado.
“Estamos na linha de frente. As primeiras perguntas e informações sempre são para a segurança”, explica Thayse Pojo, que trabalha na área de RH de uma cooperativa de segurança privada. “E como a COP30 está vindo aí, esta é uma excelente oportunidade para aprendermos um pouco mais, desenvolver mais a língua. O inglês sempre foi uma coisa que me chamou atenção, e mesmo depois da COP eu pretendo continuar estudando”, disse.
Eduardo Loureiro inspetor, segurançaPara Eduardo Lourenço as aulas tem sido uma experiência desafiadora. “Inglês é um pouquinho complicado para quem está iniciando, mas é aquela coisa: a gente precisa errar para poder aprender, né? A aula está sendo maravilhosa e o professor explica direitinho pra que a gente perca a vergonha e poder falar aqui entre os colegas. Até a COP estaremos qualificados e sabendo falar certinho, vamos fazer o nosso melhor para poder apresentar o nosso Estado para o Brasil e para o mundo nessa COP”, afirma.
Serviço: Para mais informações sobre os cursos do programa Capacita COP30 acesse capacitacop30.pa.gov.br