Segup discute masculinidade tóxica com jovens em rodas de conversa
Durante quatro dias, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), por meio da Diretoria de Políticas de Segurança Pública e Prevenção Social (DPS), promoveu o primeiro ciclo de rodas de conversa sobre masculinidade tóxica para jovens de dez bairros da capital. Os encontros aconteceram nas Usinas da Paz do Guamá, Bengui, Terra Firme e na Escola Salesiana da Pedreira.
Encerrado nesta sexta-feira (21), as rodas de conversas tiveram como objetivo orientar, conscientizar e, principalmente, despertar em jovens a partir dos 14 anos a questão da masculinidade tóxica e suas problematizações. Ao todo, participaram cerca de 50 jovens por rodada, além de agentes do Sistema de Segurança Pública e da Secretaria de Estado da Mulher (SEMU).
Este primeiro ciclo aconteceu no âmbito do Programa Pró-Mulher Pará que coíbe a prática da violência contra mulher no Estado há dois anos, explica o secretário titular da Segup, Ualame Machado.
"Há dois anos que estamos atuando com o Pró-Mulher no atendimento às mulheres vítimas da violência doméstica, conseguindo intervir em diversas situações em que as vítimas sofriam abuso, corriam riscos com o agressor por perto. Preventivamente este ciclo complementa ao orientar jovens sobre a problemática da violência contra a mulher e como a masculinidade está ligada a este cenário. Daí a importância de trazer a discussão com esta juventude”, afirma Ualame.
Nas rodas de conversa foram abordados, ainda, os canais de denúncia que o Estado disponibiliza para este tipo de prática. Para a escolha dos bairros, a equipe técnica da DPS/Segup utilizou critérios de acordo com os indicadores na Região Metropolitana. A ideia é mitigar entre os jovens tais práticas, especialmente aqueles em contextos vulneráveis, em que a masculinidade tóxica pode levar a comportamentos de risco e envolvimento em atividades criminosas.
“A masculinidade tóxica impõe um peso significativo sobre os homens, incentivando a supressão de emoções e a resistência a buscar ajuda, o que pode resultar em sérios problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Ela não impacta somente os homens; ela perpetua uma cultura de sexismo que prejudica as mulheres e outras minorias de gênero. Desconstruir essa mentalidade pode promover abordagens mais pacíficas e eficazes na resolução de conflitos, melhorando a interação com a comunidade e permitindo que os agentes de segurança conquistem a confiança e a cooperação da comunidade”, destacou o diretor da DPS/Segup, tenente-coronel Castro Alves.
Para a estudante do 9º ano, Ana Clara, a importância do tema na escola serve de alerta para meninos e meninas. “Uma roda dessa aqui na escola torna-se importante porque vários meninos às vezes fazem algumas coisas e não percebem, né? É difícil não perceber, né? Mas algumas coisas acontecem. E para as meninas verem também o que pode estar acontecendo com elas, também outras pessoas passam e elas podem pedir ajuda”, considerou.
Agentes de segurança como multiplicadores
Foram convidados para a temática os profissionais de segurança pública que atuam nas Usinas da Paz. O intuito é que os agentes sejam multiplicadores da temática, uma vez que são considerados modelos para a comunidade e ao exibirem atitudes que repudiam a nociva masculinidade tóxica.
"Eles podem impactar os jovens e outros integrantes da sociedade positivamente, difundindo princípios de respeito, empatia e equidade. Assim, debater a desconstrução da masculinidade tóxica é fundamental para construir uma sociedade mais segura, saudável e justa para todos os indivíduos”, finalizou o diretor da DPS.